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 Carly puxa Linn pela cintura e a beija lentamente enquanto a guia para o sofá, deitando-a em seguida. Linn tentava não parar e focar no que estava acontecendo, Carly começou um beijo mais rápido e uns toques leves por cima da calça de Linn, que ficou completamente tensa.

– Para.

– Cacete. O que foi? – Carly falou ofegante e Linn se sentou, morrendo de vergonha. 

– É que está rápido demais… acho melhor você ir.

– Linn, algum problema? Tá tudo bem? – Linn a encarou, deveria estar vermelha

– É que eu nunca… você sabe. 

– Você é virgem? – Carly parecia muito surpresa e Linn ficou com vontade dizer “algum problema?” – Desculpa, estou sendo insensível. A outra assentiu levemente. 

– A gente se vê outro dia, pode ser? – Carly assente e sai, sem dizer nada. Linn ficou um pouco decepcionada, mas já deveria imaginar essa reação. Esperava que Carly pelo menos pedisse desculpa por ir rápido demais, mas quem iria querer transar com alguém totalmente sem experiência sexual e totalmente difícil de lidar? Será que Carly fora em sua casa apenas para isso? 

Anne havia desistido de ir para o apartamento da frente, então foi dar uma volta pelo quarteirão, mas voltou quando começou a sentir fome, no caminho para o prédio, viu Carly sair tão apressada que não a viu e acabou esbarrando em Anne.

– Merda. Ah, oi Anne. 

– Oi. Olha por onde anda da próxima vez, hein? – Anne falou e saiu andando sem esperar a resposta, mas ouviu um “foda-se” baixo. Subiu rapidamente e entrou no apartamento de Linn, que ainda estava sentada no sofá, com os joelhos junto ao peito. 

– Ei, Linn? Tudo bem? – Linn parecia estar em outro mundo, mas voltou quando ouviu a voz da amiga. Se levantou e foi para a cozinha, sendo seguida pela loira. 

– Sim, claro. Não se preocupa. – Anne ergueu a sobrancelha e se aproximou da garota, que estava com a geladeira aberta e não percebeu. – Merda, que susto doida! 

– Você sabe que pode me contar tudo, e além do mais, vi a Carly saindo depressa daqui. O que aconteceu? – Linn bufou e revirou os olhos. 

– Quase transamos, mas eu parei e contei a ela que sou virgem e ela agiu como se fosse um bicho de sete cabeças, e eu disse para nos vermos depois e ela simplesmente saiu sem dizer um A. – ela pausou para respirar, pois soltou tudo de uma vez e falou muito rápido. – e é isso. 

– Fiz bem em ter sido grossa com ela então… que escrota! Você tá bem? 

– Para de perguntar isso… – Linn fez uma carinha de criança no qual fez Anne instintivamente a puxar para si e lhe aconchegar. Relutante, Linn deixou. Sentiram uma sensação estranha de paz. Mas nenhuma se pronunciou sobre, apenas ficaram ali, quietinhas.

– Você gosta de cerveja? 

– Ah… eu tomo. – Anne dá de ombros. – Ela trouxe algumas cervejas, e pizza, mas eu odeio cerveja. Pode tomar. 

– Eu tomo depois. O que acha de comprarmos outra pizza e assistir aos filmes do Harry Potter? – O rosto de Linn praticamente se ilumina ao ouvir a ideia da garota. 

– Eu acho que é a ideia perfeita, minha cara. Me empresta seu celular pra eu ligar, tô zerada. – Anne lhe entrega o celular e Linn vai para a sala já deixar o filme preparado e liga para a pizzaria. Anne fica na cozinha, quando vê o celular da amiga vibrar e fica indecisa se vê ou não o que é, mas já imaginando quem seja. Passado alguns segundos, Anne pega o celular da outra e vê que Carly mandou algumas mensagens. 

“Oi… sei que hoje foi estranho, mas espero que não se afaste.” 

“Linn, é infantilidade me ignorar! Vamos conversar sobre hoje, por favor.”

Anne apaga a mensagem e vai para a sala.

– Eu vou fazer um suco de maracujá rapidinho, tô com zero vontade de tomar refrigerante. – Linn fala. Ela odiava refrigerante. Anne concordou enquanto mordia um pedaço de pizza. 

Na metade de “a pedra filosofal” a comida acaba e Anne decide fazer pipoca. Ela estava pensando em dizer a Linn o que havia feito, mas estava com medo dela ficar brava. Quando o filme acabou, Linn foi dar o play em “câmara secreta”. Anne odiou por um momento não gostar de mentir, então acabou cedendo a sua honestidade.

– É… Linn, tenho que te contar uma coisa. – Linn deixou o filme rolar e se sentou próxima a ela, fazendo menção para continuar. – quando você foi pedir pizza, a Carly te mandou mensagem e eu apaguei pra você não ver. Sabe, você já estava puta. Sei lá. Desculpa. – Linn não sabia como reagir, entendia a atitude, mas foi errado da parte de Anne. Precisava de um tempo para processar a informação. Pensou por qual motivo ela havia feito isso. – se tu pudesse falar algo, eu ficaria agradecida, sabe. 

– Falando sério, que isso não se repita. 

– Não vai. Desculpa mesmo, é que eu não acho que essa menina te mereça.

– Então deixe que eu mesma descubra isso. – Anne assente e se vira para a televisão e um clima estranho paira sobre elas. Linn decide ver o que Carly tinha mandado. Não sabia o que iria responder, nem sequer se queria. Estava chateada demais com a amiga. Mandou um “tudo bem, a gente não tem que conversar sobre isso.” – Anne, está tudo bem. Eu só preciso de um tempo para pensar, não precisa me esperar. Depois eu apareço. 

Ela saiu logo após pegar o casaco e um dinheiro, não dando tempo para a loira protestar. Linn tinha o péssimo hábito de fugir quando não sabia lidar com algo, então apenas andou ao bar mais próximo e comprou a vodka mais barata. Não queria ficar ali, queria apenas ficar sozinha, bebendo e pensando merda. Saiu do local e continuou andando, mas logo resolveu se sentar no degrau de um prédio, dando o primeiro gole percebeu que deveria ter ao menos comprado um refrigerante. A bebida desceu rasgando sua garganta, mas do quarto gole em diante já não estava mais sentindo o gosto do álcool. Pensava em como sua estadia em Londres não havia lhe trazido tantas coisas boas. Era foda perceber como bastou uma decepção para trazer a tona toda a merda que é sua cabeça. Será que ela estaria melhor no Brasil? Será que não podia mais confiar em Anne? Anne Parker. Linn não conseguia tirar o rosto triste da moça da cabeça. Entre um gole e outro, pensava em como talvez estivesse sendo dura demais com ela. Tentava focar o máximo que conseguia no pensamento de que Anne não fez por mal. Que ela achou que estava fazendo o certo ali, naquele momento. 

Em menos da metade da garrafa o seu celular vibra. “Estou preocupada, você pode ao menos me dar um sinal de vida?”. Linn não conseguiria digitar, então mandou áudio dizendo que estava bem, mas não tinha certeza se daria para entender. Não sabia que estava tão bêbada. Viu que já era tarde, mas ela sabia que não conseguiria se levantar, então esperou o efeito passar um pouco. 

Em casa, Anne estava inquieta. Não sabia se deveria ter ido atrás da outra, então achou melhor lhe dar espaço. Mas às onze da noite, ela tinha a necessidade de saber o paradeiro de Linn, que lhe respondeu com um áudio no qual teve que ouvir duas vezes para entender. Ficou mais preocupada por saber que ela estava bêbada, mas ficou ali, esperando até não conseguir mais e adormecer.  

Linn estava quase dormindo sentada, quando um grupo de jovens passou por ela, bêbados e despertaram-na. Ela queria muito levantar e chegar em casa, mas seu corpo não respondia ao comando de sua cabeça, que ainda girava. 

– Linn? Graças a Deus te achei! Vem, te ajudo.

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