Tá, não vou mentir, mas essa vida de “casadinho” com Amanda me faz ter menos vontade de contar a ela sobre a porra da viagem, dormir com ela em meus braços quase todos os dias, jantar com ela, ficar abraçado vendo idiotices na TV (principalmente novelas, eu simplesmente ODEIO), mas tudo era perfeito e desencorajador, eu sei, eu sei, to enrolando pra porra, e foi o que Mauricio me disse no dia seguinte da minha surpresa “médica” com a Amanda após pedir que remarcasse minha entrevista com a tal da Maria Diana, não tava com cabeça pra avaliar ninguém.
- Mano, não podemos adiar demais essas decisões, os chineses são nosso maior negocio Thiago, essa decisão já estava tomada.
- Eu sei, eu sei porra... – andei de um lado pro outro –... Entendo tudo isso, mas é que eu achei que nunca mais teria Amanda, ela tinha me dispensado, e pensei que tudo o que me restava era viagem, era me afundar em trabalho, mas agora... Acho que não posso fazer isso agora Mauricio, tem que ter uma maneira de adiarmos essa viagem, pelo menos até eu ter tempo suficiente com ela e não correr o risco de perder a mulher da minha vida.
- Ai cacete, agora que nossa vida profissional está começando a decolar, vem esse drama! Parece que estamos numa porra de uma novela mexicana...
- E você vem falar isso pra mim? Eu to com quase quarenta anos, to ficando velho, cansado e enlouquecido por essa mulher que desejei quase a minha vida toda, caralho, e quando ela finalmente entra na minha vida eu faço a merda de tomar uma decisão que coloca tudo a perder, eu sou um bosta, um bosta sem tamanho...
Ele ficou me olhando por um momento, pensando, enquanto eu andava pela sala dele, com o contrato que tínhamos assinado. A multa era muito alta para quebrar, e podia falir toda a empresa, acabar com emprego de muitos e com o sonho de dois Zé ninguém que tinham tido sorte uma vez na vida.
- Você a ama demais não é cara? - ele me encarava, com olhar triste.
- Porra, como nunca achei que poderia amar uma pessoa, cara é foda, essa coisa de “viver sem um alguém” existe... – voltei a olhar pela janela -... Quando ela disse que me amava era como se tudo começasse a fazer sentido, e que o resto não importava mais, sabe?
- Hum... – ele disse olhando para a mesa. Por um momento pensei tê-lo visto refletindo sobre si, enquanto eu me abria e lamuriava as cagadas que tinha feito. – Sei. Sabe, nunca te vi tão feliz com alguém Thiago. Talvez isso seja amor verdadeiro, daqueles que a gente sonha quando é um adolescente retardado, e que ridiculariza quando vira um adulto fudido...
- É... Acho que no fundo, as mulheres sempre foram preparadas para esse tipo de sentimento romântico e maluco e isso explica porque elas sejam todas meio malucas quando o sentem, caralho, porque às vezes nem eu sei nem o que fazer com tudo o que sinto por ela mano.
Ele olhou pra mim sério, como nunca o tinha visto ficar em todo esse tempo que nos conhecemos.
- E algumas mulheres simplesmente não nasceram para amar... – ele sussurrou mais pra si do que pra mim.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, eu perdido em cada momento que estive com a pessoa que mais desejei nesse mundo, meu sonho, minha obsessão, meu prazer, e tentando ganhar forçar para encarar que estava sem saída, que tinha feita a promessa, mesmo sabendo que eu era um filha da puta mentiroso que não tinha como cumpri-la.
- Acho que posso ir... – ele falou depois do que parecia horas, virei em sua direção e o vi olhando pra mim, mas não realmente olhando, parecia perdido em pensamentos.
- Como é? - virei pra ele confuso.
- Acho que posso ir, afinal não fiz promessa nenhuma a ninguém. – ele riu tentando parecer confiante na decisão dele, porra, isso é que era amigo – Você tem uma história com Amanda, algo maior do que eu acho que terei um dia com Marcela...
- Está falando serio Mauricio? E quanto você e a Marcela?
- O sexo é maravilhoso, não vou mentir, porra, quando ela se entrega é... Enfim, o problema é quando não estamos gemendo e fudendo!
Ambos rimos com a frase sincera dele.
- Você a ama? - fui direto.
- Se amar é querer que a pessoa não fuja na manhã seguinte de uma noite de sexo selvagem e de total loucura e ainda querer a pessoa mais irritante e incrível que já conheceu... É, então acho que amo. – ele levantou e parou na minha frente – Eu acho que ela ainda quer apenas se divertir, como queria quando nos conhecemos há dez anos. Uma viagem pode mudar muitas coisas.
- Você quer mesmo fazer isso? - não queria sacrificá-lo, não era uma coisa tipo, ir daqui até o litoral. Era do outro lado do mundo, por seis meses.
- Bom, se você me colocar muito pra pensar, acho que posso mudar de ideia... - ele sorriu suavizando a feição entristecida - PORRA, te conheço brother, não quero levar nas costas a culpa de sua tristeza infinita quando estiver um velho esclerosado e caquético, daqui uns dois anos. Alias, acho que sei mais sobre a parte técnica do software do que você.
- Filho da puta... – fui de encontro com ele, dando um abraço de urso e vários tapas nas costas - ... Porra!
Tá, homens não são tão expressivos quando se emocionam então nos restringimos aos xigamentos variados, abraços de desmontar e tapas carinhosos.
- Tá, tá seu viadinho, chega de emoção, não to te pedindo em casamento, deixa isso pra Amanda seu velho. Bom como já conheci a tal interprete, e sinceramente gostei dela, acho que dará certo com ela, mas acho que não custa nada você a conhecê-la.
- Claro, e quando vai contar a Marcela?
- Bom acho que agora que ela me promoveu na relação, como diz ela “PA”, posso esperar pra contar quando estiver mais próximo da viagem, afinal, passaremos mais tempo nos amando e menos tempo nos matando, se é que me entende...
-Vem vamos, o almoço é por minha conta, assim podemos traçar um plano pra você contar para ela sobre isso e sobre a tal interprete... – sabia o quanto ele a amava, e quanto ele estava tentando não se perder em uma relação de amor platônico, podem falar o que quiser, mas quando uma mulher quer fuder com o coração de um cara, ela acaba criando um cafajeste, e eu não queria que ele virasse um, mesmo que isso significasse ele tomar uma decisão dessas. Eu tinha em mente algo que faria a decisão dele valer a pena. Eu estava fadado a fazer isso desde que Amanda tinha entrado na minha vida. E ia ser na festa do cunhado dela que tudo ia mudar.
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CONCEDA-ME SEU PRAZER
RomanceThiago Nunca fui chegada em histórias de amor, nem em grandes finais românticos. Mas quando envolvia a minha vida, a coisa era outra. Não sou um cara de meias atitudes, nem de deixar oportunidades passar. Eu sempre a quis, e eu ia ter ela pra mim...