Valentina estava cansada. Exausta. Com uma dor de cabeça inexplicável. Na verdade, bem explicável, graças aos pelo menos dois litros de vodca que havia tomado ao longo do dia anterior. Queria apenas ficar o dia inteiro deitada, esquecer que o mundo existia e que quaisquer outras pessoas estavam na face da terra. Não poderia só ficar o dia inteiro deitada? Poderia. Daria a si mesma esse luxo.
O toque de seu celular interrompeu seus pensamentos no momento em que ela decidia tomar um banho. Era de um número desconhecido. Demorou para abrir.
"Val, é Juliana. De ontem à noite. Gostaria de saber se está tudo bem. Não sei se você vai lembrar de mim. Um beijo."
Juliana. Valentina sorriu na hora. Juliana Valdés, garçonete do El Beso Huasteco. Moradora de Roma Norte. Olhos castanhos intensos e incríveis e toda a paciência do mundo para aguentar uma estranha bêbada invadindo seu restaurante no meio da noite. E ficar com ela até quase de manhã. Ouvindo–a chorar. Abraçando–a, confortando–a. E como o abraço dela era bom...
Salvou o número da morena.
"Oi Juls, é Valentina. Obrigada por tudo. Eu estou me sentindo um pouco melhor, sim. E claro que eu me lembro de você. Acho que nunca poderei esquecer."
Foi tomar banho, com o celular na mão, sem parar de trocar mensagens com Juliana.
"Se resolveu com o Lucho?"
"Não o vejo desde ontem. Nem quero ver"
Mas pensou que seria bom ver Juliana de novo.
"Ele deve aparecer para te pedir desculpas logo"
"Não sei"
Ela terminou de ensaboar o corpo e voltou a atenção para o celular. Juliana não tinha falado mais nada.
"O que você está fazendo?"
"Esperando me chamarem para servir mais mesas. Logo vou tirar minha folga"
"Folga é?"
"Sim. Às vezes eles me liberam para respirar um pouco"
"E o que você faz na hora da folga?"
"Ela nunca dura muito. Vou a uma livraria, ou então no parque dar uma respirada"
"Parque?"
"Sim"
"E vais ao parque hoje?"
"Provavelmente"
Valentina terminou de tomar seu banho pensando em como seria bom ver Juliana de novo. E saiu enrolada na toalha a tempo de encontrar a última pessoa que queria ver, parado na porta de seu quarto, com um buque de flores.
– Lucho.
– Val, precisamos conversar.
– Não acho que tenhamos muito o que conversar depois do seu papelão de ontem.
– Meu? E você com aquele cara?
– Eu pedi uma bebida. Ele falou comigo. Você que enlouqueceu. Eu não tenho nada para conversar com você.
– Claro que temos que conversar.
– Não temos.
Deixando a toalha cair, ela ficou nua na frente dele e foi se arrumar. Mas foi surpreendida pelas mãos em seu corpo, puxando–a, tentou se soltar das mãos do namorado, mas foi em vão.
– Lucho, me solta.
– Vamos fazer as pazes.
– Não sei se quero fazer as pazes com você.
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Eso És Amor | Juliantina
RomanceEram a mistura do oceano e um campo de flores, tão naturalmente ligadas que nem mesmo o destino poderia escrever linhas tão certas. As estrelas interferiram para promover o encontro, mas foi a lua que as manteve juntas. Sob o mesmo céu, tudo começou...