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Ela marcou uma reunião com o chefe para o dia seguinte. Estava um pouco receosa de ter decepcionado o mesmo. 

Mandou mensagem para Anne perguntando como estavam as coisas na casa dela. A loira respondeu que estava tudo bem e que a casa já estava limpa. Anne pediu desculpas novamente pela mãe e Linn falou que estava tudo bem. 

Linn não ficou chateada pela falta de educação, não sentia necessidade de ser adorada pela sogra. Queria apenas respeito. Para ela, quem tinha que gostar dela era Anne. 

Isso bastava.

Anne acordou na manhã seguinte com uma sensação de paz. Espreguiçou-se e sentiu o cheiro do café delicioso da mãe. Linn iria adorar o café dela, pensou. 

– Bom dia! – falou ao chegar na cozinha após um bom banho. Claire estava terminando de fazer panquecas.

– Bom dia, filha. Dormiu bem?

– Muito bem. E a senhora? 

– Foi uma noite bem tranquila. Não dormia bem assim a anos. 

– Que bom. Nossa, isso está muito bom. – elogiou a comida. Comeram em silêncio, até Anne se lembrar de que tinha que falar sobre o comportamento de Claire no dia anterior. – sabe, mãe… a senhora sempre me ensinou a ter bons modos, mas o que você fez ontem foi totalmente contraditório. A Linn foi super legal, se arriscou e você nem para falar um "oi".

– Eu não gosto daquela menina. Você deveria esquecer essa garota, Anne. Isso é só fogo de palha!

– Aquela menina é incrível. Foi ela quem me ajudou a pensar em um plano para te tirar das mãos daquele homem. 

– Ótimo, mas não muda o fato. Eu nunca vou gostar dela. 

– Ok, tudo bem. Mas espero que você saiba que independente da sua opinião, é com ela que eu vou ficar. É muito importante para mim que vocês se dêem bem, mas caso isso nunca venha a acontecer, saiba que eu vou continuar com ela. Agora, se me der licença. – pegou a bolsa e saiu.

Iria para a empresa, dizer que estava de volta e contar o motivo para Bonnie. Nada mais a impedia. Passaria na casa de Linn quando saísse. 

É verdade que ela queria muito poder conviver com Linn e Claire conseguindo ficar no mesmo lugar, mas também era verdade que ela não queria a permissão da mãe para seguir sua vida. 

Essa era ela, uma mulher amando outra mulher e sendo um ser humano como qualquer outro. E independente de quem fosse, só queria por perto quem a aceitasse de verdade. 

– Bom dia, Sam. – falou com a recepcionista, que lhe deu bom dia e informou que Bonnie estava em sua sala e que ela podia entrar.

– Bonnie? Está podendo falar? – colocou apenas a cabeça para dentro da sala e a viu desligando o celular. A mulher apenas assentiu e chamou com a mão. 

– Está tudo bem? Achei que não teria notícias suas por um tempo. 

– Está tudo ótimo e venho com ótimas notícias… minha vida já está toda resolvida e eu quero mais que nunca voltar. – a chefe sorriu e levantou-se, indo para o outro lado da mesa e a abraçando. 

– Que notícia maravilhosa! Eu estou com bastante tempo disponível, que tal me contar o que aconteceu?

– Bom, agora eu posso contar. – e então relatou tudo que havia acontecido em sua vida. Bonnie, que tinha Anne realmente como amiga, ficou muito feliz por tudo ter dado certo para Anne. 

Ela via muito potencial na garota e confiaria a empresa se fosse preciso. Talvez por isso sempre exigiu muito da funcionária, porque tinha grandes planos para ela. 

Após conversar com Bonnie, Anne perguntou quando poderia voltar e ela lhe disse que em dois dias ela voltaria a trabalhar normalmente. Era o tempo que precisava para ajeitarem as papeladas da demissão da moça que ficou em seu lugar. 

Ela resolveu ir para a casa de Linn, que já havia voltado da reunião com chefe. Bateu na porta e logo Linn veio atender. Se abraçaram por alguns segundos. 

Anne sentia saudade de Linn. Mesmo tendo a visto no dia anterior. Talvez porque saudade não é pelo tempo que você não vê a pessoa, e sim porque você quer estar com ela o tempo todo. 

Se sentou no sofá e logo Linn se juntou a ela. 

– Então, como foi com a Bonnie? – perguntou, fazendo carinho na mão de Anne.

– Ela foi bem compreensiva e eu vou voltar em dois dias. 

– Que ótimo, eu não sei como você sobreviveu esse tempo sem trabalho. 

– Eu não sei como sobrevivi esse tempo sem você, meu bem. – Anne não sabia, mas estava com muita saudade de ver a cara de boba que Linn ficava quando Anne falava algo fofo. 

Não aguentou e pulou em cima dela, lhe dando vários beijos no rosto enquanto a outra ria.

– Para! Sai! – falou entre uma risada e outra. Anne parou e saiu de cima de Linn, rindo. – Aiai, enfim. Deixa eu te contar como foi com o David. – falou.

– David é seu chefe, não é? Desculpa, eu não sei muito sobre o seu trabalho…

– É, mas agora você sempre estará a par de tudo sobre minha vida, bem, eu espero né.

– É tudo que eu quero. – respondeu, acariciando a bochecha da outra. – conte-me.

– Quando me viu, ele ficou bastante surpreso. Falou que não imaginou que eu fosse desistir de tal oportunidade…

– Você não deveria… – interrompeu-a.

– Shiu, cala a boquinha. Como eu ia dizendo, ainda insistiu falando de todos os benefícios de ir, mas fui firme e expliquei que eu quero fazer faculdade para realmente fazer o que eu quero. Falei que eu iria adorar gerenciar a empresa no Brasil, mas que eu queria mesmo era trabalhar com a mão na massa, sabe? Ele pareceu entender, pois falou que eu poderia continuar o meu trabalho na empresa daqui e… – fez suspense e Anne já estava super curiosa. – no final ele falou que tenho todo o apoio dele e que quando eu entrasse na faculdade, teria um cargo garantido! 

– Puta que pariu! Que maravilha! Parabéns! – Linn pulou em cima de Anne após as felicitações, estava muito feliz. O abraço forte foi retribuído na mesma intensidade. 

– Obrigada, eu tô muito feliz, você não tem noção.

– E eu estou muito feliz por você. Até imagino você criando robôs. – riram. – Você tem um futuro brilhante, Linn. 

– Nós temos. – Linn, que ainda estava em cima de Anne, respondeu. As mãos da Loira foram quase que automaticamente para a bunda de Linn, apertando-a. 

Linn soltou um gemido baixinho de surpresa, e sorriu maliciosa para Anne. O olhar verde da garota fervia de um desejo adormecido a muito tempo. Desejo que agora só aumentava

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