Nós

15

- QUE PORRA FOI ESSA.

- Ai! Eu tô assistindo filme de terror e você abre a porta do nada. Eu me assustei... - falou abaixando o controle que iria jogar em Anne.

- Primeiro, porque diabos você estava assistindo filme de terror essa hora? E segundo, sério que sua arma seria o controle da tv? - Linn mandou o dedo do meio e a chamou para sentar junto com ela.

- Agora eu posso assistir filme de terror de noite pois não durmo mais sozinha, então eu iria esperar você chegar pra dormir. Segundo, eu poderia te matar com isso aqui, tá?

- Aiai, sei...

- Espera, não faz nem 3 horas que você saiu. Ainda são 20:30! Por que tá aqui?

- Isso é uma reclamação?

- Não! Claro que não. Mas como foi lá? Conte-me.

- Não rolou, sabe? Não faz muito o meu tipo, então... achei melhor voltar e ficar aqui bobocando junto contigo.

- Entendi. Posso ser sincera? Nunca gostei dessa Kate.

- Mas você nunca nem falou com ela.

- E daí? Eu vi foto e senti que não era para você. Aliás, eu não sabia que você tinha um tipo. - Anne ficou com uma enorme vontade de dizer "meu tipo é você", mas se conteve.

- Ah, eu gosto de meninas mais tímidas e com um bom papo sabe? Essas coisas mais simples. Ela é um pouco forçada. E a única coisa que temos em comum é que estudamos na mesma escola.

- Coincidência, né. Então você não vai mais encontrar ela?

- Acho que não. Que filme é esse?

- Pânico na floresta. Já viu?

- Eu odeio filme de terror.

- Assiste esse comigo? Por favorzinho?

- Okay! Me dá essa pipoca aí. - Linn sorriu e a abraçou - Você tá com medo, né? - Linn assentiu - eu sabia. Vem cá, se tu acordar com medo de madrugada eu vou te dar um soco.

- Vai nada. - Linn ficou com a cabeça no ombro de Anne e juntas terminaram o filme com uma breve explicação de Linn sobre o começo do mesmo. Anne pôde perceber como estava fodidamente apaixonada por Linn Somers.

E Linn notou que ficou feliz demais pelo encontro ter ido por água abaixo. Com certeza dormiria tranquila.

- Hey, meninas. Que tal vocês saírem da toca hoje? Tenho um lugar maravilhoso.

- Hmmmm, e qual seria esse lugar, Mike?

- É uma boate, Fire, lá é como qualquer outra boate. A princípio... tem um momento em que tudo fica escuro e a única regra é beijar a pessoa mais próxima.

- Parece interessante... A gente vai sim.

O ambiente era muito bom, Anne e Linn gostaram muito.

- Como você descobre esses lugares? - Indagou Linn.

- Tenho meus contatos, meu bem. Agora vamos beber algo, que a meia noite rola o apagão.

- Eu não vou beijar ninguém, não. Vim só pela bebida. - Anne disse, virando o primeiro shot.

- Já são 23:15, até lá me decido, mas é bem provável que também não. Vai que eu pegue alguma doença?

- Vocês parecem duas velhas! Podem beber aí, eu vou dançar para esquentar o clima.

Anne notou uma garota a olhando, do outro lado do bar, mas continuou conversando com Linn normalmente.

- Eu acho que você vai beijar ela a meia noite. - Anne fez cara de desentendida, mas sabia que Linn era uma boa observadora. - a garota do outro lado não para de olhar para você.

- Eu não tenho culpa de ser irresistível, mas não estou afim.

- E se eu te disser que ela está vindo em nossa direção? Pois é, eu vou dançar. Até mais. - Anne ia protestar, mas Linn não deu tempo. Pegou uma garrafa de vodka e saiu rapidamente.

- Oi - Falou a garota, sorrindo e se sentando ao lado

- Oi - respondeu, de forma bem educada. - eu tenho que ir ao banheiro. Desculpa.

"Quem é você e o que você fez comigo?" Pensava Anne, enquanto abria caminho pelas pessoas.

Do outro lado da pista, Linn encontrara Mike e já estava desinibida ao ponto de dançar junto com ele sem morrer de vergonha.

- Muito bem, agora eu quero que todos vocês fechem os olhos, pois falta menos de um minuto para meia noite! Então, usem o tato para achar a boca mais próxima! - Anunciou o dj da noite.

Linn ficou nervosa e acabou se distanciando de Mike. Sabia que alguém ia acabar a puxando.

- 5, 4, 3, 2...1! - a única claridade que havia permanecido era as luzes neon perto do dj, mas que não mudava em nada. Linn não conseguia ver nada, até que sentiu uma mão tocar sua cintura com calma e envolver sua nuca com a outra, aproximando o bastante para Linn sentir o hálito quente bem próximo.