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Foi para perto da janela junto ao seu notebook. Já era tarde, e com as luzes apagadas dava para ver o céu, que estava estrelado. Do jeito que ela gostava. Ela não queria, mas não parava de pensar na partida de Anne.

Ela estava sofrendo por antecedência e isso estava a corroendo por dentro. Era como se Anne já não estivesse mais ali. Anne era seu porto seguro, mas ao mesmo tempo seu ponto fraco. A deixava frágil.

É complicado se apaixonar. Porque tudo que você precisa para ficar bem é o abraço do dito cujo. E magicamente você está pronto para um novo dia e novos desafios mas e quando não há o abraço?

Quando só há desafio após desafio e nenhum intervalo para te deixar sã? Eu não queria pensar dessa forma.

Eu não queria nem pensar para ser bem sincera. Eu me sinto egoísta de querer você só para mim, mas é que você me tem por inteira e eu te quero dessa mesma forma e não é justo.

Eu tô com um medo absurdo de te perder pro tempo, que nunca me foi favorável. É incrível como você se alojou no meu coração. Parece que desde sempre já havia um espaço reservado para você.

E eu não estou pronta para te tirar de lá. Daqui. De mim.

Linn não conseguiu escrever mais que isso pois sua visão estava embaçada demais. Ela estava chorando. Respirou fundo algumas vezes e tomou uma água. Tinha que se acalmar.

Lavou o rosto e foi se deitar. Precisava dormir. Ao deitar-se, Anne a agarrou e uma onda de paz percorreu seu corpo. Como mágica.

Passado alguns dias, o casal decidiu aproveitar o tempo restante, então, entraram em sua "bolha".

– Tá, e como diz "dar a volta" no modo nordestino? – Anne estava animada com as histórias de Linn sobre onde ela morava.

No nordeste, especificamente no Ceará. Linn a ensinou algumas gírias de sua região. Seu sotaque era a coisa mais fofa.

Naquele momento Linn pôde ver como era apaixonada por aquela garota de bochechas rosadas e cabelo loiro. Quase dourado. – Por que tá me olhando assim?

– Nada, só... me apaixonando um pouco mais. – Anne não ficava sem fala com muita frequência, mas Linn conseguia fazer isso. Ela apenas sorriu e beijou a outra.

Era nessas horas que ela percebia como iria sentir falta dessas pequenas coisas, pois sabia que não seria igual quando ela voltasse para a casa dos pais.

Ela estava tentando não transparecer triste para Linn, pois sabia que a garota não estava bem com a mudança, então por fora se mantinha positiva sobre os próximos dias.

Mas era difícil. Ela só queria deitar em seu colo e chorar.

– Eu vou sentir tanto sua falta, sabia? – Linn sorriu e assentiu, não tinha necessidade em dizer que também sentiria. Anne sabia. – Não vou mais ver sua carinha de sono às seis da manhã, nem a boquinha aberta ao dormir ou o cabelo bagunçado... nossa, vai ser tão ruim não te ter quando chegar do trabalho, amor. – Linn a abraçou e encaixou a cabeça em seu pescoço e elas ficaram em silêncio por um tempo, mas Linn o quebrou.

– Não vai. – Anne se afastou e encarou-a, não ia conseguir segurar por muito tempo.

– Linn...

– Fica comigo, Anne. – talvez Anne não soubesse, mas Linn estava passando por cima de seus princípios e pelo seu gigantesco orgulho com esse pedido.

Mas ela tinha que tentar. Anne começou a respirar muito rápido e teve uma crise de choro. Linn ia a abraçar, mas ela colocou a mão em seus ombros, tentando falar.

– E-eu... – Estava soluçando muito, mas tentava falar, respirou fundo. – Eu não quero ir. – e desabou em Linn, que a abraçou e ficou ouvindo seu choro, até cessar.

– Vai ficar tudo bem, sempre fica. 

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