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Um ano antes

Tirar um ano sabático foi uma decisão que Linn tivera que insistir muito para sua mãe deixar.

Após terminar o ensino médio sem nenhuma ideia de qual profissão seguir, a moça decidiu que teria que se encontrar de alguma forma.

Juntou seu salário e mesmo um pouco contrariada, sua mãe a ajudou com o resto para uma viagem.

Londres era o destino.

Experiências era o plano.

Era a segunda semana da morena no país. Morava em um apartamento pequeno, o suficiente para ela.

Olhava pela janela o tempo cinzento de Londres. Pensava em como iria conseguir inspiração para escrever algo novo. 

Linn sempre gostou de escrever, era sua forma de desabafar, mas queria mais que isso. Ela queria uma história para contar, mas tudo que havia acontecido nessas duas semanas foi conseguir um emprego em um brechó.

Linn Somers era estranha e quando tinha um pressentimento, é porque algo ia acontecer. O da vez é de que o dia seria ruim. Começou quando ela foi fazer café e derramou todo o pó. Foi uma sujeira só.

– Puta merda! – Ela não teria dinheiro para comprar mais tão cedo, então se conformou que não iria começar o dia com café.

Linn chegou atrasada no primeiro dia de trabalho, mas sua chefe era uma mulher um tanto quanto... excêntrica, então deixou passar.

Kate era o tipo de pessoa com quem Linn não conseguia manter uma conversa pois os assuntos que interessavam Kate eram totalmente sem nexo ao ver da moça. Mas apesar de tudo, ela se sentia sortuda por conseguir trabalho logo que chegou. 

– Você não está com uma energia muito boa, querida. Posso sentir de longe.

– Não tomei café hoje de manhã, deve ser por isso. – o vício da moça era grande, já começava a ficar com dor de cabeça

– Para sua sorte, eu tenho um pouco aqui. Não sei para quê ainda compro isso. Você quer?  

– Eu adoraria. Obrigada, Kate. – Respondeu enquanto pegava o copo com café e observava a
primeira cliente do dia entrando no local. Kate havia entrado na sua "casa". Era apenas uma sala, mas a mulher realmente vivia ali.

– Bom dia, posso ajudá-la em algo? – tinha o cabelo em um tom loiro meio dourado e olhos verdes. Carregava uma mochila que parecia pesar, mas parecia plena.

– Aqui tem sapatos também? – Linn saiu de trás do balcão e foi indicar a parte dos sapatos para a moça loira, sua primeira cliente. – Qual você me indicaria?  

– Eu não sei seu gosto, moça... Mas, eu gosto desse. – Linn não era boa em dar opinião, ainda mais para uma estranha. 

– Eu gostei desse preto também. Pode experimentar?

– Claro, deixa eu pegar para você – Linn abaixou-se e pode ver que a moça tinha belas pernas
através da meia calça. – Aqui. É seu número?  

– Uau, meu dia de sorte. É sim.  Então, o que achou? Ficou bom? 

– Ficou, você combina de preto. – com certeza um dos momentos mais constrangedores da vida dela foi esse. 

– Você deve dizer isso para todas... mas eu vou levar. – falou sorrindo e Linn notou que ela tinha um sorriso muito bonito.  

– Na verdade, é meu primeiro dia de trabalho, então você é a primeira – Linn corou fortemente. 

– Uuh, a primeira a gente nunca esquece, não é mesmo? Aliás, eu sou a Anne, prazer. – Estendeu a pequena mão e sorriu. 

– Linn, prazer... – Anne olhou para o crachá da moça, que acabou ficando vermelha pois não tinha necessidade de se apresentar.

Linn era um desastre com pessoas. Tomou um gole do café, e foi para trás do balcão, para finalizar a venda. 

– Então, espero que esses sapatos sejam confortáveis pois eu quero dançar muito hoje. – Linn sorriu e entregou a sacola com o produto e a moça foi embora. 

Já em casa, Linn falava com seu vizinho, Mike, que estava tentando lhe convencer a sair um pouco de casa e ir a uma festa que aconteceria em algumas horas e a moça não tinha ânimo algum para sair de casa naquela noite. Ou noite alguma. 

Às nove da noite, Linn estava pronta na sua calça skinny preta e uma blusa social azul quando Mike aparece na porta dela e elogia sua roupa, mas diz que ela tem uma boca linda e que só precisava de um batom e praticamente a forçou a usar, mas Linn gostou do que viu. Já na portaria do prédio, Mike atravessa a rua em direção a um homem parado encostado no carro. 

– Linn, esse é o Nicolas, Nick, essa é a Linn, a vizinha que te falei. – O moço sorri e estende a mão. Belas covinhas. 

– Falou, é? 

– Um pouquinho. – Nick respondeu e eles entraram no carro.

Linn se arrependeu de tentar ser sociável assim que viu todo o jogo de luz e várias pessoas bêbadas dançando por todo canto.

Música alta também nunca foi o forte da morena. Decidiu naquele momento, nunca mais ceder à Mike. Eles foram para perto do bar, Linn pediu uma vodka e tomou como se fosse água, talvez esse fosse seu ponto fraco. Mike e Nicolas se distanciaram dela. Linn ficou ali, apenas observando e enchendo a cara.

No meio da pista de dança, Anne Parker havia decidido que aquela noite iria se divertir, pois ela
merecia, depois de toda a merda que acontecera com ela.

A moça aproveitou que a boate era open bar e bebeu e dançou como se sua vida fosse acabar na manhã seguinte. Mas ela sabia que iria acordar jogada em algum lugar com uma puta dor de cabeça. Mas não queria pensar no amanhã. Havia cansado de pensar demais. 

– Tá afim de sair daqui, linda? – Ela sentiu mãos fortes em sua cintura e logo as tirou, mas o cara era insistente. Ela simplesmente se afastou dele e foi procurar um lugar para se sentar. Já era o terceiro que tentava algo, mas o interesse da moça com certeza não eram homens. Ela foi para o bar, onde pediu uma água. Se sentia muito tonta e enjoada e só deu tempo de virar a cabeça.

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