Juliana passou o dia inteiro servindo mesas, com o corpo coçando, mas era uma coceira por dentro, parecia queimar, deliciosamente. Não conseguia prestar atenção em muita coisa. Por Deus, Valentina estava encostada no balcão. Ficou o dia inteiro sentada lá, pedindo comida, suco, tocando em Juliana em todas as oportunidades, sempre querendo conversar quando via que a morena estava livre. Segurando sua mão, mexendo em seu cabelo. Cada toque de Valentina era como eletricidade.
E ela ficou o dia inteiro mesmo com Juliana, não foi em casa, não reclamou de nada, não quis sair. Ficou sentada, as vezes andando pelo restaurante, trocando de lugar, conversando com a Dona Carmem. Mas sua atenção estava na maior parte voltada para Juliana. Sempre que ela encarava Valentina, estava sendo encarada de volta; mergulhada naquele mar azul.
E quando a noite chegou, Juliana ficou aliviada por ser a hora de fechar. Todos foram embora. Valentina ficou. Exatamente do mesmo jeito, encostada no balcão, inclinada na direção de Juliana, sorrindo e observando a morena enquanto ela guardava um copo recém seco. Juliana era tão bonita, de tirar o fôlego; tinha os olhos mais lindos do mundo inteiro. E aquele sorriso...
- Você é tão bonita, Juls.
Juliana estava secando um copo e apenas ergueu os olhos para Valentina, sorrindo.
- Você é muito bonita, Val. – E então fez um biquinho enquanto continuava falando. – Eu estou com a cara toda arrebentada, não é possível que esteja bonita.
- Te acho linda de qualquer forma.
- Obrigada.
Juliana terminou de limpar o balcão e foi passar um pano nos bancos, o que obrigou Valentina a sentar na bancada do balcão. A morena riu da escolha de Valentina, porque a garota podia simplesmente ter ficado em pé. Quando terminou de passar o pano, foi trancar a porta. Conhecendo Valentina como conhecia, sabia que elas ainda iriam demorar um pouco para ir embora, e precaução nunca era demais mesmo.
Enquanto observava Juliana terminar de arrumar as coisas atrás do balcão, Valentina saiu da bancada e andou pelo restaurante, queria se certificar de poder ajudar a amiga, então não poderia ter nada fora do lugar. Queria tanto poder tirar Juliana daquele lugar, ajudá-la a entrar na faculdade; mas toda vez que tentava conversar com a morena sobre ajudar, ela não queria saber e parecia até ofendida.
Valentina entendia, de fato, Juliana queria as coisas por esforço próprio. E conseguiria. Mais cedo ou mais tarde, Valentina tinha certeza de que Juliana conseguiria ser tudo o que queria; e ela iria morrer de orgulho. Mas tudo o que tinham, naquele momento, era Juliana trabalhando como garçonete, exposta. Podendo ser atacada de novo.
Valentina sabia que nunca se perdoaria se algo acontecesse com Juliana; nunca mais seria a mesma. Nada nunca mais seria o mesmo com ou sem Juliana, depois de Juliana, e ela só queria aproveitar cada momento ao lado da morena e todas as sensações boas que tinha ao lado da morena. E queria mantê-la segura.
Ela não estava segura trabalhando ali. Não com Andrés andando por aí; ela precisava fazer alguma coisa, mas havia prometido que não se envolveria... E nunca quebraria uma promessa com Juliana. Jamais. O que poderia fazer então?
- Val...
Virou para encarar a morena no momento em que o conhecido ritmo latino tomava conta do lugar. E Juliana já estava dançando em sua direção, sorrindo para ela. Parecendo tão feliz... Todos os seus pensamentos ruins foram embora como passe de mágica.
- O que é isso?
- Que?
Juliana estava ficando descalça. Valentina a encarou, incrédula, e gargalhou. A morena era adorável demais, não havia como escapar. E Valentina nem queria escapar, na verdade; quanto mais perto de Juliana, melhor.
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Eso És Amor | Juliantina
RomansaEram a mistura do oceano e um campo de flores, tão naturalmente ligadas que nem mesmo o destino poderia escrever linhas tão certas. As estrelas interferiram para promover o encontro, mas foi a lua que as manteve juntas. Sob o mesmo céu, tudo começou...