Sabe o quanto é difícil se preparar pra ficar bonita pra um homem? E surpreende-lo? E se esse homem for o MEU homem, ou seja, Thiago, bem aí digo que é uma tarefa FODA.
Primeira coisa, ligar pra Marcela.
- Quem é? – ela rosnou.
- Nossa, boa tarde pra você também amiga... - será que ela tinha brigado com Mauricio?
- Dormindo ainda?
- Não, sou sonâmbula agora, falo enquanto durmo... – grossa como sempre era, quando alguém a acordava -... Claro que estava, na verdade não dormir muito a noite.
Safada, como imaginava ela tinha deixado de ser uma tonta e finalmente ficado com o nerd dela, como ela dizia. Ao menos as coisas para eles eram mais fáceis, não tinha família, idade e outras coisas como eu e Thiago, quem complicava era na verdade ela.
- Ta, então se arruma múmia sonâmbula, tô passando ai, vamos fazer transformação geral hoje...
- Ai meu saco... Amanda preciso dormir... Amanhã tem plantão. – ela resmungou.
-Larga de ser velha, nem saco você tem, e outra não precisa dormir coisíssima nenhuma, na verdade precisa largar de ser chata e levantar logo dessa cama, porque daqui meia hora te pego aí... Preciso ir ao salão, e te contar e ouvir os detalhes sórdidos de ontem e contar os que pretendo fazer hoje, vou usar o que você me obrigou comprar na loja da Ju... Se lembra?
Como um passe de mágica, melhor dizendo, com um toque de perversão, Marcela já sentia disposta e animada.
- Ta bom, e me trás um café então.
-Ta bom preguiçosa.
Durante todo o percurso tive que ouvi-la dizer “eu sou independente, eu não quero depender da vontade de nenhum homem, ele não decidi as coisas da vida da minha vida, que eu que mando em mim, paixão é pra menininhas de doze anos, que príncipe encantado ficou nos livros da Disney, que vale um orgasmo verdadeiro do que um coração quebrado”, e nessa ultima não resisti.
- Ta de zueira comigo né? Porra, vira o disco Marcela, o que te impede de ficar com ele? Além dessas maluquices que ta falando? Eu tenho muito mais problemas e to tentando ser feliz com Thiago.
Ela ficou me encarando, tá você vai pensar “olha quem fala!”, mas porra eu não estava tentando? Porque ela não poderia? Talvez ela estivesse pensando em mais algumas desculpas. Por fim ela disse.
- Aaaaah mas que cacete de agulha... – ela virou pra mim, jogando o cigarro fora, um detalhe era que ela só fumava quando estava extremamente nervosa -... A merda toda é que quando me apaixono fico uma retardada bobona e submissa. Eu odeio ser essa pessoa. Mas eu sou...
- Sabia... – Falei cantarolando e a provocando mais ainda enquanto descíamos do carro, antes que ela concluísse a frase dela.
- Ah, vai se fuder... - ela ri -... Anda, me conta logo, como foi sua noite com o “Primo Basílio”!
Rimos e comecei a contar pra ela a surpresa dele e minha neura com a mudança de humor repentina que teve esta manhã.
Ficamos no salão por várias horas, pois tinha marcado o pacote completo, sobrancelha, corte, hidratação, escova e retoque nas finas mechas que tinha nos meus cabelos rebeldes. Unhas vermelhas, básico pra quem quer fazer papel de mulher fatal e por ultimo e não menos importante depilação, que era a pior parte.
A que merda, a gilete é muito mais prática, e menos indolor, mas não dá, você depila hoje e daqui dois dias tá lá a mata crescendo de novo, e hoje eu tinha que impressionar. Porra, tá pensando que é barato e fácil ficar pronta pra impressionar um homem, não é não, sem contar que depilar a cera dói pra porra, você tem que mostrar sua menininha pra uma estranha, e ainda aguentar as colegas de trabalho dela entrarem e saírem da sala avaliando seu “produto”, isso sim é uma prova de amor.
- Amanda, você já pensou em depilar o cú? - tava demorando, quando Marcela fica quieta demais, espera que lá vem merda. Sem contar a sutileza quando falava esses assuntos, um poço de delicadeza, ainda bem que éramos apenas eu ela, e a depiladora na sala nesse momento.
- Porque, Mauricio te pediu isso? - ri da pergunta dela.
- Não, mas é que sei lá, já que agora to liberando a porta dos fundos fico na duvida se devo fazer isso ou não... – tá, devo admitir que até hoje Thiago, que tinha sido o único a ter acesso direto nesse departamento, nunca tinha se manifestado quanto essa minha região. Será que ele se importava?
- Ai, que merda Marcela, agora acho que vou ter que depilar o meu. – comecei a rir.
- Ah, se até agora seu “namorado” não cobrou, pra quer fazer o sacrifício? Até porque não tá uma “Claudia Ohana” não é?
Até a depiladora riu. Mas no final fiquei com o básico mesmo. Já era doloroso o suficiente, deixar a xereca lisinha, imagine o olho que nada vê?
- Thiago não é meu namorado... Ou é? – falei à pergunta dela, porque na verdade não tínhamos nem definido isso explicitamente, éramos duas pessoas que se amam, isso ficou bem definido.
- Bom, se você que dá pra ele seu “furico” não for, acho que tem algo de errado nessa história. Porque não se diz “eu te amo”, e faz uma puta de uma surpresa como essa, se não é namorada da pessoa e digo o mesmo do que ele fez pra você ontem. Amanda eu posso ser uma vaca, mas não sou burra...
- Verdade... - fiquei pensando no que ela disse, éramos namorados, fato. E acho que isso não tinha nem o que questionar. Hoje ia dar a ele, o primeiro presente como uma namorada dedicada. Aí que de pensar já me sentia envergonhada, cacete, ele já tinha feito de quase um tudo comigo, mas antes éramos apenas duas pessoas que fodiam sem pensar. Agora tinha o fator “amor eterno” que sempre pensei em ter com alguém, e esse alguém era Thiago.
VOCÊ ESTÁ LENDO
CONCEDA-ME SEU PRAZER
RomanceThiago Nunca fui chegada em histórias de amor, nem em grandes finais românticos. Mas quando envolvia a minha vida, a coisa era outra. Não sou um cara de meias atitudes, nem de deixar oportunidades passar. Eu sempre a quis, e eu ia ter ela pra mim...