- Você é pior que eu... Mas que saco em Marcela. – ela tinha toda aquela pose de mulher independente, pega e não se apega, e agora estava toda sentida porque Mauricio não lhe deu atenção.
- Ah não enche Amanda e desliga essa porra de radio.
- Já sei a frase que cai bem pra você, “macaco que senta encima do rabo...”.
- Nem me fale de rabo, meu cú ta estranho, e tenho certeza que Mauricio batizou ele.
Cai na risada, ela tava de zoação comigo né, ela a toda cheia de experiência, tinha feito a primeira vez de sexo anal com Mauricio? E ainda bêbada?
Olhei pra ela incrédula.
- O quê? Tá, eu já tinha tentado antes, mas porra, dói pra cacete, e no final acho que cú de bêbado não tem dono mesmo. – ela respondeu nervosa.
Nos olhamos e começamos rir de quase nos mijar, enquanto chegávamos ao hospital.
- Tá, mas fala a verdade, tá apaixonada por ele, não esta?
Ela fechou a cara na hora e seguiu em silêncio ate a entrada do hospital, sabia que eu tinha razão no que dizia, ela não precisava nem falar. Mas ela parou e olhou pra mim, enquanto batíamos o cartão.
- Acho que sabe como é difícil assumir algo que evitou a vida inteira não é Amanda?
E eu sabia. Eu queria tanto alguém na minha vida como Thiago, que todos os outros eram errados, problemáticos, rápidos, estranhos e definitivamente, não eram os certos. Mas no final o problema não era o que era certo ou o que era errado, mas sim era o que eu queria, e passei a lutar contra isso, pelo fato de não ser o que os outros queriam.
As palavras de Thiago ainda estavam na minha mente. Ele tinha razão quanto a não pagarem nossas contas, e eu sabia disso, mas nosso lance de família é mais complicado do que parece, tipo A Grande Família, muito unida e também muito ouriçada!
Porra, acho que podia começar pelo lado mais fácil, contar para minha irmã, Marina. Ela era mais “moderninha”, cacete ela tinha dado pro noivo sem ao menos saber que era ele, no elevador do prédio deles.
- Ai, Amanda, porra to precisando ir para o banheiro. Segura as pontas aí...
Marcela tava mals, tipo muito. Era uma mistura de peso na consciência, com ressaca e diarreia, isso era de se esperar. Se não fosse trágico seria cômico. Ria muito a cada volta do banheiro dela, ela estava com a cara pior do que os pacientes que ministrávamos medicação na sala.
- Créeeedo menina, que cara! – esse é Fred o afeminado da nossa ala.
- Vai se fuder Fred... – ela sussurrou pra ele. Eu só ria e tentava fazer meu trabalho.
- A-DO-RO, e você sabe que isso não é ofensa pra mim... – ele ria e jogava o cabelo imaginário dele pra trás. Tinha minhas duvidas mas achava que ele era tipo gilete, cortava pro dois lados, pegava tanto menina quanto menino.
Ele era nosso passatempo favorito no Hospital Maternidade Santa Joana, que fica no Paraíso, mas hoje ali não tinha nada de paraíso pelo menos pra Marcela. Fred era um pouco mais novo que nós duas, e era auxiliar de enfermagem, cara boa pinta, bonito, se vestia bem, mas totalmente e completamente veado, gay, assumidaço, do tipo Vera Verão! Mas o que me fazia duvidar era os olhares devoradores nas bundas e peitos de algumas mulheres que o via dando, caralho, ria muito das suas histórias e ele era a alegria dos pacientes também.
- Diz aí meninas qual das duas está dando pro cara delicia que está lá na recepção com um buque glorioso nas mãos, porque se não for nenhuma das duas, gente eu dou! Como dou, com ou sem buque!
Olhei para Marcela e ela me encarava irritada.
- Será que ele faria isso? Não, não faria isso! – Marcela disse. Seguimos para a recepção em um jato e lá estava Mauricio, parado, com um pequeno buque e sorrindo para a gente.
Era fofo, mas ele ainda não tinha entendido como a Marcela funcionava, pra falar a verdade acho que nem a própria retardada da Marcela sabia. Cacete, eles eram lindos juntos, será que não viam? Será que eu era assim com o Thiago?
- Que porra é essa que você esta fazendo aqui Mauricio? - Vi ela falar entre dentes pra ele.
- Vim dizer que... Vim, pedir desculpas ... – ele ainda sorria, meio fraco meio acanhado.
- Eu, ai Mauricio, que merda, aqui é meu trabalho, quer que perca o emprego porra!
Aquela altura, já tínhamos uma quantidade razoável de bisbilhoteiros entre pacientes e funcionários assistindo de camarote a cena.
- Não, quero que você aceite as flores e venha jantar comigo amanhã? E não sairei daqui com um não... – ele a puxou mais perto de si e lascou um beijo quente de encharcar a calcinha da mulherada e do Fred.
- Uhuuuuuuuuuuuuuuu – era uníssono de todos presenciando aquele momento fofo, eita povo que não tem roupa pra lavar em casa. Por momento nem parecia hospital, brasileiro gosta de um “fusuê”.
Ela estava de olhos fechados e sorrindo após o final do beijo, com aquela cara de fudidamente perdida por esse cara, e ele sorria já tendo a reposta dele.
- Seu maluco... – ela tomou o buquê da mão dele sem cerimônia e tentando não mostrar o quanto estava feliz, fechou a cara e soltou um “Tanto faz”.
- Amanhã, às 20hs. Na minha casa... Eu cozinho baby. – ele sussurrou no ouvido dela. E saiu, colocando um enorme sorriso na boca.
Puta que pariu, isso foi incrível, ele surge tipo do nada, com aquele ar de o cara mais caralhudo do lugar, cheio de marra, e faz uma puta de uma surpresa pra ela. Eu acho que eles estão mais fudidos do que eu e Thiago.
- Galera vamos trabalhar, o show acabou... - O humor de Marcela voltou num estalo. Ela ainda dava um sorrisinho maroto no canto da boca, mostrando que estava encantada com a atitude dele.
- E ai, agora ele subiu no seu conceito ou não? - perguntei, enquanto senti o celular vibrar no meu bolso.
Era Thiago.
“Sua amiga gostou da surpresa?”
“Isso tem dedo seu né?”
“Talvez, mas acho que a sua surpresa vai ser melhor... Ele está apaixonado, da um desconto”.
“É e ela está de quatro por ele”. Respondi, ainda pensando que raio de surpresa era essa, comecei a sentir meu estomago embrulhar.
“Hum, e você está de quatro por mim amor?”.
Fiquei olhando aquela mensagem e me perguntando se Marcela não era a única a estar fudidamente perdida por alguém.
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CONCEDA-ME SEU PRAZER
RomanceThiago Nunca fui chegada em histórias de amor, nem em grandes finais românticos. Mas quando envolvia a minha vida, a coisa era outra. Não sou um cara de meias atitudes, nem de deixar oportunidades passar. Eu sempre a quis, e eu ia ter ela pra mim...