Capítulo 42 - Marcela

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Tá bom, a noitada foi boa, eu gozei, ele gozou, e os dois se satisfizeram! Mas vamos cair na real, que o nerdzinho tinha feito uma escolha e eu só tinha uma coisa a fazer quanto a isso, colocar um ponto final nessa história ridícula de PA e BA.

- Mauricio? - o chamei tentando tirar parte do tronco dele e o braço pesado de cima de mim, cara ele tinha entrado em coma é? Eu estava me sentindo fraca e cansada, mesmo com a noite de sono ou parte dela.

Balancei tentando sair debaixo dele, me arrastando e me virando de lado na pequena cama de solteiro. Estava prensada na parede, então rebolei e nada. Filho da puta de bêbado gostoso! Bufei e fiquei quieta, respirando pra não fritar com a situação que eu tinha me metido, mais uma vez, porque tínhamos que resolver com sexo?

Eu queria apenas ter uma vida normal, uma casa, um emprego descente, um cara caralhudo e gostoso me comendo quando necessário, minhas amigas e as pequenas coisas que deixam a vida menos cinza! Mas NÃOOOOOOO, a jumenta tinha que se apaixonar pelo “amiguinho da escola”, não é?

Agora toma! O cara te usou, e você ainda ganhou de brinde um filhotinho de Gremlins no buxo! Tá, tá, to sendo cruel, essa criança não tem culpa, mas porra eu tinha que passar por tudo isso, o que tinha jogado pedra na cruz?

“Como eu cresci, sobrevivi e to aqui, inteira e completa do jeito que eu fui criada, sem pai, esse fiotinho, também iria!”. Esse era minha decisão, coloquei a mão na barriga e suspirei. Amanda precisava me levar pra casa. Nem fudendo ia com Mauricio, aquilo ia acabar no sitio.

Não ia me dar o luxo de despedidas, choros, dó, e ainda ter que ouvir dele que tudo isso é culpa minha porque eu quis engravidar! Conheço esse tipo de homem, o tipo que acha que o mundo gira em torno do pênis e do dinheiro deles.

- Mauricio? Porra... – o empurrei com todas as forças que tinha, correndo serio risco de desenvolver uma hemorroida, até que me via livre e ele se estatelava no chão encapetado do quarto.

- HÃ... AI! – ele deu de cara com o carpete e acordou -... Mas que porra...

Eu o pulei, e comecei a juntar as minhas coisas do quarto.

- Merda, Marcela, era só me chamar, não precisava me jogar no chão! – ele levantou e sentou na cama, alisando a testa que tinha ficado vermelha com a batida. Eu ri baixinho, com a cena ainda na minha cabeça, sem falar nada. – O que você esta fazendo?

- O que você acha? Arrumando minhas coisas... – disse séria, voltando a pensar no que tinha que fazer.

- Acho que ainda temos tempo... – ele chegou próximo de mim, me circulando com seus braços e me aproximando de seu corpo.

- Não Mauricio. – falei empurrando suas mãos.

- Ah... – ele bufou e bateu os braços no próprio corpo -... E qual foi o drama dessa vez? Gozei rápido demais ontem?

Como ele podia falar isso? Puta que pariu, eu realmente não tinha nenhuma importância pra ele, pois não considerar que sua viagem de sei lá quanto tempo na China não me afetaria, e agir como se eu fosse descartável. E ficar com alguém assim, porque eu estava grávida, seria me enforcar lenta e dolorosamente todos os dias até sufocar como minha mãe sufocou. Era isso, ele ia seguir a vida dele, e eu a minha.

- Não. Mas espero que tenha sido bom pra você. – falei virando pra ele.

- Bom não, baby, sempre “somos” ótimos juntos, principalmente quando você apenas me deixar levar as coisas... – ele tentou se aproximar de novo, mas o barrei com minha sandália em seu peito.

- ÉRAMOS. Considere essa ultima noite uma despedida. – o nó na garganta subia e descia e os olhos queriam derramar lagrimas, porra de mulher frouxa, eu já tava ficando mole, mas ia levar isso ate o fim, por mim.

- Como é? - ele não se mexeu, mas vi seu olho vidrar em mim. – Que brincadeira de mau gosto é essa Marcela?

- Não é brincadeira, acabou... Seja lá o que tínhamos, não vou estar mais disponível pra essas coisas.

Virei-me tentando não amolecer com a cara de pânico e raiva dele, continue a guardar minhas coisas na mala que tinha trago pro quarto, mas Mauricio pegou meus pulsos e me puxou pra ele com tanta força que me assustou.

- QUE PORRA DE HOMEM VOCE PENSA QUE EU SOU? - ele disse alto me apertando mais ainda com suas mãos.

- Mauricio você esta me machucando... – falei tentando me soltar, ele devia estar incrédulo com a minha rejeição, caralho, será que era assim que deveria me sentir, com medo?

- Machucando??? - ele disse me soltando e olhando meus pulsos marcados e vermelhos. – Talvez você tenha razão, melhor acabar com essa porra antes que alguém se machuque de verdade não é Marcela?

Ele estava num misto de dor e raiva, me encarando, enquanto se distanciava, encostando as costas na porta do quarto.

- Isso ia acontecer de qualquer jeito Mauricio. Só estou adiantando pra você as coisas antes da sua viagem, talvez assim tenha mais tempo pras coisas que importam realmente.

Fechei a mala, e esbarrei nele com o ombro, tentando abrir a porta, mas ele me fuzilava, sem sair do lugar, droga, as lagrimas estavam quase vencendo a batalha e iam cair a qualquer minuto, mas ele não ia vir isso, não ia mesmo.

- Sai Mauricio, preciso ir embora! – falei entre os dentes, sem encara-lo, enquanto sentia sua respiração pesada no meu pescoço.

- Que merda Marcela, porque você tinha que estragar tudo... – ele parecia decepcionada, claro, tinha acabado de perder a transa garantida dele né?

- SAI DA MINHA FRENTE! – Gritei enquanto eu o empurrava e abria a porta, a tempo de ver Mauricio deu um murro na parede.

E foi aí que eu ouvi aquele Fudeu na minha cabeça, pois senti que o que seguiria seria uma sessão de dois loucos surtados, fudidos, sem nenhum pingo de sanidade na cabeça, achando que a casa era nossa e que mais ninguém no mundo estaria em volta da gente! Showzinho básico pra casa inteira, quem não gosta de viver perigosamente né?

- Volta aqui Marcela... – ele sussurrou enquanto seguia no corredor.

- AMANDAAAAAA! – gritei em busca de socorro, pois sentia que estava a ponto de desmaiar.

- Estou falando com você Marcela...

- Chega Mauricio, eu dei o que você precisava ontem, mas acabou a farra...

- É isso que você acha que eu precisava? – ele finalmente me prensou ao lado da porta do quarto da Amanda, estava tão próximo de mim, quer por um momento pensei que ia me tomar em um beijo e tudo podia ficar bem – FALA MARCELA!

As palavras já subiam a boca, ia desembuchar tudo, vomitar o que estava me consumindo o final de semana inteiro. As lagrimas desceram quase como um riacho, e uma dor alucinante tomou conta da minha barriga, quase como se me partisse ao meio. Automaticamente pressionei meu ventre. Deslizando pela parede.

- Marcela??? - Amanda tinha acabado de abrir a porta após a gritaria e vinha a meu socorro, empurrando Mauricio. Thiago estava junto dela. – Amiga, o que foi?

- Por favor, me tira daqui, eu... – mas não conseguia falar mais a dor estava aumentando, alucinante e insuportável.

Ela imediatamente me apoiou nos braços e me puxou pra fora da casa.

- Thiago porra, vamos, temos que levá-la no hospital. AGORA!

A ultima coisa que vi foi Mauricio parado nos observando, o que parecia era terror em seus olhos, enquanto sentia algo dentro de mim mudar pra sempre e tudo se apagar. 

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