Capítulo 29 - Mauricio (uma decisão difícil)

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Decisão tomada. Cheguei a meu apartamento e nem ânimo pra finalizar o Call Of Duty no Xbox eu tive. Deitei na cama e fiquei fazendo um balanço da minha vida até ali.

Sabe, sonhei com Marcela por muitas noites, mais do que um moleque CDF apaixonado e cheio de testosterona, que acordava de pau duro deveria. Ela era simplesmente meu sonho de consumo. Porra, eu tinha minhas dificuldades, era meio gago, magrelo, alto, não era horrível como você está pensando, mas tá eu era esquisito e ainda por cima tímido que só a porra. Claro que ela era o oposto, afinal nós somos assim, sempre queremos a mais divertida e popular, ela era linda, extrovertida, engraçada e tinha uma porrada de manés aos seus pés.

Eu tinha as minhas espinhas, uma coleção de jogos do Nintendo 64, alguns bonecos miniaturas dos Cavalheiros do Zodíaco, coleção de gibis e mangás e algumas revistas Playboys debaixo da cama. Enquanto os caras tinham o carro do pai, trabalho e grana pra bancar as minas.

Considerava-me um total e completo perdedor, mas um dia ela tinha me dado uma chance, e eu estava tremendo mais que vara verde, cacete, eu tinha uma paixão platônica por ela por tantas noites fiz o cinco contra um pensando nela e quando finalmente chegou na hora H, fiquei nervoso e broxei. EU ERA UM TROUXA. Joguei fora minha chance.

 Então eu tinha que dar um jeito na minha vida, viver de amor não correspondido não dava né, mudei, resolvi trabalhar e trocar de horário na escola, esquecer ela, afinal se até os Pokémons evoluíam eu tinha que evoluir também, e graças ao meu melhor amigo, quase irmão Thiago, eu não virei um maníaco atirador de cinema, ou um viciado em RPG que entra na antiga escola e faz um massacre por causa do bullying e uma broxada.

 Fala sério, ele me mostrou que a vida é mais “interessante”, quando você para de lutar contra a maré. Ta pareço uma menininha falando, mas porra, às vezes eu sou um cara sensível, tá quase sempre sou, mas não é o que toda mulher quer? Eu achava que era, mas quando eu deixava de ser esse cara e queria só curtir, aí uma doida ou outra grudava em mim, mulher é um bicho maluco mesmo.

Enfim, quando encontrei Marcela novamente naquela Reunião de escola, depois de dez anos, puta que pariu, eu tinha que tirar a prova de que não tinha nenhum sentimento por ela, e aí que me fodi, porque eu queria mostrar pra ela que era melhor, superior, que eu era o FODÃO e cacete eu ainda a queria tanto, foi só tocar nela que tudo voltou, e eu sabia que ela também me queria, porque uma mulher não faz o que ela fez comigo em um estacionamento por puro desejo, porra, ela também sentia algo.

Mas eu não contava que ela tinha se tornado alguém tão independente e feminista, cacete estamos no século 21, às mulheres já não tem tudo o que querem? Porque não ter uma porra de um romance? Tá você ta pensando: “quer romance compra um livro”, e vocês não fazem isso e ficam pedindo pra encontrar um Grey, um tal de Gideon ou Trajes da vida? Porra eu leio também eu tava tentando ser um deles!

E ela tinha se tornado tão gostosa e tão ahhhhh... Irritante, merda, meu Deus, quanto mais brigamos mais tesão eu sinto por ela, e mais acreditava que somente eu estava lutando pra isso dar certo.

Cara, eu não vou mentir, quando um homem não quer, beleza, a transa sem compromisso acontece,  o cara paga o jantar, o motel , ambos gozam e saem satisfeitos e felizes, e quando amanhece, você se arruma, da um selinho na mina, promete ligar, ela finge que acredita e pronto, sem drama, sem medo, literalmente sem porra nenhuma. Mas caralho, eu queria ter a Marcela pra mais que “BA”, afinal se eu podia ser chamado de PA, Pinto Amigo, ela podia ser chamada de Buceta Amiga. Mesmo que isso não fosse verdade pra mim.

Quando eu fiz a surpresa e aceitei o conselho do meu amigo de lutar pelo que eu queria tinha certeza que ela ia cair na real, e íamos finalmente começar aquela coisa de ficadas, namoro, mensagens o dia inteiro, finais de semana igual dois coelhos, presentes e apresentar pra família e quem sabe algo mais. E acreditei nisso, quando a venci no seu jogo de sedução no jantar, caralho ela era quente pra porra, perfeita a não ser pelo fato que isso se restringia ao sexo.

Pela manhã ela começou com seu discurso.

- Bom dia baby... - eu todo meloso.

-Mauricio... Isso não pode passar de uma amizade colorida, - ela suspirou e levantou da cama - eu sou muito independente, tinha uma vida antes de você aparecer...

- Marcela, não faz isso... – contei até dez mentalmente.

- Mauricio, olha eu gosto de você, mas talvez não do jeito que você espera, eu... Eu sou difícil.

- Não me importo...

- Mas eu sim! Eu já passei por uma porra de um noivado que tinha me tornado numa múmia paralitica e submissa, no final eu me fudi sozinha, porra, e ainda não to pronta pra isso, eu não posso me apai...

- Amor... – levantei tentando segurar ela. Olhando nos seus olhos.

- Não sou seu amor, isso foi tudo uma paixão sua, mal resolvida Mauricio, não posso ser aquela Marcela que conheceu, sinto muito...

Senti minha garganta fechar, porra pela primeira vez fiquei sem palavras, em pensar que daria tudo para ela. Mas ela simplesmente não queria, seja lá quem foi essa pessoa na vida dela, tinha a mudado demais, estragado a minha Marcela.

- Tudo bem... - não queria ser o errado, se pudesse tê-la do jeito dela por fim seria melhor do que não tê-la. A decisão era dela.

- Tudo bem mesmo? - ela me olhou por alguns minutos.

- Sim, faremos do seu jeito. - Coloquei minha cueca e segui pra cozinha sem encarar mais ela. – Quando quiser me ver, é só me ligar.

Sentia ela me olhando pelas costas e a cabeça dela matracando toda aquela história de que mulher acha que todos os homens são iguais. Pensei em falar “se são porque sair com vários? Fica com um só cacete, fica comigo!”.

 Mas eu definitivamente tinha cansado, ia seguir essa brincadeira com ela, porque mulher que quer teu pau, mas não quer teu coração, não merecem segundas chances. Se eu fosse um cafajeste, fato, daria pulos de alegria com a definição de relação dela, puta merda, que homem não quer uma transa fácil, sem toda a baboseira de “Olha o problema não é você, sou eu...”, tá eu to muito “mocinha” falando tudo o que sinto agora.

Mas se eu não posso ser feliz com quem eu acho que amo, Thiago pode, eu tomei a decisão certa, por mim, por ele e Amanda e pela liberdade da Marcela. Gosto da namorada dele, pelo menos não é tão bipolar como a Marcela, e parecia aceitar o que ele oferecia e tentava fazer meu brother feliz.

Era hora de dar uma chance pra mulheres chinesas, quem sabe alguma oriental mude meu modo de ver... Marcela.

Porra, vou levar essa relação de PA e BA que nem ela, sem me importar com nada, assim, quem sabe quando eu partir ela sinta algo por mim. 

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