Capítulo 45

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Valentina entrou correndo na casa onde Juliana estava; estava desesperada, não conseguia pensar em mais nada. Escapou do primeiro homem e invadiu a janela. Quarto errado. Mas ela não podia desistir. Havia um colchão no chão ali, e ela sabia que não havia um resquício de Juliana por lá. O cheiro dela estava longe dali. Precisava encontrar a garota de qualquer forma. Mas haviam tantos homens ali. Ela precisava escapar de todos.

Não podia fazer barulho.

Três homens armados passaram no corredor.

- O que acha que Chino vai fazer com a garota?

Valentina arregalou os olhos. Estavam falando de Juliana.

- Ele podia deixa-la conosco por um tempo. Apenas por diversão. Se ele pelo menos saísse daqui por meia hora...

Valentina queria vomitar. Estavam falando do amor de sua vida daquela forma, aquilo era inaceitável. Ela se manteve parada no lugar, sendo obrigada a ouvir a maldita conversa.

- Ela deve estar dormindo agora.

- Ela só consegue dormir quando Francisco está lá.

- Ele está muito bonzinho para o lado dela. Deve estar querendo alguma coisa.

- Acho que ele só está sendo bonzinho mesmo.

- Depois de anos com Chino, eu não acredito na bondade de ninguém.

Valentina não sabia quem era quem falando, não fazia ideia, só escutava as vozes, uma mais grave que a outra. Enquanto os passos iam se afastando. Precisava encontrar Juliana. Mas como diabos faria isso senão fazia ideia de onde estava? Fora uma péssima ideia ignorar todos os avisos dos policiais e entrar na casa sozinha, ela sabia disso. Mas nada mais importava além de Juliana.

Ela iria encontra-la, custe o que custasse.

Entrou em outro quarto. Nada de Juliana.

Inferno, aquela casa era cheia de quartos.

Na terceira tentativa, entrou no quarto do outro lado do corredor. Ouviu o barulho de tiro e um grito. Muito alto. Olhou envolta e a razão de toda a sua paz estava ali. Por Deus, Juliana estava caída sobre um colchão, de qualquer jeito, com as roupas imundas e marcas de sangue seco pelo rosto.

- Mi amor. – Foi tudo o que ela conseguiu dizer enquanto se ajoelhava diante de Juliana.

Ela tinha os olhos fechados, respirava fundo demais, mas com tanta fraqueza que Valentina sentiu o coração cortado.

- Eu vou te tirar daqui.

Foi quando Juliana abriu os olhos; encontrou aquele mar azulado e sorriu. Sorriu como se um tiroteio não estivesse acontecendo do lado de fora daquela casa, como se nada mais existisse. Se jogou nos braços de Valentina, ignorando qualquer outra coisa no mundo, e foi segurada com tanta firmeza que a dor em seu corpo parecia ter ido embora.

Paz. Finalmente.

E então ela acordou, como sempre.

Seus sonhos bons nunca duravam muito. Valentina a encontrava e então ela acordava, como um lembrete de que talvez ela nunca fosse sair dali.

A única coisa que lhe dava paz, era o exato momento em que sonhava com Valentina; quando fechava os olhos, esquecia o lugar fedorento em que estava largada, não pensava nas dores por todos os cantos de seu corpo e muito menos na fome que sentia. Quando sonhava com Valentina, não havia mal algum no mundo; seu coração se enchia de felicidade e esperanças. E desde a ligação que conseguira fazer para a dona dos olhos mais azuis do mundo, ela estava repleta de esperanças.

Eso És Amor | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora