O preconceito é um fenômeno social que existe desde que conseguimos lembrar, enraizado aqui de diferentes maneiras. O errado é sempre o outro, já que nossos próprios valores são as referências. Assim, existem os preconceitos racial, de gênero, linguístico e, por que não, literário.
Já adianto que ler não é garantia de cultura e maturidade. Muitos dos membros mais antigos da minha família, por exemplo, tiveram que dar prioridade a enxada do que a sala de aula. Entretanto, notei que eu tinha muito mais a ouvir do que falar quando estava com eles.
É um fato. Somos seres sociais. Grupos, panelas, cardumes.
E quando começamos a explorar e conhecer notamos que nosso gosto, por mais estranho que seja, é diferente do de muitos outros.
Os gêneros literários são inúmeros, mas uma parcela de leitores acha que só um tipo é válido: o que se considera culto.
Além de menosprezar os outros por suas leituras, esses pseudocriticos levam consigo a bandeira do Diga não aos best-sellers.À vocês que leram o capítulo sobre gêneros, existia algum intitulado best-seller?
Exatamente. Não.
Os livros que vendem muito não são iguais. Grandes nomes como Victor Hugo(Os Miseráveis) e Goethe( O Sofrimento do Jovem Werther) já foram best-sellers, e aí?
Não me entendam mal, não sou contra a leitura de clássicos, mas o garotinho que se divertia lendo outdoors e placas de rua, nem sonhava com Graciliano Ramos e o " Machado" que abriria sua cabeça para esse mundo dos clássicos.
NENHUM LEITOR DEVE SER JULGADO POR SUAS ESCOLHAS DE LIVROS.
Ler clássicos não me impede de gostar de Jogos Vorazes e Harry Potter.
Por falar em Harry Potter, cansei de ouvir professores dizendo para ler Dom Casmurro por que essa é a literatura que fica. O resto é tudo passageiro.
Devo dizer que o jovem bruxinho tem formado um grupo de seguidores fiéis há mais de 20 anos e é lembrado com carinho pela opinião crítica.
Ah, mas são um bando de alienados, distraídos com essas baboseiras!
O site Revista e Educação promoveu a discussão sobre o desafio da formação dos leitores e duas professoras declararam o seguinte:
"O importante é desenvolver a prática e promover a avaliação sobre o que se está consumindo" (Zoara Failla, do Instituto Pró-Livro.)
"Acho muito bom que os jovens leiam esse tipo de texto, mesmo que muitas vezes o mundo adulto os desqualifique. Depois, é só consolidar esse interesse e oferecer os clássicos, para os quais os mais novos ainda não têm fôlego".(Gilda Carvalho, da Unesp)
Percebeu?. Em nenhum momento, os leitores são julgados. Os livros são colocados sobre avaliação.
Nada de ficar obrigando os alunos a ler os clássicos. O importante é a promoção do hábito de ler, quando as raízes se formam o aluno dá os primeiros passos nos clássicos. É um prazer plantado que pode fazer com que isso seja uma ação por conta própria.
Sem drama.
Existem livros ruins, não posso negar. Mas é so através da leitura que o gosto refina e evolui.
John Green pode, sim, levar a Tolstoi, mas forçar a leitura leva à desistência.
Às vezes, é a própria leitura culta que sofre preconceito. Talvez paguem a conta dos pseudo-intelectuais sem que tenham nada a ver com isso. Muitas vezes, comentar que está lendo James Joyce, por exemplo, leva alguns a torcerem o nariz, a acharem que o comentário é apenas para se mostrar inteligente, quando na verdade o leitor só quer ter com quem conversar sobre a leitura. O preconceito é ruim de qualquer forma e essa conversa de que quem só lê clássicos ou livros "difíceis" é um chato ou coisa parecida é tão ruim quanto julgar os que leem best-sellers.
Outra coisa que tem muita relação com isso são os escritores de fanfics.
Eles não são escritores!
Muitos autores começaram escrevendo esse tipo de texto e não há motivos para tantas represálias. Talvez pelo nível baixo que muitas histórias apresentam, faça torcer o nariz de muita gente, mas nada ao ponto de dizer que eles não são escritores.
O importante é não perder o prazer pela leitura. Que os best-sellers se tornem clássicos e vice-versa sem nenhuma objeção ou constrangimentos. Gostar e desgostar sem desrespeitar a opinião alheia.
Que todos possam ter um lugarzinho na prateleira.
Deixe aí nos comentários a sua opinião sobre o assunto, se concorda ou discorda de mim. Espero que o capítulo tenha ajudado a trazer esse assunto a discussão e também que você tenha gostado.
Até o próximo capítulo.😃
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#Destrinchando
De TodoEssa é a verdade. Escrever é um ato de fé. Sem inspiração divina, vários textos inacabados, bloqueios horrorosos e cerca de 12 vezes ao dia, uma vontade de sentar, desistir e chorar. Não especificamente nessa ordem. Muitos correm atrás de cursos pa...