Capítulo 9 - Amanda

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Cacete, falei pra ele que ia me assar, passei a mão entre as minhas pernas, merda. Thiago devia tá tomando banho ou fazendo algo na cozinha, pois não estava ao meu lado na cama. Olhei pro quarto e me senti feliz, como não me sentia há quase um ano, mas sabia que isso era sentimento pós foda, passageiro.

Ouvir a voz dele naquele reencontro de escola me fez sentir tudo o que ainda sentia. O desejo por ele, por seu corpo, por seus olhos me fazendo sentir a pessoa mais desejada do mundo. Droga, porque ele tinha que ser meu primo?

Passou dez minutos e nada de ouvir Thiago no chuveiro, levantei. Silêncio. Tirando o barulho da cafeteira na cozinha.

Respirei fundo e me espreguicei toda doía, mas era aquela dor de “fui bem comida”, e no final ele tinha razão, quando a coisa é boa, tem que ficar assada mesmo. E eu estava toda assada, porra queria ver sentar nos próximos dias. Isso porque ele não comeu meu cú... Hoje.

Celular apita, mensagem da Marcela.

“Missão Mauricio concluída, senti falta daquele nerd, mas não esquece, sou difícil, te encontro às 19h, na minha casa”.

A cara dela isso. Entrei no banheiro, e notei que foram poucas as vezes que tinha dormido na casa dele, sempre brigávamos e eu acabava indo embora, mas a maioria das vezes que nos víamos era na minha casa. Ao olhar em volta no cômodo era tudo muito simples e básico, azulejos preto e branco, claro que tinha que ser, Thiago é corintiano, eca, afinal ninguém é perfeito.

Mas ele era, caralho como era. E eu sabia que toda perfeição tinha um problema por trás, no nosso caso eram dois, a idade e a família.

Liguei o chuveiro, deixei o jato quente me atingir e levar os pensamentos ruins e acalmar minha “amiga” judiada, mas as lembranças não paravam de rodar na minha mente. Merda, as palavras dos meus pais ficavam rodando o tempo todo na minha cabeça fudida.

Thiago é como um filho pra mim, quer dizer, se eu tivesse um filho, seria Thiago”, “Às vezes acho que seu primo é mais meu filho do que vocês”, “Thiago é mais que um membro da família, ele é praticamente um irmão pra você e suas irmãs”. Minha mãe e meu pai tinham adoração por ele. Era errado pensar nele do jeito que eu pensava. Do jeito que eu o queria, no jeito como nos tocávamos. E ele era o tipo de homem que eu sempre sonhei, mas eu sabia que tudo isso era por causa da minha apaixonite de adolescência, e o resto era tesão, na verdade tudo que nos envolvia era tesão.

Não posso me deixar levar pelas doces palavras dele. Minhas irmãs achavam que eu estava iludida, ainda mais depois de Claudia ter nos pego transando na garagem aquele dia.

Quase me matou quando contei que tínhamos saído algumas vezes, pior seria se contasse que estávamos transando desde os meus dezoito anos, me fez prometer que ia dar um jeito na minha vida, porque ele era como irmão pra gente, que era nojento tudo isso, era nosso primo e que não tinha cabimento deixar as minhas criancices chegar nesse ponto.

Na hora fiquei puta, mas cacete, acho que ela tinha razão, ele é mais velho, mais experiente, praticamente tem tudo o que quer, e eu tenho o que? Um emprego de enfermeira em um hospital? Ele tem uma empresa, tem as viagens para o exterior, já teve uma porrada de mulher na vida e ele ia querer uma família, querer algo que eu ainda não me sentia pronta pra ter.

Eu tinha tido apenas dois homens em toda a minha vida, Henrique, que pelo amor de Deus, era quase um pesadelo de experiência e Thiago, que acabou com qualquer chance de cometer qualquer loucura sexual na época da minha faculdade, afinal fazia todas elas com ele.

 Talvez, minha outra irmã também tenha razão. Marina era mais maleável, dizia que uma hora ele ia querer um filho, logo, já estava chegando aos quarenta, e que quando chegasse aos meus trinta ele já estaria velho pra ser pai, e que ficaria estranho nós andando por aí, ele parecendo meu pai, e nosso filho parecendo seu neto, cacete, elas estavam fodendo ainda mais com meus poucos neurônios.

A porra louca da Marcela era ainda pior, queria que eu mantivesse um caso com ele e saísse com Pedro. Nosso personal na academia, que só faltava comer todas as bucetas suadas das alunas de Jump com os olhos. Segundo ela tinha que ter mais números de pica rodadas antes de fechar a fabrica para apenas um fornecedor. Puta que pariu, era pior que as minhas irmãs.

Pra piorar um pouco mais, deixei que ela me convencesse a sair com ela, seu novo rolo e um amigo dele. Odiava esses encontros arranjados, você sempre pega a brucutu do amigo feio do cara gato que ta comendo sua amiga. E Marcela tem um fogo na periquita que puta que pariu, eu diria até que ela tem é uma fogueira tamanho GG no meio das pernas, ela sabia que ia acabar transando com Mauricio e sabia que isso ia acontecer naquele encontro da escola e ainda sim manteve o encontro com o rolo de pé. Segundo a mensagem dela, dizia que Mauricio a tinha muito fácil, e ela tinha que se tornar mais difícil. Belo exemplo de ser difícil.

Ah, conta outra, ela estava de quatro por ele e não era de agora, e isso valia pra mim também. Desde que tinha pedido pra Thiago não me ver a um ano atrás, não tinha dormido com mais ninguém, às vezes achava que ele tinha feito macumba pra mim, pois ninguém parecia bom o suficiente para me arriscar.

Olhei minhas mãos voltando do meu devaneio e já pareciam uvas passas de tão enrugadas. Era hora de sair e me arrumar. Precisava dizer a Thiago que isso tinha sido um erro, delicioso pra porra, mais um erro. 

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