Acordei meio grogue, porra de vodka com soda e cerveja, tá não bebi tanto assim, mas devido às circunstâncias da noite passada eu me sentia flutuando. Sentei na cama pensando em como seria se sentir noiva. NOIVA, nossa eu estava noiva de Thiago, sabe o quanto isso era aterrorizante de uma maneira deliciosa? Olhei pro lado, e ele estava perfeitamente dormindo.
A palavra “MAGIA” não sai da minha cabeça graças a ele, sem contar que Thiago tinha se mostrado três vezes o cara perfeito pra mim em um dia só, primeiro ele tinha segurado a onda dele quando o tal do Waldemar “colou” na minha, segundo ele tinha me tratado como rainha o dia inteiro até elegantemente mostrar a todos que estamos juntos, tinha que dar o braço a torcer que Thiago era um cara a la Cristian Grey, e finalmente me dando o pedido de casamento mais maluco e fodástico que jamais imaginei que ganharia, porra!
Mas uma coisa que ele não sabia é que ele é um puta cara de sorte, porque eu estava no final da menstruação, naquele dia em que você fica e não fica menstruada sabe? Afinal ela não “dá sinal” de que acabou né? Seria mais pratico se tivesse isso no manual. Aí ele vem e cai de boca, cara corajoso e maluco?!? E eu só parei pra pensar nisso agora! Eu ainda não tinha essas intimidades de contar pra ele quando estava no “vermelho”, afinal não passávamos os dias e as noites juntos até uns vinte dias atrás, e nos últimos três dias tinha tido plantão à noite, e passávamos menos horas juntos quando isso acontecia.
Mas claro que ele não me deu tempo de pensar em mais nada também! E já que agora eu estava pensando bem, estava com uma necessidade de cafeína da porra!
Levantei e coloquei as peças de roupa que achei, porra, perdi a calcinha de novo! “Minha calcinha deve tá caída em algum lugar e pior com o absorvente...!”, ai que merda e se Thiago a visse? Isso é broxante. Não dava pra fica procurando, tinha que dar uma escapada até o banheiro, tava muito apertada, tinha que usar o que tinha no fundo do corredor, ia ter que pegar uma calcinha na minha mochila. Afinal a noite tinha sido quente e forte, tinha que dar uma “refrescada” na bacurinha né!
- Ai merda... – falei, deixando a mochila cair aberta com tudo dentro. Olhei para Thiago e ele ainda dormia, desmaiado, abri a porta sorrateiramente, silêncio total na casa, por Deus, ainda bem que todos pareciam dormir, porque ao meu ver até Marcela teve sua festinha com Mauricio essa noite, será que tinham se acertado? Estava torcendo pra isso acontecer.
Coloquei a cabeça pra fora e fui correndo para banheiro enquanto pensava na calcinha perdida, será que teria que por GPS nelas? Pare com isso Amanda, ele vai ser seu marido, MA-RI-DO! E daí se ele achar a sua calcinha com absorvente, provavelmente vai rir, afinal vai ter que se acostumar com isso.
Fechei a porta e fui direto pro vaso, aí, como é bom fazer xixi, mas tava ardida merda! Dei aquela conferida no papel depois de limpar a danada ardida e nada! Ufa não corri o risco de ele “experimentar com catchup” como falavam as meninas no hospital. NOJENTO eu sei, mas porra nos trabalhávamos com pessoas, doenças e sofrimento, então tínhamos nosso modo de levar a realidade das coisas, meio louca, meio esquisita, meio insana, mas totalmente práticas e realistas!
Lavei meu rosto e minhas mãos e olhei pra meu dedo com aquele belo circulo de ouro branco, ele foi detalhista em tudo, pois sabia que não curtia nada dourado, poxa podia pedir mais coisa do que toda essa perfeição?
P.U.T.A Q.U.E P.A.R.I.U. De repente caiu a ficha! Eu agora teria que desfilar com aquela aliança que, diga-se de passagem, parecia uma coleira enorme reparando bem! Rapaz, que esse meu noivo era exagerado que só. Bem tem coisas que simplesmente adoro que ele seja assim, porra, ontem achei que ele ia arrancar minha “bixinha” na dentada, mas foi bom que ele me fizesse esse agrado. “Primeira chupada do meu noivo”, pulei no banheiro comemorando, “uhu começamos com classe”.
Ok, assumo, a Marcela estava se tornando uma péssima influencia, após esse xiliquinho no banheiro, hora de voltar à realidade.
- Thi, Thi... – voltei pra porta do quarto chamando ele e nada, capotou, tava roncando que só uma motosserra, achei que era melhor o deixar dormindo, tinha sido um anjo na noite passada, merecia. Sai de fininho do quarto, ia tomar um café máster e arrumar minhas coisas depois, afinal tinha plantão aquela noite no hospital, e tinha que ir pra casa, e pior ainda, tinha que saber o que tinha acontecido com Marcela. Trabalhar de domingo é só pra peão mesmo!
Entrei na cozinha e dei de cara com quem não queria. Fato, Claudia estava com cara de cão chupando manga!
- Bom dia. – disse a ela seca, enquanto pegava uma xícara.
- Bom dia? Ha isso não é um bom dia mesmo... – ela disse com desdém.
Nossa ela ia começar aquilo cedo não? Então tá, vamos lá que ela ia vir com um quente e sair com dois fervendo.
- Que foi, não é um bom dia pra você? - falei sentando na mesa com a xícara de café na mão, de frente pra ela, firme e forte.
- Como poderia ser Amanda? - ela parecia mais com minha mãe do que queria assumir, os mesmos olhos cansados, as pequenas rugas de expressão e as pequenas sardas sobre o nariz.
- Ué, sendo. Não vejo motivo pra ser um dia ruim, o sol ta lindo, é domingo, você tá em sitio com seu marido e sua família...
- FAMILIA – ela disse alto me interrompendo – Exatamente isso, família, e é isso que você e Thiago são, e também é isso que vocês querem envergonhar, Amanda...
- Porra Claudia to de saco cheio dessa sua ladainha...
- Ladainha, bota juízo nessa sua cabeça Amanda, Deus, ele é bem mais velho que você, é como um irmão pra gente!
- PRA VOCÊ, porque pra mim ele nunca foi! – levantei do banco me controlando pra não enlouquecer com as asneiras dela.
- Mandinha, o que acha que nossos pais iriam achar disso? - ela levantou vindo à minha direção.
- Eles iam achar que ela não poderia ter escolhido melhor! – Marina entrava na cozinha, somente de calcinha e camiseta com uma cara horrível, e a voz grossa e carregada de mau humor – Porra, alguém sabe que é moralmente errado gritar numa casa onde as pessoas estão de ressaca ás 8h da manhã? Caralho...
- Pare com isso Marina, você sabe que isso é errado... Não encoraje Amanda! – Claudia parecia quase possuída.
- Encorajar o quê? - ela virou rindo com a xícara de café na mão – Pelo que vejo ela já ta mais que encorajada, aleluia... – ela fez sinal com a cabeça pra minha aliança. Merda!
- O QUE É ISSO? - Claudia gritou.
- Isso é... Cacete isso é exatamente o que você acha que é, porra! EU ESTOU NOIVA DE THIAGO! – gritei pra ela. – Tô pouco me lixando pro que você acha certo e errado, EU AMO ELE, e eu nunca fui tão feliz como me sinto agora. Quer saber o que eu acho “irmãzinha”, que você não é minha mãe, e que você não suporta essa felicidade. ACORDA! EU NÃO TENHO QUINZE ANOS, EU SOU UMA MULHER CRESCIDA E A FUTURA ESPOSA DO THIAGO, QUER QUEIRA QUER NÃO!!
Ufa! Senti como se o elefante branco e cagado que tinha nas minhas costas tivesse finalmente ido embora, pra falar a verdade ele estava na minha frente, era do mesmo sangue que eu e estava parada me encarando, praticamente espumando de raiva e pelo que pude ver de um olho tremendo de Claudia, a um passo de surtar.
- Ai! Acho que podia ter ficado sem essa Claudia! – disse Marina rindo, pra nossa irmã que ainda me fuzilava.
Eu me virei antes que ela pudesse falar, e segui no corredor batendo o pé. Caralho, eu estava tremendo e chocada com as coisas que tinha dito a ela. Por Deus, eu era uma puta de uma louca, enfrentando ela assim, sóbria de cara lavada, mas uma louca com a alma lavada e com muito orgulho de mim.
Mas todo esse sentimento bonito morreu a hora em que abri a porta do meu quarto e dei de cara com Thiago segurando um teste de gravidez numa mão e minha calcinha com absorvente na outra.
Isso só podia ser uma pegadinha do Malandro!
VOCÊ ESTÁ LENDO
CONCEDA-ME SEU PRAZER
RomanceThiago Nunca fui chegada em histórias de amor, nem em grandes finais românticos. Mas quando envolvia a minha vida, a coisa era outra. Não sou um cara de meias atitudes, nem de deixar oportunidades passar. Eu sempre a quis, e eu ia ter ela pra mim...