Capítulo 20 - Thiago

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Porra, ensinar as coisas pro Mauricio era um pé no saco, ele não sabia cozinhar, nada, talvez nem fritar ovo, vivia de comida pronta, e tinha que agradecer que tinha facilidade com os exercícios que fazíamos na academia e tudo mais, permitindo que ele não vire uma rolha de poço.

- Caralho cara, é pra mexer essa porra dessa massa, se não gruda tudo o macarrão!

Eu estava mais fazendo pra ele o jantar do que ajudando. Decidi por algo mais prático, macarrão ao molho branco e vitela assada. Mas que puta de pariu que eu fui bancar o cupido com esses dois malucos, eu mal dava conta da Amanda!

Quando a doida da Marcela foi embora com a Amanda, eu tive que ficar sendo a porra do muro das lamentações, saco e como ele fala.  É homem também fica remoendo as coisas, tinha que concordar, às vezes parecemos uns velhos caducos repetindo as coisas um milhão de vezes. Até que me enxi e mandei e ele largar de ser um cusão e ir atrás dela.

Porra alguém tinha que ceder nessa relação! Se, podia chamar de relação né!

Ok, já a minha surpresa estava praticamente pronta, eu lia livros, sabia varias formas de fazer uma dama derreter na rua, e se tornar uma vagabunda na cama e eu já sabia o que seria perfeito com ela.

- O corno, tomara que isso tudo dê certo... - ele reclamava.

- Bom, eu to fazendo minha parte, agora o resto da noite é com você né mano. Ou quer que coma ela também?

Nós rimos e eu continuei a cozinhar o macarrão. Era tão simples essa nossa amizade, porra você pode falar de comer a mulher do seu melhor amigo e ainda continuar a ser amigo dele, pois ele sabe que tu ta brincando. Se fosse mulher, já tava pensando que a amiga ta com inveja e tendo ideias mirabolantes de se vingar e acabar com a vida da outra, ou contratava FBI e coisa e tal.

Mulher complica demais, pensa demais, tá, talvez seja porque as mulheres menstruam, ou coisa do tipo, porque a mudança de humor era igual miojo, instantânea, e puta merda, nunca se sabe se ela tá num dia “Rutinha”ou em um dia “Raquel”, saca? Tipo duas personalidades!

Amanda era assim, claro menos que Marcela, graças a Deus, mas não podemos reclamar, pois sem elas nós não vivemos, e porra eu tenho que assumir, eu não conseguiria mais viver sem a Amanda.

E pra piorar, eu ainda não tinha contado a ela sobre a viagem.

- Mano, tem que arranjar uma interprete Thiago, já sabe disso né? Pra viagem pro Japão?

- Porra, tinha esquecido isso... Vou por um anuncio no site de vagas.

- Já contou a Amanda? - ele agora abria o forno sem nenhuma habilidade. – Ai cacete, me queimei...

Comecei a rir dele.

- Não... Ainda não. – de repente me senti pesado, merda, ia ser difícil isso, agora que a tinha pra mim.

- É brother, se pudesse te ajudava...

- Eu sei...

Depois de abandonar meu amigo, e deixar praticamente todo o mérito pra ele, segui pra o mercado e comprei as coisas pra minha surpresa. Já tinha preparado algumas coisas durante o dia, no trabalho. Mas agora ia terminar e me preparar para buscá-la em casa.

O plantão dela tinha terminado pela manhã e nós tínhamos combinado que ela iria dormir na minha casa. Era quase impossível, mas já estava me acostumando com essa coisa de ser dela, era como se isso fosse o normal, é foda, quando tudo parece fazer sentido com alguém ao seu lado. Pareço gay falando isso, mas era minha felicidade porra.

O caminho inteiro ela ficou maravilhada com os lírios que havia dado a ela, cheirando-os e sorrindo. Eram os favoritos da mãe dela, minha prima, e os dela também.

- Que mistério todo é esse Thiago? - ela sorria pra mim curiosa.

- Calma amor, paciência...

- Hum, você sabe que é uma coisa que eu não tenho... – ela ria, e sua risada já me fazia sentir o pau inchar nas calças, era doce, energética e simplesmente sedutora.

- Bom, eu preparei duas surpresas. Primeiro, jantar, vamos ao barco flutuante no Riacho Grande.

- Serio? - ela abria um enorme sorriso pra mim. Era o lugar que seus pais a levavam muito, era próximo da casa deles na época, quando meus primos eram vivos.

- Sim...

Ela se acendia pra mim, e eu só podia agradecer, porra, era perfeito cada momento. Tinha que ser.

Jantávamos, enquanto falávamos de tudo, ela era inteligente e engraçada na medida certa, se interessava por qualquer besteira que eu falava. E eu ainda não tinha encontrado uma oportunidade de falar da viagem. Ainda não era hora.

- Amanda?

Viramos e lá estava sua irmã, com mais uma menina que pensei ser uma das nossas primas também, Fernanda.

- Marina, oi. – ela ficou roxa. E eu nervoso. A noite ia por água a baixo...

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