Em O Sol por Trás das Estrelas, os terráqueos finalmente alcançaram a descoberta mais comum, mas não menos empolgante para todo o amante de ficção científica: formas de vida em outros planetas.
Então... topa conhecer os titanianos? Que tal um android? Tem um clone que o mark-miller iria adorar te apresentar também.
Com uma construção de enredo muito minuciosa e um excelente vocabulário, somos apresentados a uma trama sobre ganância por poder, jogos de traições e amores proibidos.
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* Não tenho nenhum ponto negativo a tratar com essa obra. Me vi tão envolvido com a trama que até esqueci de fazer minhas anotações para essa resenha. Mas, tudo bem, aqui estou para discorrer sobre essa história.
PONTOS POSITIVOS
Vocabulário: Uma coisa que fisga a atenção logo de cara é forma como as palavras são usadas. Dá pra enxergar um certo cuidado de revisão por parte do autor, que vão além do domínio da linguagem, mas também incluí construções coerentes e precisas para transmitir os cenários e personagens desse universo.
Nesse ponto também entra a preocupação com ritmo. O comprimento das frases, a alternância entre curto e longo, ajuda a reforçar a imagem, a cadência, do movimento, do passo a passo da cena.
As frases iniciais já chegam chutando a porta e utilizam frases curtas para instigar o leitor e ao longo da história, há frases longas muito bem pontuadas que permitem ao autor mostrar toda a musicalidade presente na nossa língua.
O Sol por Trás das Estrelas chega para provar o quanto a língua portuguesa é bela e possui várias ferramentas para qualquer um que se propõe a desbravá-la. Por esse motivo, eu fico um pouco chateado com o quanto a literatura foi se rendendo aos estrangeirismos, traço que fica refletido na prática de usar títulos em inglês em livros escritos numa plataforma de língua portuguesa. Além de colocar uma linguagem em detrimento a outra, ainda passa uma mensagem errada de que não valorizamos o nosso próprio vocabulário.
Não quero me aprofundar nisso aqui, mas essa leitura foi uma grata surpresa no que se refere ao uso da linguagem.
Incisos: Não. Esse termo não tem nada a ver com Odontologia. 😆
Dando uma revisada nos capítulos anteriores, eu percebi que eu falei muito sobre diálogos, mas nunca dei uma explanação sobre os incisos.
O que seriam eles?
Os incisos são as inserções do autor no diálogo, ou seja, os trechos como “ele disse”, ou “ ela perguntou”. Além de deixar claro quem fala, eles podem cumprir objetivos como emular o ritmo da conversa, descrever o tom de voz e narrar ações que acontecem simultaneamente ao diálogo. Também podem ser chamados de verbos dicendi.
Na obra em questão, os incisos são usados muito sabiamente e se tornam excelentes aliados na narrativa.
Independente do que muitos possam pensar, os incisos não falam apenas acerca dos diálogos.
– Só temos de atravessar o riacho – disse Julia, enquanto andavam.
– Não sei. – respondeu Humberto, confuso.
No exemplos acima, o inciso teve a função de demonstrar algo mais do que apenas apontar o interlocutor, mostrou uma ação e um estado de espírito, o que prova a versatilidade desse artifício.
Ao usar o inciso, também deve-se escapar do comum. "Disse" é um dos verbos dicendi mais usuais, porém "Murmurou", "Exclamou" e "Protestou" podem adicionar muito mais a sua narrativa. Vale lembrar que essa ferramenta precisa ser quase invisível, então use-a com moderação e criatividade.
A vida, o universo e tudo mais: Não posso ir embora sem antes falar dos personagens e do mundo em que a história se passa. Gosto de como as interações dos personagens acontecem e como o autor desenvolve a relação homoafetiva de uma maneira sincera e sem floreios.
Apesar de partir de uma premissa muito comum a histórias de sci-fi, a evolução dos acontecimentos ocorre de uma maneira muito clara e se abre para problemáticas que tornam a trama muito única à sua maneira. Dá pra ver o excelente trabalho de pesquisa de cunho científico que enriquecem ainda mais a narrativa e o esforço em agraciar os leitores de uma forma visual, desde a capa até as mídias de apoio nos inícios dos capítulos.
Com todas essas características, O Sol por Trás das Estrelas, como disse George.R.R. Martin, é um diamante em um mar de falsos brilhantes. Não poderia haver uma comparação mais pertinente.
SOBRE O LIVRO:
* Se você gostou dessa resenha Diamante, deixe seu voto. Comente também sobre o que achou do capítulo. Se você já leu, ou pretende ler e encontrou outras lições de escrita pode deixar aqui também. Deixem suas considerações sobre os pontos que eu levantei e some sua voz a discussão.
Até o próximo capítulo😊😊😊
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#Destrinchando
DiversosEssa é a verdade. Escrever é um ato de fé. Sem inspiração divina, vários textos inacabados, bloqueios horrorosos e cerca de 12 vezes ao dia, uma vontade de sentar, desistir e chorar. Não especificamente nessa ordem. Muitos correm atrás de cursos pa...