– Bom dia, faz tempo que você tá acordada?
– Não muito, você tem remédio para dor? Eu acho que vou morrer. – Linn sorriu e disse que ninguém mandou ela beber tanto e levantou-se. – sério, eu não faço isso com frequência.
– Calma, não tô te julgando. Aqui, toma isso. – Deu o remédio e foi fazer seu café da manhã
– Cara, você sem dúvida é o meu anjo da guarda.
– É, isso é melhor que você ficar me pedindo obrigada toda hora.
Mike conheceu Anne e eles se deram bem logo de cara. O rapaz a olhou com cara de quem achava que elas tinham feito alguma coisa, mas Anne explicou por cima o que havia acontecido.
– Eu tô indo trabalhar, Anne você não quer conversar com a minha chefe e ver se tem vaga para você?
– Sim, sim! Preciso... mas você pode ir na frente para não se atrasar. Eu ainda vou tomar banho. Quero parecer apresentável, sabe? – Linn assentiu e explicou o endereço do local e se despediu da moça e do amigo.
Linn foi andando, sentindo a fria brisa que ainda estava se adaptando. Ela gostava disso, mas às vezes sentia saudades do clima brasileiro. Ligou para a mãe durante o caminho. A mãe, Lucy, não sabia bem como havia deixado a filha ir para tão longe. Era sua única filha. Sua garotinha.
Tiveram uma breve conversa para atualizar a outra sobre suas vidas. Linn desligou, sentindo um aperto no peito.
Anne agradeceu aos céus por ter levado em sua mochila roupas que pudessem dizer "oi, eu sou séria o bastante para ter esse emprego". Ela e Mike terminaram de comer e ela foi se arrumar.
Já sabia onde era a loja, então seria rápido chegar lá. Anne havia pensado muito durante a madrugada. Demorou um pouco para dormir pois ficou planejando seu futuro. Primeiro, arrumar um emprego. Segundo, falar com sua mãe. Terceiro, se falar com sua mãe não desse certo, teria que começar a pensar novamente. O álcool impediu que ela planejasse tudo com detalhes.
Ao entrar na loja, viu Linn arrumando umas prateleiras de livros. Sequer sabia que ali também vendiam livros. Usados, provavelmente.
– Bom dia, em que posso ajudar? – Falou Linn, distraída com um livro. Nem olhou quem entrara. Anne a observou folhear o enorme livro.
– Bom dia, tem alguma vaga aqui? – Falou, um pouco irônica. A moça a olhou e sorriu sem graça.
– Opa! Eu espero que sim, vou chamar a Kate. Boa sorte... – Linn entrou numa sala e Anne a esperou. Estava começando a ficar ansiosa, realmente queria aquele trabalho. Logo ela voltou, junto com uma mulher bem... Diferente. Era alta e muito branca, usava muitos colares no pescoço e pulseiras também, o cabelo estava um pouco desgrenhado.
– Bom dia, senhorita, em que posso ajudá-la?
– Bom dia... então, é que eu queria saber se tem alguma vaga aqui, para qualquer coisa!
– Eu sinto muito, minha querida... mas não posso pagar outra pessoa. – Anne sentiu como se um balde de água gelada fosse jogada sobre sua cabeça. Respirou fundo e sorriu. Sabia que não seria fácil assim, mas talvez tenha criado expectativa. – Mas eu posso entrar em contato com alguns amigos. Qual o seu nome?
– Anne. Anne Parker.
– Certo, Anne, eu vou ver o que posso fazer por você e peço para Linn entrar em contato contigo. Afinal, parece que vocês se conhecem, não é mesmo? – Arqueou a sobrancelha e saiu antes mesmo da menina agradecer.
– Ela é assim mesmo... não liga. Você tá bem?
– Estou, porque eu achei que seria fácil né? Nunca é. Eu vou indo, te encontro na sua casa. Bom dia.
Linn viu como aquilo tinha deixado Anne mal, e quis correr para ver como ela estava, mas não foi. Sabia que não podia fazer nada para ajudar, então voltou ao trabalho tentando esquecer o estado da menina.
Anne caminhou um pouco pela cidade antes de voltar para casa. Precisava espairecer. Pensou em ligar para alguém na sua lista de contatos, mas nem saberia por onde começar a falar quando ouvisse a voz de algum conhecido. Tinha umas colegas da escola, da igreja, mas não sabia a quem recorrer. Não dava para criar laços com seus pais a impedindo de fazer absolutamente tudo que não fosse relacionado a religião e estudos.
– Alô? – Criou coragem, havia decidido tomar as rédeas da sua própria vida e ligado para alguém de sua lista.
– Anne? Mas que porra, garota!
No fim do expediente, Linn chegou em casa muito cansada, mas preocupada com Anne. Não havia parado de pensar na loira. Ela estava dormindo e a casa estava arrumada, ela não gostava que mexessem nas suas coisas mas relevou daquela vez.
Observou que havia um cheiro muito bom vindo do fogão e foi atrás. Estava morta de fome e achava que comeria pizza mais uma vez, e não macarrão com queijo. Tirou um pouco para si e foi assistir algo na tv.
– Oi, você chegou. – Anne acordou e se juntou a Linn no sofá. – Eu não sabia se podia, mas fiz uma comidinha pra gente. Você gostou? E arrumei a casa, não que não estivesse boa, mas é a única coisa que minha mãe me ensinou: manter a casa limpa. Mas desculpe qualquer coisa, não sei...
– Anne, ok ok. Calma, tá tudo bem. A casa está ótima e a comida também. Relaxa. – Linn a interrompeu, e a moça pareceu mais tranquila e sorriu – Aliás, você deveria comer também, isso aqui tá muito bom! Quer assistir algo?
Assistiram simplesmente acontece, e descobriram que esse era o filme favorito das duas em um momento no qual as duas falaram ao mesmo tempo "por isso esse é o meu filme favorito!" e caíram na gargalhada.
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Nós
RomanceO amor não é algo que você encontre propositalmente. Amor simplesmente chega e te fascina gradativamente. Quando você vê, já não se imagina sem esse sentimento. Linn Somers definitivamente não estava a procura de um amor, mas foi escolhida para enc...