Escrevendo#29 - Redundância e curvas narrativas

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Seja na literatura ou qualquer outra mídia que se propõe a contar uma história, as tramas geralmente podem ser divididas em duas curvas principais: a dramática e a dinâmica.

Elas são capazes de ditar o rumo e o ritmo em que as coisas acontecem na sua obra, podendo ser grandes aliadas quando você for revisar o seu texto. Mas, calma. Já, já falamos sobre isso.

A curva dramática apresenta todos os tópicos no quesito construção de mundo, que incluem também as personagens. Já a curva dinâmica nos dá tudo aquilo que movimenta a trama: aquela coisa no ponto A que levou ao ponto B.

Exemplos:

Dinâmica: A irmã mais velha da sua protagonista desaparece. A família contrata o detetive mais habilidoso da cidade. Uma carta de despedida é encontrada no quarto da garota e ao mesmo tempo seu cadáver boiando em um lago.

Dramática: Já fazem cinco anos que a mãe delas faleceu e a mais velha nunca esteve mais deprimida. No dia do desaparecimento, insistia que queria dar um mergulho.
Quando o detetive chega a casa e vê as fotos da menina, percebe que ela compartilha os mesmos traços da garota da qual ele nunca foi capaz de encontrar o assassino e conforme desvenda as pistas desse novo caso, teme que isso se repita.

Percebeu a diferença?. Cada uma delas guiam coisas distintas através da trama e acabam por trabalhar juntas na construção dela. O ideal a se fazer no texto é manter as curvas andando juntas, nunca deixando que uma se sobreponha a outra. Por exemplo, se for se aprofundar no passado do detetive, não esquece de continuar estabelendo pistas para que ele continue sua investigação.

Mas o que raios isso tem a ver com a redundância em um texto?

Tudo.

Toda vez que estiver construindo uma cena, se pergunte duas coisas. Ela te ajuda a tocar a trama em frente? Revela mais algum detalhe do mundo ou das personagens?

Se ela não seguir nenhuma das curvas narrativas, corte.

Então, quando for revisar, leve a Dramática e a Dinâmica junto para não errar.

Outras dicas para evitar redundância:

Seja sucinto: Não precisa ficar dando voltas na sua narrativa, nos momentos em você puder ser direto, seja sem nenhum pudor. Não caia em uma linguagem rebuscada, se consegue usar o "pode" não precisa apelar para o "pudera".

Não repita ideias:

"Ela era bonita. Seu rosto era como de uma escultura em mármore polido, os olhos púrpura carregando doçura e violência na mesma medida."

Perceba que a ideia de beleza é citada duas vezes nesse trecho: quando o narrador fala diretamente e logo após cita várias características que marcam essa ideia na cabeça do leitor. Nesse caso, você pode cortar a primeira frase e deixar a cargo do resto da passagem de expressar a imagem de personagem bela. Além disso, a regra "mostre, não conte" agradece.

A questão revisão é muito pessoal e varia de autor para autor. Você pode criar suas próprias regras e decidir que coisas manter na sua história. Acho que a essa altura do Destrinchando, já deve estar claro o quanto o mundo literário pode ser relativo. Tem sempre novas regras chegando para quebrar o que foi dito antes, mas espero que esse capítulo tenha te ajudado.

Ah, muito obrigado ao LucasAlmeida571  por trazer a questão para mim e desculpe se demorei muito para entregar o conteúdo. ☺

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É isso. Mais um capítulo. Deixe seu voto e comentários se o conteúdo te agradou.

Ah, aproveitando que hoje é o Dia Internacional da Mulher, primeiro agradeço e parabenizo a todas as minhas leitoras. E pensar que há algumas décadas atrás a única coisa que vocês poderiam fazer era se preparar para ser uma dona de casa. Continuem expressando suas ideias e não se esqueçam de todas que levantaram bandeiras para que isso fosse possível hoje.

Aproveita e deixa nos comentários, as personagens femininas que te inspiram ou que te marcaram de alguma forma. 😎

Até a próxima.

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