– Mas que merda você tá fazendo aqui? – Perguntou, assustada e irritada.
Desde que tinha voltado para casa, o relacionamento dela com o pai tinha piorado a medida com que a agressividade dele aumentava. Ela o repugnava de uma forma inexplicável.
Anne, que estava sentada na cama, foi puxada brutalmente pelo braço pelo pai. Ela estava muito assustada. Seu celular tinha começado a tocar, mas o homem à sua frente o jogou no chão, pisando com toda força em cima do aparelho.
– SEU FILHO DA PUT… – não completou o xingamento, porque caiu no chão devido a um tapa em sua cara. Com certeza ficaria uma marca ali.
– Olha aqui, sua piranhazinha, eu só deixei você voltar pra casa por que as perguntas de seu paradeiro estavam ficando frequentes, mas eu não quero você fazendo sem vergonhices na rua não, tá me ouvindo? – Falou de forma arrastada devido ao álcool, mas não mudava o tom assustador.
– E eu só vim porque minha mãe precisava de mim, mas já que ela se recusa a ficar sem o escroto que ela chama de marido, eu não posso fazer nada. Não se preocupe, amanhã mesmo eu volto para casa! Para minha verdadeira casa! Ao lado da minha namorada! – juntou toda coragem que tinha para falar cada palavra olhando em seu olho, mas se esvaiu quando ele segurou seu cabelo.
– Eu não quero mais você com aquela garota. Eu a vi. Sei onde você trabalha e sei onde aquela infeliz mora. Se você não quer que ela sofra, melhor se afastar.
– Senão?
– Se não sua mãe quem sofrerá as consequências dos seus atos. Tá me ouvindo? – Ela não respondeu, apenas derramou algumas lágrimas quando recebeu o segundo tapa e foi deixada sozinha.
Agora estava incomunicável e sem saída.
Linn tentou uma, duas, dez vezes ligar para Anne, mas foram todas em vão. Só dava caixa postal, e a cada ligação seu peito se enchia de agonia.
Ela estava muito bêbada, então os sentimentos vinham sem que ela pudesse bloquear. Mandou mensagem para Mike, desesperada e ele a acalmou dizendo que o celular poderia ter descarregado e ela ter dormido.
Ela aceitou, mas não estava cem por cento tranquila. Só ficaria quando falasse com Anne.
O domingo veio e com ele, a falta de notícias estava deixando Linn louca. Ela não sabia mais o que fazer.
12:00...
15:00...
E nada de Anne. Às cinco horas, a garota decidiu então ir na casa dela. Passando por cima de toda a timidez.
Chamou Mike e ele lhe acompanhou, disposto a segurar o mundo da amiga caso a ideia desse mais errado que o esperado.
Mas não tinha como negar. Havia algo acontecendo e ele também estava preocupado.
Chegaram ao destino cerca de trinta minutos depois. Era uma casa aconchegante por fora. Dois andares, e uma varanda toda florida. As mãos de Linn suavam, mesmo fazendo um frio de 15°C. Limpou as mãos no casaco e seguiu para a casa a sua frente, com Mike em seu encalço.
Bateu na porta duas vezes e alguns segundos depois uma mulher extremamente parecida com Anne apareceu. Ela a encarou por um tempo até voltar a si e perceber que tinha que falar algo. Mas não conseguiu.
– Boa tarde… eu poderia falar com a Anne? – Mike quem tomou a iniciativa.
– E quem é você?
– Oh, perdão. Me chamo Mike e está é a Miranda. – Falou estendendo a mão e apertando a mão da mulher a sua frente. Linn repetiu o ato, dando graças a Deus por ele ter mudado o seu nome.– ela está?
– Sim, vou chamá-la. – falou entrando e logo Anne apareceu.
Linn não soube identificar que tipo de olhar Anne lhe deu quando a notou, mas um frio passou em sua barriga. Sentia vontade de vomitar.
– O que vocês estão fazendo aqui? – perguntou com os olhos arregalados e fechou a porta atrás de si. Mike deu espaço para as duas poderem conversar.
Anne estava com olheiras profundas.
– Você sumiu, eu estava preocupada e precisava saber como você estava, meu bem… – Anne engoliu a vontade de chorar e abraçar Linn. Tinha que se conter, para o seu bem.
– Meu celular quebrou, eu não tinha como entrar em contato com você. Eu estou bem.
– Você não parece bem. Sabe que pode me contar o que está acontecendo, não é? – a preocupação de Linn só tinha aumentado.
– Sei, mas realmente não está acontecendo nada. Eu só não tive como te avisar, não precisa fazer esse auê todo!
Linn ergueu a sobrancelha, incrédula com a arrogância da namorada.
– Foi mal, então… – Anne respirou fundo, sentido-se mal a cada palavra que proferiu para a última pessoa no qual ela poderia magoar.
– Me desculpa, amor… eu… – tentou falar, mas não sabia o que dizer. Não queria mentir. – A gente conversa melhor na hora do almoço segunda, pode ser? Eu acho melhor você ir.
Anne notou o desapontamento de Linn, que tinha as mãos nos bolsos, sem reação para aquilo tudo. Toda aquela frieza. Assentiu e se virou para entrar no taxi a sua espera.
Anne entrou em casa rapidamente e se jogou na cama, chorando tudo que tinha para chorar, até dormir sem perceber.
Linn foi para casa quase que num estado catatônico. Não sabia o que pensar com aquela visita. Quando chegou em casa, Mike falou que estaria ali para qualquer coisa e ela agradeceu dizendo que precisava de um banho apenas. E foi o que ela fez quando entrou em casa.
Deixou toda a surpresa das palavras da amada serem jogadas ralo a baixo e deitou-se, olhando para o teto por muitos minutos até conseguir fechar os olhos sem ver os olhos verdes em sua mente.
A segunda-feira chegou e depois de pensar muito, Linn decidiu ir no local de trabalho de Anne. Tinha achado a moça muito estranha, e achou que fosse melhor conversar longe daquela casa.
Às oito horas em ponto Linn estava a espera de Anne na porta do prédio em que ela trabalhava quando a viu na esquina da rua, concentrada em seus pés, andava devagar.
– Oi.
– Oi… – Respondeu Anne, não entendendo o motivo da visita. Talvez tivesse uma ideia. – o que está fazendo aqui? Eu achei que iriamos nos ver na hora do almo…
– Eu tinha que conversar com você. Não quis esperar até o meio dia. Será que agora você pode me dizer o que está acontecendo? Eu sou a droga da sua namorada e melhor amiga, então você sabe que pode contar comigo! Eu sei, eu sinto que tem algo ruim te acontecendo, Anne. – Linn a interrompeu antes que a coragem se esvaísse.
Longos minutos seguiram até Anne respondê-la.
– Você está certa. E eu te amo por ter percebido, mas eu não vou te contar. Tenho que ir, Linn. – e assim entrou no prédio, deixando alguém que tanto amava para trás. Ela sequer sabia como tinha tido forças para encará-la tão seriamente.
Ela tinha coisas a resolver na empresa.
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Nós
RomanceO amor não é algo que você encontre propositalmente. Amor simplesmente chega e te fascina gradativamente. Quando você vê, já não se imagina sem esse sentimento. Linn Somers definitivamente não estava a procura de um amor, mas foi escolhida para enc...