Capítulo 40

2.8K 167 85
                                    

Valentina precisava fazer alguma coisa. Tudo o que ela conseguia pensar, enquanto sua cabeça girava, era que precisava saber o que estava acontecendo. O fato de Chino ter matado seu pai não era o pior de tudo; o que estava lhe partindo o coração era o fato de Juliana ter sabido o tempo inteiro e nunca ter lhe contado. Quando ela descobrira? E será que ela sabia mesmo? A primeira coisa de sua lista era descobrir se a namorada sabia de tudo. Contanto que elas ficassem juntas, tudo estaria bem.

Uma bela garrafa de vodca lhe chamava. E se fosse alguns dias atrás talvez até se rendesse ao álcool, mas a voz sorridente de Juliana em sua cabeça, dizendo-a o quanto a amava e que elas sempre conversariam para resolver tudo a impediu de encostar na garrafa. Ela não precisava do álcool.

Ela precisava de Juliana.

O telefone tocou várias vezes e Juliana não atendia. Tentou de novo e nada. Seu peito começou a apertar, junto com uma falta de ar absurda. A namorada deveria estar lhe atendendo. Nunca a deixava sem uma explicação. E nunca dormia cedo.

Ligou de novo.

Nada.

- Vamos amor, me atenda. – Disse para si mesma enquanto segurava o telefone perto do ouvido. Juliana precisava falar com ela, o quanto antes. – Vamos, vamos.

Nada de novo.

Começou a se coçar de nervoso. Ligou mais uma vez. Queria acordar Alírio para ir à casa da morena, mas eram duas da manhã... O pobre coitado deveria estar no último sono do mundo. Pareceu uma eternidade até que o som de uma respiração tomasse a linha.

- Amor? – Valentina chamou, receosa.

Um som quase inaudível lhe atingiu. Juliana não falava nada, mais sons estranhos, e não pareciam nada com a casa de Juliana. Lá nunca tinha tanto barulho. Juliana demorou mais uma eternidade para responder. Como se Valentina já não estivesse desesperada o suficiente.

- Oi.

- Por que demorou tanto para atender? O que está acontecendo? Eu estava desesperada.

- Eu estive... Ocupada. – Juliana pareceu gemer a ultima palavra. Valentina arqueou uma das sobrancelhas. – Perdão...

Valentina não estava com tempo para perder, queria se resolver com Juliana o quanto antes.

- Eva me disse coisas horríveis, eu preciso te ver. Agora.

- Não posso.

- O que?

Novamente, Juliana demorou para responder.

- Eu sei o que ela te disse.

- Qué?

Um barulho irreconhecível estava ao fundo.

A voz de Juliana saiu quase embolada, como se ela estivesse com dificuldade para falar.

- Ela te disse que foi meu pai quem matou o seu.

- Você sabia? – O tom de acusação de Valentina foi cortante para o coração de Juliana. – Não pode ser.

Valentina ouviu o soluço de Juliana, e aquilo lhe partiu o coração em todos os pedaços que ainda estavam restantes. Ela não estaria chorando se aquilo não fosse inteiramente verdade.

- Eu sabia.

Dessa vez foi Valentina quem demorou para responder, tentando processar o que tudo aquilo queria dizer. Se Juliana sabia que o pai dela tinha matado o seu... Estava mentindo para ela. Desde quando? E porquê?

- Você não pode estar falando sério.

- Estou.

Ainda assim, parecia uma mentira horrível.

Eso És Amor | JuliantinaOnde histórias criam vida. Descubra agora