Essa é a verdade. Escrever é um ato de fé.
Sem inspiração divina, vários textos inacabados, bloqueios horrorosos e cerca de 12 vezes ao dia, uma vontade de sentar, desistir e chorar. Não especificamente nessa ordem.
Muitos correm atrás de cursos pa...
Espero que você esteja com tempo, por que hoje é dia de Senta que lá vem a história...
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Em A Flor e o Beija-Flor, a Pont des Arts já está à vista e as lembranças agitam-se na mente de uma senhora como ansiosas dançarinas aguardando a deixa pra entrar no palco. A curiosidade da neta foi o que bastou para que as cortinas finalmente se abrissem e os holofotes esparamassem sua luz sob um certo outono de 1942, onde Astrid Blum, na dispensa escura de sua casa, deu de cara com o grande amor da sua vida.
* Não tem nenhum ponto negativo relevante a citar, mas uma coisa que eu senti falta, foi um maior aprofundamento em certas questões que a autora levanta durante a narrativa. Não sei se a intenção era fazer uma história mais curta, uma lembrança rápida onde parte do conteúdo é omitido ou esquecido. Memória humana é um negócio escorregadio, não é?
Questionei isso depois que a leitura acabou e concluí que a narrativa não quis abranger essas problemáticas e focar na história de amor. Até aí, tudo bem. Porém, citar a automutilação e os terrores da guerra como parte da protagonista e não trabalhá-los mais a fundo pode soar como deslize na construção de personagem. A história se beneficiaria e muito dessas discussões e o todo da obra ganharia amarras mais firmes, assim como a relação amorosa que se desenvolve nela.
Mas isso foi uma impressão pessoal minha. A autora soube transmitir muito rapidamente a dor de Astrid, mas tudo ganharia mais peso se essas questões ganhassem mais espaço na trama.
Editado: Gente, a autora chegou para mim nos comentários e esclareceu que a história foi escrita para um concurso na qual os autores tinham apenas 2000 palavras para desenvolver o conto. Dessa forma, a trama teve que ser mais enxuta para caber na proposta. Mas, poxa, eu queria ver mais do Samuel e da Astrid. Será que rola uma versão estendida? Nunca te pedi nada.
PONTOS POSITIVOS:
A História Vista de Baixo: Durante muito tempo, a História com "h" maiúsculo, foi escrita a partir dos mapas e dos grandes nomes que figuraram esses períodos através do tempo. Se fôssemos falar de Segunda Gerra Mundial, iniciaram-se narrativas sobre Winston Churchill e Adolf Hitler, veríamos como o mundo ficou dividido pelos lados desse conflito e como os combates armados evoluíram. A partir da década de 70, um movimento conhecido como, História Vista de Baixo, começou a se popularizar entre os historiadores que passaram a explorar a pequenas histórias que se desenvolviam nas entrelinhas. Por exemplo, histórias de refugiados, o drama de quem foi retido em um campo de concentração, as cartas dos soldados para as famílias...
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Esse enfoque no sentimento e aflições do indivíduo comum, começou a se provar mais rico que o panorama geral e essa tendência, que se estendeu através dos anos, nos brindou com várias dessas histórias, como, Vozes de Chernobyl que reflete sobre as consequências do maior desastre natural da história, o excelente Todo Dia a Mesma Noite que discorre sobre o antes e depois do incêndio na boate Kiss e o cultuado O Diário de Anne Frank, que dispensa apresentações.
— Tá, aula de história. Beleza. Mas podemos voltar para a resenha?
— Tudo bem.😒
Me desculpem por isso. Brigas internas. Acontecem com mais frequência do que eu gostaria.
A autora consegue explorar muitos elementos dessa História Vista de Baixo na sua história.
Apesar do contexto de Segunda Guerra, nos focamos na trajetória de Astrid Blum que encontrou seu amor no momento mais inoportuno de todos. O interresante é que a história é apresentada pela personagem vários anos depois que a guerra já tinha acabado e uma das marcas registradas da História Vista de Baixo é que os estudiosos se encontravam com essas pessoas já idosas e ouviam seus relatos.
Por isso, acho que há uma certa aura aconchegante na narrativa, como se a autora nos convidasse para tomar café e jogar conversa fora.
Metáfora como arma de roteiro: Assim que eu vi o título da história, aquela música sertaneja começou a tocar na minha cabeça. Que tem uma letra muito bonita por sinal.
— Santa Literatura!. Música sertaneja como referência? O que você acha que vão pensar se...
Calado!
Adoro a forma como a autora usa a metáfora do título como uma maneira de atiçar a curiosidade do leitor. Você fica: Meu Deus, o que será essa flor e o beija-flor?
Se estivéssemos em uma história de fantasia, esse seria o momento em que a bruxa faria um profecia. Quando essa metáfora se cumpre é como uma pequena recompensa pelo investimento do leitor. Há muitas histórias cujo o título tem muita relevância e quando descobrimos o motivo por trás dele... pode ser uma experiência muito interessante.
Link da obra no comentário embutido➡
SOBRE O LIVRO:
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