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– Nós dissemos que você foi para uma viagem, em outro estado.

– Vocês são inacreditáveis! – Estava indignada, mas abriu a porta com um sorriso agradável.

– Bom dia! Entrem.

– Quanto tempo, querida. Como vai?

– Vou bem, e a senhora? – A falsidade do crente era algo perturbador. Anne resolveu entrar no teatro, mas esquivava-se o tempo inteiro das investidas do filho mais velho, Dave.

Sabia que Linn iria odiar a história, mas ainda estava se sentindo culpada pela mãe.

No trabalho, Linn não estava tendo um dia muito bom. Havia derramado café em algumas peças de roupa e teria que tirar do salário, que já não era bom, para pagá-las e o dia piorou quando recebeu uma mensagem da namorada. "Amor, não me espera pro jantar, acho que vou chegar tarde. Mais tarde te conto tudo. Eu te amo" Ela não tirava o pensamento da outra, mas tinha que trabalhar, então seguiu o dia normalmente, sem mais imprevistos, porém, uma pontada de tristeza por não ter Anne a sua espera.

Depois de mais ou menos duas horas fazendo sala para os Mason, Anne foi de tarde com a mãe para o hospital que seu pai estava internado, mas ficou na porta enquanto sua mãe falava com ele e a enfermeira.

Ele havia tido uma melhora e poderia sair dentro de dois dias. Ela sentiu repulsa quando encarou o homem.

– Não vai falar com seu pai, Anne? – Ela se aproximou de braços cruzados e cara fechada.

– Filha.

– Oi. – A mãe dela a abraçou pelos ombros enquanto segurava a mão da filha.

– É tão bom ver nossa família reunida novamente! – Anne negou com a cabeça e saiu para esperar a mãe do lado de fora do hospital, em uns bancos.

Passou o dia se perguntando se deveria mesmo ter ido. Não valia a pena. Parecia que a mãe dela vivia em um conto de fadas onde tudo era perfeito e nada tivesse acontecido com eles. E parecia que não queria sair daquilo, então ela se perguntava se não deveria apenas seguir com sua vida. Mas nada mudava o fato dela continuar sendo sua mãe.

– Muita coragem sair sem um casaco. – Anne assustou-se quando uma estranha sentou ao seu lado, sorrindo.

– É, eu não imaginei que ia esfriar tanto. – Respondeu abraçando o próprio corpo.

– Você está esperando alguém?

– Sim, minha mãe.

– E eu minha irmã. Você não parece muito bem.

– É porque que eu não estou, mas não me leve a mal, eu não falo da minha vida para estranhos – Ela parou para pensar – Não mais.

– Eu me chamo Samira, e você? – Perguntou estendendo a mão.

– Anne... – Pegou a mão da garota, mas ela puxou e deu dois beijos em seu rosto.

– Pronto, não somos mais estranhas. Conte-me.

Anne não sabe o porque, mas acabou contando um pouco da sua vida para a moça. Sua mãe saiu do hospital já estava quase anoitecendo.

Ela se despediu da garota. Loira, alta e muito branca. A menina havia contado que estava a espera da irmã que fazia quimioterapia ali, mas que não gostava que ela ficasse perto. Ela tinha uma história triste, mas era bem alto astral. O que era legal.

Já no taxi, a mãe de Anne pediu para ela ir para casa junto com ela. E assim ela fez.

– Querida, vou fazer algo para comermos.

– Tá bom. – Foi para a frente da casa e ligou para Linn, que havia acabado de chegar em casa. – Oi, meu amor.

– Opa. Como você está?

– Bem, cansada, mas bem. Minha mãe está fazendo comida e eu vou esperar, tá bom?

– Tudo bem. Eu pedi pizza e não vou deixar nada pra você.

– Maldade! Você sabe que minha fome está ficando igual a sua. Insaciável.

– Tá bom, eu deixo um pedaço. – Ficaram ali conversando até a mãe dela dizer que o jantar estava pronto.

– Com quem você estava falando?

– Com a minha namorada. – Falou e sua mãe engasgou na mesma hora. Ela apenas continuou comendo e logo em seguida foi embora. Precisava de um pouco de paz.

Já em casa, Anne foi direto para a cama, onde Linn se encontrava dormindo. Se deitou devagar, mas Linn se acordou.

– Oi, chegou tarde, amor.

– É, desculpa, você está bem?

– Tô sim, como foi lá? – Anne contou como havia sido a visita e desabafou sobre o que havia sentido quando viu o pai. Linn estava com muito sono, mas ouviu atentamente a namorada. Mesmo sem conhecer os pais dela, Linn tinha uma grande aversão a eles pois sabia o quanto ela sofreu por ter sido expulsa de casa. – Primeiro, não gostei dessa Samira, qual a dela? – revirou os olhos.

– Calma, princesa, ela só estava esperando um parente dela.

– Para isso que existe sala de espera! E para piorar, vocês passaram o dia conversando.

– Linn, deixa de besteira, vai. Eu só tenho olhos para você. – Linn bufou e revirou os olhos pela segunda vez. A menina era muito ciumenta e sempre odiou isso em si mesma. – Vem cá, vem. Eu te amo. – Anne falou, esticando o braço para a outra ficar em seu peito. – Você deixou o meu pedaço de pizza?

– Não! – Anne se fez de ofendida – Deixei, mas eu vou comer porque você não merece.

– Ai, ai. Eu te amo tanto, sabia? – A menina murmurou algo, mas estava com tanto sono que não teve tempo de continuar aquele surto.

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