Quando adentrou em casa, viu que estaria sozinha até pelo menos nove horas da noite. Os pais haviam ido para a igreja. Jonh não era mais pastor, mas não o impedia de subir no púlpito a cada culto e falar algo.
Ficou aliviada de ter a casa só para ela por algumas horas. Poderia relaxar e tomar um banho longo.
Pediu uma pizza, o que não demorou muito a chegar. Ela se sentiu uma garota estúpida de 12 anos apaixonada ao pedir o sabor favorito de Linn.
As duas trocaram mensagens desde que ela havia chegado em casa. Anne surpreendeu-se quando notou que tinha comido quase toda a pizza sozinha.
Ao notar que os pais haviam chegado, ficou esperando algo acontecer, mas logo o barulho cessou e ela pôde adormecer tranquila.
Linn estava tendo sérios problemas de insônia e não conseguia dormir antes de uma hora da manhã. Ela tentava. Mudava várias vezes de posição, mas nada ajudava. Quando dormiu, às três da manhã, foi acordada num susto. Pela sua própria voz.
– Eu tenho que parar de dormir. – Levantou 5:50 para fazer seu café. Não tinha necessidade de acordar tão cedo, mas ela não queria mais ficar deitada.
Foi andar pelo quarteirão até dar seu horário. Então, com um copo termico e seu moletom quentinho ela começou a andar. Pensando na vida e no pesadelo que tivera.
A maioria deles era sobre seu trauma ou sobre Anne e por incrível que pareça, os relacionados a moça eram os que mais assustavam ela.
Era sempre com elas se separando.
Mais uma vez, ela se pegou pensando na faculdade. Sua colega de trabalho, Gina, tinha lhe dito que a faculdade foi sua melhor experiência e que o curso que ela queria era muito bom.
Ligou para a mãe, não se dando conta do fuso horário.
– Filha? O que aconteceu? Você está bem? – Lucy tinha atendido após vários toques e Linn se deu conta que deveria ser cerca de 3:00 no Brasil.
– Droga, me desculpa mãe. Eu esqueci do fuso horário. É que aqui já é 6:30. Pode desligar, mais tarde te ligo. – Falou botando a mão na testa pensando um "burra, burra".
– Não. Tudo bem. Eu já acordei mesmo. Pode falar.
Linn respirou fundo. Sentia medo de sua mãe colocar pressão em sua decisão. Ela sequer sabia onde queria estudar.
– Engenharia da computação.
– O que?
– É que eu acho que quero fazer faculdade de engenharia da computação! Eu estou trabalhando em uma empresa de tecnologia e eu gosto muito. E acho que… sei lá.
– Eu acho que é uma área muito boa. Você me surpreendeu, filha.
– Porque?
– Ah, eu achei que você iria querer algo relacionado a escrita.
– Eu amo escrever, muito, mas não me vejo fazendo isso como profissão a longo prazo. – parecia que conversar com sua mãe sempre clareava sua mente. Era incrível. Mas como na infância, quando Linn falava mais sério com a mãe, ela acabava chorando. Mesmo que não fosse nada grave.
– Entendi. Eu estou orgulhosa da sua decisão. E quando você pretende começar? Já pesquisou alguma faculdade? – Ela respondeu que não tinha pensado em todos os detalhes, mas que a atualizaria assim que possível.
Logo desligou e voltou para casa, tomando um banho longo e indo para o trabalho.
– Bom dia! – Falou quando chegou na empresa. Era claro que ela estava de bom humor. Mike, que estava estagiando no mesmo lugar percebeu seu bom humor assim que a viu saindo do apartamento.
– É, alguém acordou de muito bom humor. Bom dia, flor do dia. – falou para ela e para Gina. Que já estava concentrada na tela de seu computador. Ela era programadora. A garota focou em Linn.
– Então, eu decidi que vou mesmo fazer engenharia da computação! – falou, com uma certa empolgação na voz.
Gina e Mike a abraçaram, quase gritando coisas como "é isso aí!" Ou "muito bem, garota!". Ficou feliz, pois a cada vez que falava em voz alta, sentia que a decisão ia se concretizando mais.
Quando Anne a ligou, ela contou tudo, sorrindo de orelha a orelha e depois mais um pouco por ouvir uma empolgação genuína na voz da namorada.
Quando o expediente acabou, Linn foi para casa e ficou vendo algumas instituições e seus respectivos preços. Tentou não desanimar com os preços.
Quando terminou sua busca, Mike entrou em seu apartamento sem nem bater.
– Eu não deveria ter te dado minha chave.
– Agora já é tarde, minha cara. – Ele riu falsamente, se jogando na cama dela. – que tal você sair da toca hoje? Tenho um lugar muito bom para te mostrar?
– Festa? Não estou muito afim.
– Vamos! Prometo que vai ser legal e que não é que nem essas boates lotadas. – Ela levantou a sobrancelha, pensando na hipótese. – se você não gostar, eu mesmo pago seu táxi da volta.
– Tá bom. Vamos então! – Respondeu, se dando por vencida.
– Ótimo! Às seis eu venho aqui para irmos. Esteja apresentável!
– Eu sou super apresentável, seu bundão!
– Sou mesmo. – Falou, batendo a porta ao sair.
Às seis ela estava pronta. Com um quimono azul e uma blusa preta por baixo, e uma calça jeans cintura alta. Calçou um vans azul com vermelho e foi no apartamento da frente. Mike quem sempre demorava para se arrumar.
Passaram um bom tempo no táxi até chegarem em uma casa grande, com muros pretos com alguns desenhos bem aleatórios.
A noite promete, pensou.
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Nós
RomanceO amor não é algo que você encontre propositalmente. Amor simplesmente chega e te fascina gradativamente. Quando você vê, já não se imagina sem esse sentimento. Linn Somers definitivamente não estava a procura de um amor, mas foi escolhida para enc...