Capítulo 15 - Thiago

633 57 1
                                    

- PUTA QUE PARIU... Mauricio, o que você acha que esta fazendo, porra...

Assustamos-nos com o grito de Marcela que estava com o dedo na cara de Mauricio, enquanto o outro cara que estava com ela sangrava pelo nariz. Vi o bombado segurando o amigo e dizendo que não queria confusão, que merda.

Segui em direção a ela, e notei que tanto Mauricio quanto Marcela estavam alterados, com algumas cachaças na cabeça, porra, justo agora que Amanda parecia se entregar.

- Que merda Mauricio, vamos embora, vem, vou levar Amanda e Marcela também.

Eles ainda se encaravam, e sentia uma terceira guerra mundial preste a acontecer.

- Não vou a lugar nenhum com esse grosso... – Marcela pisava duro, puxando Amanda com ela.

- Você vai sim Amanda... Temos que conversar... – Mauricio ainda estava enfurecido, e eu o segurava, puta merda, bêbado é foda, e eu odeio quando eles acham que estão certos.

- Eu não tenho que falar porra nenhuma com você... Seu nerd, quem pensa que é?

- Eu sou seu, caralho... Ai Marcela que merda, porque tinha que me dispensar eu não sou qualquer um...

- E eu era? Me fez pensar naquela foda não dada por anos, sabe que é isso...

Ok, agora o bar inteiro nos olhava, hora de acabar com o show a La “Casos de Família”. Deu um toque em Amanda e arrastei Mauricio, enquanto via Amanda pegar no braço de Marcela, saímos do barzinho e finalmente os pé de cana pareciam se acalmar.

- Vamos para o meu carro, afinal eu fui o que menos bebeu aqui... – Falei alto enquanto ainda se estranhavam.

- Não Thiago, eu vou levar Marcela. Melhor assim... – Amanda me encarava ainda abraçada à amiga. -... Até porque não estou tão ruim assim.

- Não vai não Amanda. Hoje de manhã você pode ter ido embora, mas agora você não vai fizer nada que eu não diga. Porra, se algo te acontecer, eu... – respirei fundo e olhei de novo pra ela -... Enfim, acho que os dois pudins de cana precisam de um café forte.

Finalmente todos se calaram e me obedeceram e assim seguimos pro meu carro. Acomodamos os dois no banco de atrás e vi que isso não seria boa ideia, mas o foda era que queria Amanda ao meu lado, queria sentir seu calor perto de mim.

Deixei que os dois beberrões implicassem e discutissem e segui pra um café 24h que conhecia ali perto, enquanto ainda ouvia os dois resmungando atrás de mim. Estacionei.

- Olha aqui suas duas crianças mal resolvidas, eu to de saco cheio dessa porra toda, eu vou comprar um café e quando eu e Amanda voltarmos, quero que estejam inteiros, certo? - notei que até Amanda parecia assustada com as minhas palavras, mas o que um homem tem que fazer, ele tem que fazer.

- Eu vou descer... – Marcela disse, meia tonta ainda, puta merda, ela era pior que Amanda.

- VAI NADA! – grite, depois dando um longo suspiro continuei – Cinco minutos. Quero voltar e encontrar os dois no mínimo civilizados, ok?

Silêncio. Bom, quem cala consente. Amanda desceu do carro comigo, menos mal, não ia me estressar com ela quanto a isso, precisava dela pra me sentir firme. Entramos no primeiro café que vi aberto e pedimos dois expressos sem açúcar. Ela estava a minha frente, esperando sair o pedido, e eu estava admirando seu pescoço a mostra, sentindo vontade de mordê-la. Porra que coisa incontrolável.

- É melhor que me deixe direto em casa. – ela falou sem me olhar.

- Não. Isso não vai acontecer... – mantive a voz firme.

O pedido chegou e seguimos de volta para o carro enquanto a tensão nos dominava. Pra minha surpresa, o meu veículo tinha se tornado um motel, quase cena de Titanic, com direto a vidro embaçado e balançado. Filhos da puta, agora eu queria socar Mauricio pela cena ridícula no bar.

- HEY, vou entrar no carro, e espero não ver um filme pornô aí... – gritei e vi que Amanda também ria.

- Filme trash né... – ela completou.

Eles pararam de balançar e destravei a porta, entregando os dois copos com o café, sem olhar pra dentro do veiculo, mas ouvindo seus risos, esperando-os se recompor.

Encostei-me ao carro no lado de fora e Amanda fez o mesmo, tocando o meu braço com o dela, deixando que os dois pombinhos de acertassem lá dentro.

- Às vezes acho que eles são piores que nós... – falei sorrindo pra ela.

- Pois é, talvez sejam... Talvez não... – ela também sorriu depois voltou a ficar séria.

O silêncio ficou por alguns minutos e pensei em lhe falar sobre a viagem, pois era algo definitivo, iria ficar longe, daqui a trinta dias, estaria do outro lado do oceano, com um monte de gente parecida e falando mandarim.

- Amanda, eu preciso te contar uma coisa... – ela virou pra mim do nada me deixando meio assustado e não me permitindo terminar a frase.

- Vamos tentar... – ok, estava brisando, ou  o bafo de cachaça dos dois no carro me deixaram bêbado a ponto de ouvir coisas?

- Tentar? - falei baixo encarando ela, sentindo meu coração na boca, ela queria tentar.

- É... Quer dizer, vamos começar, não que a gente não tenha começado, quer dizer, o sexo  já não é um mistério pra gente definitivamente pois já começamos, se olharmos por esse lado, mas podemos tentar algo mais certo, não que o que tínhamos era errado, pra mim era mais não consigo pensar de outra maneira, mesmo querendo tanto...

Puxei-a pra um abraço forte e dei-lhe um beijo demorado calando aquela boca deliciosamente faladeira. Ela falava demais quando ficava com medo. E eu precisava dela, naquele exato momento. Ela tinha aceitado tentar, mesmo sem saber da minha viagem, mesmo sem ter me dado a chance de falar. Por hora eu ainda tinha tempo, e teria Amanda pra mim, só pra mim.


CONCEDA-ME SEU PRAZEROnde histórias criam vida. Descubra agora