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Anne não precisou levantar o rosto para saber quem era; já tinha percebido só pelo toque e pelo perfume adocicado.

– Eu queria ir, mas eu realmente acho que o que existe entre a gente não acabou. E também, eu quero te ajudar. Eu sei que você não me conta nem metade do que se passa com você e é isso que eu não entendo.

– Você vai perder uma grande oportunidade ficando aqui, não vai? – Linn negou.

– É uma oportunidade muito boa sim, mas eu quero fazer faculdade para estar mais preparada para esse cargo, entende? Mas antes de tomar essa decisão, eu realmente preciso saber que você está disposta a fazer isso – falou apontando para si e para a outra. – dar certo.

– Linn, tudo que eu fiz foi para te proteger do meu pai psicopata. Para proteger a minha mãe também, mas eu não consigo… – Falou em um fio de voz, sendo abraçada novamente. Anne estava muito sensível.

– O que ele fez, Anne? – Então, ela contou o que estava acontecendo. A perseguição, a violência mental e física tanto com ela quanto com a mãe, o trabalho, o fundo do poço no qual Anne havia entrado e não conseguia sair.

Linn ouviu tudo atentamente, ficando furiosa a cada palavra. Nunca pensou em matar alguém, mas se visse Jonh em sua frente não pensaria duas vezes.

– Filho da puta desgraçado! Eu não vou mais deixar você voltar e foda-se!

– Eu não vou deixar minha mãe sozinha. Ainda mais depois do que aconteceu com ela. – Linn bufou, estava com ódio, mas entendia a outra. Ela faria o mesmo.

– Você tirou foto das marcas que ele fez em você, não é? – Anne assente – E sua mãe ainda está com as marcas. Então está na hora de denunciá-lo. E caso sua mãe não queira ficar contra ele, você pode fazer isso sozinha pois tem provas.

– São três e dez, ele já deve ter chegado e notado minha ausência. E deve estar descontando a raiva na minha mãe, então eu preciso ir agora.

– Nós precisamos ir agora. – a loira a olhou confusa. – você está ficando doida se pensa que vai ficar sozinha. E eu tenho um plano. A gente vai passar na delegacia agora e depois vamos direto para sua casa.

– Eu não conhecia esse seu lado, gostei…

– Tem muita coisa sobre mim que você ainda não sabe, meu anjo. – falou dando uma piscadela e a puxando pelo braço.

Elas dividiram as malas e seguiram rumo a delegacia, que não era tão longe dali. Linn com uma mochila e uma mala média e Anne com uma mala grande.

– Você carrega chumbo aqui? Está pesado para um caralho.
– São meus livros, shiu.

Ao chegarem, Linn já tinha explicado todo o plano para Anne. E se desse certo, seu inferno particular acabaria agora.

Deram sorte quando foram encaminhadas para uma delegada. Seria mais fácil de serem compreendidas por uma mulher do que por um homem. Afinal, homem sempre protege homem.

– Então, no que posso ajudar? – questionou, séria mas ao mesmo tempo atenciosa.

– Eu vim denunciar meu pai. Ele é um monstro.

– Por favor, sentem-se.

– Senhora, a gente não tem tempo para isso. A minha mãe está com ele e está correndo perigo. Resumindo bem, ele me ameaçou dizendo que se eu saísse de casa, ele faria algo com ela – apontou para Linn. – e com a minha mãe. Então, por favor, só me leva para lá junto com alguns policiais. Ela pode estar correndo um grande perigo!

– Tudo bem, vai ficar tudo bem. E porque você só veio denunciar agora?

– Porque só agora eu obtive provas de que ele me bateu e na minha mãe também. As minhas quase não dão mais para ver, mas eu tirei foto de como estavam.

E se você for na minha casa, vai ver que minha mãe ainda possui marcas. São recentes. Por favor, a gente tem que ir.

– Tudo bem, eu vou chamar duas viaturas e vocês duas vão comigo no meu carro.

– A gente tem um plano, para ser algo em flagrante… – Falou Anne. Linn ficou em silêncio, segurando a mão da garota.

– Me digam no caminho. – Falou quando saíram da sala.

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