Capítulo 12

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Juliana não estava conseguindo se concentrar em nada. Absolutamente nada. Estava sentindo o corpo elétrico, cada segundo era uma lembrança das mãos de Valentina em seu corpo na manhã anterior. Foi muito difícil se manter de olhos fechados quando as mãos de Valentina pareciam tatear seu corpo. Ela sabia que a garota estava dormindo, porque estava suspirando e não abria os olhos de maneira nenhuma, afinal... Valentina não tinha por que estar acariciando seu corpo daquela maneira acordada.

Não que fosse algo absurdo também. Era como se ela estivesse apenas apreciando algo, mas suas mãos eram quentes, macias. Passaram por seu corpo quase inteiro, das coxas até a barriga, e Juliana podia jurar que passaram por seus seios. Mas não era nada sexual. Ou Juliana pensava que não.

Ainda assim, não conseguia parar de pensar.

Não conseguia parar de sentir, era como se a eletricidade estivesse movendo seu corpo, cada suspiro era um arrepio, cada segundo uma lembrança. O jeito que ela respirava, o jeito que sorria, Juliana só conseguia pensar em Valentina. Estava ficando louca. Não havia acontecido nada demais. O que estava acontecendo, então?

Porque não parava de pensar em algo tão simples como acordar ao lado de Valentina? Provavelmente porque Valentina havia passado a mão por todo o seu corpo, de forma suave, sutil e até terna. Mas se não tinha nada sexual... Qual era o problema? Nenhum. Valentina não saía de sua cabeça.

Servia as mesas no automático, mas cada toque em seu braço fazia o toque de Valentina gritar em sua pele, como se ela ainda estivesse lá. Cada pessoa que a chamava, não era Valentina, mas Juliana queria que fosse. O grupo de adolescentes estava lá, como sempre, tomando o mesmo café–da–manhã de sempre, conversando, rindo, sendo apaixonados. Era bonito de ver.

E as coisas pareciam ter melhorado em questão de poucos dias para o casal de rapazes, já que eles estavam brilhando, iluminados. Sorrindo tanto que dava para ver de longe.

– Julie, mesa cinco.

Juliana voltou a servir as mesas, e Valentina não mandava uma mensagem. Só o bom dia. E não respondeu mais. Juliana sentiu um frio na espinha; será que as coisas estavam estranhas entre elas? Tinham tido uma manhã tão incrível, e Valentina nem mesmo sabia que Juliana havia sentido inteiramente todos os toques. Passaram a manhã rindo na cama, deitadas, contando piadas, histórias sobre suas vidas.

Era bom ter alguém para se abrir. Juliana descobrira que Valentina cantava melodiosa como uma princesa de conto de fadas e que ela queria mesmo ficar longe das empresas Carvajal. Descobrira que Eva, sua irmã mais velha, era uma megera que havia abandonado Valentina bêbada no meio da rua, por estar com vergonha do que aquilo poderia ser para a família Carvajal.

Guillermo parecia um cara incrível, apaixonado por Renata, preocupado; mas ele e Eva não se entendiam e consequentemente todos eles ficavam longes um do outro. E Valentina vivia sozinha naquela mansão enorme, não era de se admirar que ela achasse no álcool um refúgio. A falta de carinho e as perdas recentes faziam isso. Resultavam nisso.

E o namorado babaca não ajudava em nada.

E os amigos piores ainda.

Valentina merecia muito mais do que aquilo tudo.

Juliana também descobrira que Valentina gostava de assistir filmes de terror, mas que morria de medo. E que sua pipoca tinha que ter manteiga sempre. Valentina gostava de flores, mas nunca tinha ganhado nenhuma que não fosse por motivos tristes. Valentina merecia flores por apenas existir.

Cada detalhe de Valentina lhe importava.

Mas ela também lhe contara muito sobre seu passado. Seu pai drogado e alcoólatra, procurado por facções, sua mãe alcoólatra perdida por causa de seu pai. Como Chino as havia abandonado sem olhar para trás, mas depois voltara arrependido buscando sua mãe. Como sua mãe demorara demais para se recuperar e agora estava feliz com Panchito.

Eso És Amor | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora