Se você não tem o estômago fraco para descrições sem cortes do processo de embalsamamento e do submundo funerário, cola comigo que esse livro é pra você.
Confissões do Crematório tem como tema central, a morte. E sua autora, Caitlin Dougthy, com uma voz curiosamente vivaz, nos guia por uma jornada de doses autobiográficas e reflexões sobre nossa finitude e como lidamos com ela.
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* Essa leitura foi tão magnética para mim que eu até esqueci que era um possível objeto de resenha. A autora me trouxe para tão perto do assunto que mais parecia uma conversa do que a relação interpessoal de um livro. A leitura não teve pontos negativos relevantes que eu pudesse citar.
Pontos positivos
Não vá longe 2.0: Em capítulos passados, eu citei que muitas vezes você não precisa buscar ideias fora da caixinha para iniciar uma história. Às vezes, coisas do seu próprio cotidiano podem ser excelentes plots, basta saber como olhar.
Ao refletir sobre a morte na juventude e mais tarde atuar como funcionária em um crematório, a autora tinha uma excelente bagagem para esse livro.
Poxa, Wesley. Trabalhar em um crematório é algo fora da caixinha!
Sim. Não é todo mundo que pode bater no peito e dizer que recolheu 10 corpos hoje. Mas o diferencial da obra é a ótica sobre o qual Caitlin Doughty coloca esse tipo de atividade. Ao mesmo tempo em que há aquela típica reflexão sobre mortalidade, há uma crítica ferrenha à como a morte se tornou comércio e os cadáveres, produtos.
Atrelado as experiências dela e aos curiosos fatos de hábitos funerários antigos, a narrativa ganha certa unicidade.
Repetindo: Basta saber como olhar.
Mórbido e vivaz: Ler essa obra deu um sabor diferente na boca. Agridoce, talvez seja o melhor comparativo.
Digo isso porque ao mesmo tempo em que discorria sobre defuntos e os processos detalhados que ocorriam até o funeral, a autora também me brindava com piadas e trocadilhos. Há certa vivacidade na forma como ela narra tudo.
O que pode soar confuso para quem só lê uma resenha, por exemplo.
A narrativa de nenhuma forma tira sarro da morte e mantém certa seriedade ao tratar certos assuntos, mas quando dá espaço para um "alívio cômico", por assim dizer, ela o faz e é capaz de arrancar sorrisos do leitor.
Sabe o meme com The Sound of Silence tocando ao fundo? Seria quase isso. Algo que mistura choro e risada ao mesmo tempo.
SOBRE O LIVRO:
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#Destrinchando
De TodoEssa é a verdade. Escrever é um ato de fé. Sem inspiração divina, vários textos inacabados, bloqueios horrorosos e cerca de 12 vezes ao dia, uma vontade de sentar, desistir e chorar. Não especificamente nessa ordem. Muitos correm atrás de cursos pa...