Capítulo 43 - Amanda

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Foda é você estar no melhor e pior momento da sua vida e se sentir dentro de liquidificador, se misturando a tantos sentimentos que nem sabe mais qual sente primeiro. Medo, ódio, raiva, amor, felicidade, esperança, fé, e acima de tudo uma vontade filha da puta de quebrar a cara do Mauricio!

Eu estava andando de um lado pro outro, na recepção da porra do hospital mais próximo do sitio, tava um inferno de lotado, caralho, trabalhar em um já é difícil, mas depender dele pra alguma coisa! Aff, às vezes tenho vontade de não ser brasileira, brasileira e pobre.

Claro, que eu sabia que isso tudo era por causa do nervosismo que eu estava sentindo. Tinha uma quantidade enorme de gente ali sofrendo por alguém igual a mim. Por algum filho, irmão, amigo, pai ou mãe. É, estávamos na mesma porra de barco.

Thiago estava sentado, me observando, ficamos calados o caminho inteiro, afinal, não tinha clima pra conversamos sobre nós! Eu via no olho dele a decepção que se espalhava. Claro, eu sempre soube que ele queria ser pai, ter uma família.

E quando ele me pediu em casamento, a única coisa que pensei era que ele podia finalmente ter aceito que eu ainda não estava preparada para o pacote completo, poxa tantas pessoas casam e vivem anos sem ter um filho, eu podia ser uma dessas pessoas. Nós podíamos ser. Eu não conseguia me ver sendo mãe, simplesmente isso.

- Calma Amanda... – ele disse baixo, puxando meus dedos.

- Calma é uma coisa inexistente no meu vocabulário nesse momento – eu falei com raiva.

- Vem cá... – ele me colocou no colo dele, relutante -... Ela vai ficar bem, eu sei disso.

- Como você sabe disso?  Como?  Me diz?  Porra, eu queria entrar lá, eu podia ajudar, eu podia fazer mais por ela...

- Mas você já faz amor...

- Faço?  O que?  - levantei e continue a rodar como uma barata tonta na frente dele – Eu simplesmente foi egoísta o bastante pra dar graças a Deus que não era eu a fazer aquele teste... E sabe o que EU fiz?  Eu a larguei sozinha lindando com isso...

Ele continuou a me olhar após ter falado mais uma vez sem pensar, porra alguém podia aproveitar e suturar a minha boca!?  

A porta de entrada da recepção abriu com violência, e Mauricio veio correndo.

- Cadê ela?  - ele disse pra gente, visivelmente nervoso.

Ah, mais eu estava mais, muito mais nervosa que ele, eu estava espumando mais que cão raivoso, eu estava borbulhando de raiva.

- VOCÊ... – comecei a empurra-lo, dando tapas nele -... Você tem noção do quanto mal você fez a ela, seu retardado, filha da puta...

Eu gritava, e batia nele até que senti Thiago me puxar pra trás.

- Pare com isso Amanda, por Deus, estamos em um Hospital.

- FODA-SE, eu quero torcer o pescoço desse cusão. Juro que se algo acontecer a ela eu te enterro antes, ouviu... – estiquei os braços tentando pegar ele, mas Thiago me erguia e puxava com tanta facilidade que me senti inútil.

- Senhor, se não conter ela, infelizmente terei que pedir que saiam, isso é um hospital. – o segurança nos encarava, e fui murchando aos poucos.

- Desculpe! – disse envergonhada, tentando me recompor, colocando meus cabelos no lugar, e me soltando de Thiago.

- Amanda... – Mauricio começou a falar.

- NÃO... Fale comigo. – fui até o balcão em busca de informações, deixando os dois pra trás. Eu precisava de noticias, fazia quase vinte minutos que estávamos lá e nada. Porra, logo eu ia ter um troço.

Enquanto esperava a recepcionista dissimulada olhar na telinha do computador dela por alguma informação, olhei pra trás e vi Thiago e Mauricio, sentados lado a lado, meu noivo abraçado a seu amigo, que visivelmente chorava, sabia que era foda pra ele também, afinal foi tudo tão rápido, mas porra se ela contou o que estava acontecendo ele devia no mínimo tê-la tratado melhor, não a pressionado, gritado e a feito passar tanto nervoso.

Eu queria que tudo saísse bem, que eu não tivesse visto decepção no olhar de Thiago, de ter achado que todos iam ficar felizes como eu tinha ficado com nosso relacionamento, que Amanda pudesse ser tão feliz quando eu, que Mauricio a fizesse esquecer os erros do passado e os medos paranoicos dela.

Claro que era pedir demais! Afinal se a vida fosse fácil, não teria graça né?  Nesse momento senti tanta falta da minha mãe, ela estaria comigo no colo, fazendo cafuné e dizendo que tudo iria ficar bem, e eu com certeza estaria acreditando, por que afinal as mães nunca mentem!

- Parente de Marcela Rezende Santos. – gritou um enfermeiro, na porta de entrada para área restrita do pronto socorro, por onde minha amiga tinha passado.

Eu voei ate ele, já sentindo Thiago e Mauricio no meu calcanhar.

- Eu. – falei quase sem ar.

- Você é o que dela?  - ele olhou pra mim.

- Sou... Sou irmã. O que aconteceu?  - senti meu coração estar dentro do meu cérebro quase me fazendo ter um derrame de tanto nervosismo.

- Mauricio?  É você?  - ele olhou atrás de mim e o vi confirmando com a cabeça – Ela quer te ver.

O QUÊ?  Como assim ela quer ver ELE?  Tá eu devo tá precisando de um Gardenal ou coisa do tipo, porque eu estava me descabelando e quase tendo um colapso nervoso e ela pede pra ver o cara que fez tudo isso acontecer, não, não, não, era um pesadelo tudo isso.

- Acho que tem algum engano... Eu, eu quero vê-la. – disse quase chorando.

- Senhora, ela pediu pra ver o Mauricio, logo poderá vê-la. Eu tenho que voltar, venha comigo.

E assim Mauricio sumiu pela porta com o enfermeiro, logo sentia Thiago me puxar pelo braço e me sentar na cadeira, enquanto ainda estava em estado de choque.

Será que o pior tinha acontecido? 

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