Seja na literatura ou qualquer outra mídia que se propõe a contar uma história, as tramas geralmente podem ser divididas em duas curvas principais: a dramática e a dinâmica.
Elas são capazes de ditar o rumo e o ritmo em que as coisas acontecem na sua obra, podendo ser grandes aliadas quando você for revisar o seu texto. Mas, calma. Já, já falamos sobre isso.
A curva dramática apresenta todos os tópicos no quesito construção de mundo, que incluem também as personagens. Já a curva dinâmica nos dá tudo aquilo que movimenta a trama: aquela coisa no ponto A que levou ao ponto B.
Exemplos:
Dinâmica: A irmã mais velha da sua protagonista desaparece. A família contrata o detetive mais habilidoso da cidade. Uma carta de despedida é encontrada no quarto da garota e ao mesmo tempo seu cadáver boiando em um lago.
Dramática: Já fazem cinco anos que a mãe delas faleceu e a mais velha nunca esteve mais deprimida. No dia do desaparecimento, insistia que queria dar um mergulho.
Quando o detetive chega a casa e vê as fotos da menina, percebe que ela compartilha os mesmos traços da garota da qual ele nunca foi capaz de encontrar o assassino e conforme desvenda as pistas desse novo caso, teme que isso se repita.Percebeu a diferença?. Cada uma delas guiam coisas distintas através da trama e acabam por trabalhar juntas na construção dela. O ideal a se fazer no texto é manter as curvas andando juntas, nunca deixando que uma se sobreponha a outra. Por exemplo, se for se aprofundar no passado do detetive, não esquece de continuar estabelendo pistas para que ele continue sua investigação.
Mas o que raios isso tem a ver com a redundância em um texto?
Tudo.
Toda vez que estiver construindo uma cena, se pergunte duas coisas. Ela te ajuda a tocar a trama em frente? Revela mais algum detalhe do mundo ou das personagens?
Se ela não seguir nenhuma das curvas narrativas, corte.
Então, quando for revisar, leve a Dramática e a Dinâmica junto para não errar.
Outras dicas para evitar redundância:
Seja sucinto: Não precisa ficar dando voltas na sua narrativa, nos momentos em você puder ser direto, seja sem nenhum pudor. Não caia em uma linguagem rebuscada, se consegue usar o "pode" não precisa apelar para o "pudera".
Não repita ideias:
"Ela era bonita. Seu rosto era como de uma escultura em mármore polido, os olhos púrpura carregando doçura e violência na mesma medida."
Perceba que a ideia de beleza é citada duas vezes nesse trecho: quando o narrador fala diretamente e logo após cita várias características que marcam essa ideia na cabeça do leitor. Nesse caso, você pode cortar a primeira frase e deixar a cargo do resto da passagem de expressar a imagem de personagem bela. Além disso, a regra "mostre, não conte" agradece.
A questão revisão é muito pessoal e varia de autor para autor. Você pode criar suas próprias regras e decidir que coisas manter na sua história. Acho que a essa altura do Destrinchando, já deve estar claro o quanto o mundo literário pode ser relativo. Tem sempre novas regras chegando para quebrar o que foi dito antes, mas espero que esse capítulo tenha te ajudado.
Ah, muito obrigado ao LucasAlmeida571 por trazer a questão para mim e desculpe se demorei muito para entregar o conteúdo. ☺
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É isso. Mais um capítulo. Deixe seu voto e comentários se o conteúdo te agradou.
Ah, aproveitando que hoje é o Dia Internacional da Mulher, primeiro agradeço e parabenizo a todas as minhas leitoras. E pensar que há algumas décadas atrás a única coisa que vocês poderiam fazer era se preparar para ser uma dona de casa. Continuem expressando suas ideias e não se esqueçam de todas que levantaram bandeiras para que isso fosse possível hoje.
Aproveita e deixa nos comentários, as personagens femininas que te inspiram ou que te marcaram de alguma forma. 😎
Até a próxima.
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#Destrinchando
RandomEssa é a verdade. Escrever é um ato de fé. Sem inspiração divina, vários textos inacabados, bloqueios horrorosos e cerca de 12 vezes ao dia, uma vontade de sentar, desistir e chorar. Não especificamente nessa ordem. Muitos correm atrás de cursos pa...