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Os meses se passaram, e as meninas continuavam como no primeiro mês de namoro. Qualquer pessoa de fora podia ver como ambas haviam mudado. Para melhor, claro. 

Anne sempre repreendia Linn por não ser muito simpática, atualmente, Linn era mais extrovertida e até falava mais.

Já Anne aprendeu uma coisa chamada empatia. Linn ficava boba quando percebia Anne se colocando no seu lugar quando ela tinha alguma crise. 

– Anne, não. Desculpa.

– Mas amor, por que? Poxa… são só pessoas. – Anne tinha um jantar com amigos do trabalho e queria muito apresentar a namorada para seus amigos. Anne só falava de Linn e de como era apaixonada por ela.

– Vida minha, se põe no meu lugar, por favor. Tenta pensar como eu. É um monte de gente estranha. 

– Tá, tá. Eu entendo. De verdade. – Linn não sabia mais o que falar, ela queria, mas não conseguia. Era um pesadelo conhecer novas pessoas. – Tudo bem, tudo bem. 

– Tudo bem mesmo? 

– Sim, não se preocupa. 

– Merda, não tá tudo bem. Me desculpa, eu queria, mas…

– Vamos fazer um acordo.

– Hm, diga.

– Nós vamos, mas se você não se sentir bem, a gente volta na mesma hora. Feito?

– Okay! Tá bom. – era complicado, mas elas sempre conversavam e iam melhorando as coisas. Era bonito de se ver o amor crescendo mais e mais. 

Anne estava chegando em casa quando seu telefone tocou. Ela ficou sem entender o motivo da ligação, mas atendeu mesmo assim. Antes mesmo de dizer alô, ouviu um choro.

– Mãe!? 

– Oi, filha.

– Aconteceu algo? Achei que você tinha me deserdado. 

– É o seu pai, Anne. Ele sofreu um infarto. Preciso que você venha para casa.

– Ele…

– Não, ele não morreu, mas está em um estado muito grave no hospital.

Anne fez uma pausa para pensar. Sentia um grande remorso dos pais, mas era boa demais para deixá-los na mão

– Okay, tá bom.

Ao entrar em casa, viu Linn saindo do banho. Tentou sorrir, mas a menina logo percebeu que ela não estava bem. 

– Minha mãe me ligou. – Linn assentiu, esperando Anne continuar. – Disse que meu pai sofreu um infarto e está muito mal no hospital e ela me pediu para ir para casa. 

– Sinto muito pelo seu pai.

– Não sinta. Eu vou lá, mas é apenas pela minha mãe. Apesar de toda a mágoa, eu sei que tenho que ir. 

– Você quer que eu vá junto? 

– Não precisa. Eu também nem contei que estou namorando. Foi uma ligação rápida.

– Tudo bem então. Você vai agora? 

– Só amanhã de manhã. 

– E como você está? 

– Não sei, sinceramente. Eu vou ficar bem, ok? Agora vem cá. – A abraçou e em seguida foi tomar banho.

No dia seguinte, Anne chegou em sua antiga casa às oito e ficou parada alguns minutos antes de ter coragem de tocar a campainha. Quando tocou, sua mãe não demorou muito para atender. 

– Oi.

– Entra. Vem cá. – A puxou para um abraço, Anne tentou retribuir, mas foi um momento estranho. – Querida, umas pessoas vão vir hoje aqui, da igreja… Você não está muito apresentável, acho que no seu quarto tem algo que sirva. Pode ir lá. – Anne a olhou, surpresa. Achava um absurdo, mas não teve tempo nem de retrucar, pois ela já havia ido para a cozinha. 

Quando entrou em seu quarto, o viu todo arrumado, exatamente como havia deixado. Parecia um quarto de boneca. Anne, atualmente, se perguntava como havia deixado pintarem as paredes de rosa com uns corações.

Era ridículo.

Abriu o guarda roupa e passou a mão pelos cabides, relembrando a infância naquele cômodo tão incômodo, tão cheio de más lembranças. Anne vestiu só um casaco por cima da blusa que estava usando e tirou o casaco preto, que era de Linn.

Era, pois Anne se apossou dele. Ela foi para a cozinha e viu a mãe tirando uns biscoitos do forno, o cheiro estava muito bom.

– Mãe, por que você me chamou aqui? Achei que íamos ver o seu marido.

– Ele é o seu pai, chame-o assim. E quem virá será a família Mason, lembra deles? 

Ela revirou os olhos. Odiava os Mason. O filho deles tinha uma queda enorme por ela. 

– Primeiro, seu marido perdeu o direito de me ter como filha quando me largou na rua sozinha! Então não venha me exigir respeito, a senhora não está em condições disso. Segundo, eu odeio os Mason. – A mãe dela ficou em silêncio por uns instantes e começou a chorar, cobrindo Anne de culpa. Mas que culpa tinha a menina, se apenas foi sincera? – Mãe, não fica assim, por favor. Eu estou aqui, não tô?

– Mas vai voltar pra Deus sabe onde e me deixar aqui sozinha. 

– Eu venho quando você chamar. Vou abrir a porta, lave o rosto – Falou quando ouviu a campainha, mas parou para pensar um pouco. – Espera, o que vocês disseram na igreja, sobre mim?

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