Capítulo 33

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Juliana agradeceu por ter conseguido sair do restaurante sem ser vista. Enquanto a chuva caía em sua volta, ela caminhava rumo à sua casa, ou pelo menos ela achava que era o caminho de casa. Foi reconhecendo alguns lugares pelo caminho. Que Valentina estivesse bêbada e com ciúmes, ela entendia; ora, ela também ficara se coçando de raiva ao ver a namorada nos braços de Lucho, mas não significava que ela deveria esquecer tudo o que foi dito.

E como Valentina praticamente a acusou de estar interessada em Sérgio. Como se fosse possível... Como se ela pudesse pensar em qualquer outra pessoa que não fosse a dona daqueles lindos olhos azuis. Era ridículo, na verdade. Mas ela estava tão magoada, que não queria olhar para Valentina tão cedo.

Ela nunca deveria ter ido naquele jantar, havia sido uma péssima ideia desde o começo, mas quando Sérgio disse que era tudo ideia de Valentina... Ela não queria perder uma chance de ficar perto da namorada. De sentir a pele dela, o cheiro dela.

Com passos lentos, ela começou a caminhar na chuva de volta para seu apartamento, ela estava ficando ensopada, mas naquele momento só sabia que sentia uma dor insuportável; uma dor que ela nunca sentira antes. Era mágoa com raiva, uma tristeza imensa. Como Valentina poderia pensar aquelas coisas dela?

Mesmo levada por álcool...

Que tola que ela fora... Se ela tivesse conseguido ser racional, nada daquilo teria acontecido; se ela tivesse conseguido se afastar quando deveria, nada aquilo estaria acontecendo. Mas a quem ela queria enganar? Ela não tinha escolha, não teve escolha; com Valentina, ela nunca poderia ser racional. Aquela garota mexia com todos os seus sentidos, e principalmente com seu coração. Estava triste, sim, mas não mudava o fato de que só queria abraçar Valentina e esquecer que tudo havia acontecido.

Chegar em casa nunca havia sido tão bom.

Juliana soube disso no momento em que atravessou a porta de seu quarto; as roupas pesavam ainda mais em seu corpo, não só por estarem ensopadas, mas por ela estar fisicamente exausta; emocionalmente exausta. Totalmente exausta. Com dificuldade, ela caminhou para fora de seu quarto, usando de passos lentos, e chegou a sala; estava uma bagunça e ela começou a arrumar como podia, apenas para matar o tempo. Era mecânico, e ela não se importava, só precisava fazer alguma coisa para não chorar.

Sua mãe estava com Panchito, como sempre, o que era ótimo. As pessoas mereciam ser felizes. Talvez ela já tivesse ultrapassado a cota de felicidade que lhe cabia, e agora era hora de voltar tudo ao normal. Deitada em sua cama, ela pensou em como o cheiro de Valentina estava em todo o lugar. E seu celular começou a tocar, ela reconhecia a música que havia colocado para quando Valentina a ligasse, e ela sempre saberia. Não queria falar com ela, mas queria muito, e precisava saber se ela estava segura.

- Oi.

- Juls, mi amor, aonde você está? Por favor, olha, me escuta, eu fui uma idiota. – Ela falava rápido demais, embolada, com a voz ainda marcada pelo álcool. – Por favor, onde você está? Preciso te ver. Por favor.

Como doía ouvir a voz de Valentina daquele jeito, mas elas não podiam conversar enquanto a garota estivesse alcoolizada, e Juliana não estava pronta para perdoar tudo o que tinha acontecido. Por mais que mal conseguisse lembrar do motivo de estar tão chateada. Valentina não parecia bem.

- Vale, é melhor conversarmos depois.

- Não, por favor.

O tom desesperado na voz de Valentina estava fazendo seu peito doer tanto que Juliana queria gritar. Mas precisava manter a calma, precisava respirar fundo e tratar Valentina com delicadeza.

- Você já está em casa?

- Sim. Posso ir aí te ver?

- Não Vale, hoje não.

Eso És Amor | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora