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Linn andou alguns passos até sentir seu café da manhã voltar e vomitou, ali na rua mesmo. Ela sentia uma mistura de sentimentos que mexeram com seu estômago. Mágoa e decepção eram os principais. 

Foi para o trabalho, tentando esquecer a manhã decepcionante que tivera. Ela se sentia vazia e por muitas vezes teve vontade de chorar, mas engoliu o nó em todas elas. 

Ao entrar no prédio, foi direto para o banheiro se trancar em uma das cabines. Ficou lá por muitos minutos, tentando respirar fundo. Saiu quando ouviu passos e rumou para a sala de sua chefe que já estava lá, com seu visual impecável. 

– Bom dia! Tudo bem? – Anne tentou sorrir e respondeu que sim. – Você não parece bem, pode me falar se quiser. Você sabe, não é?

– Sei sim, mas por enquanto eu acho melhor organizar meus problemas na cabeça. Pode me entupir de trabalho o quanto você quiser. 

– Muito bom, porque tenho o que você precisa. Aqui, eu preciso desses relatórios até o final do dia. – Anne pegou a papelada e saiu da sala, agradecendo mentalmente por poder se distrair. Pelo menos por algumas horas. 

Quando terminou os relatórios, ao fim do dia, entregou prontamente para Bonnie, que estava quase de saída, mas disse que não ia revisar pois sabia da competência de Anne. Ela ficou feliz com o comentário e se despediu da chefe. 

– Ah, Anne. Qualquer que seja o seu problema, saiba que honestidade é a coisa mais importante. Sei que você tem pessoas boas ao seu lado, não desperdice. Boa noite. – falou e a mandou ir para casa. 

Mas ela não foi. 

Linn estava saindo do banho quando ouviu batidas fortes em sua porta, a assustando um pouco. Enrolou a toalha em si e se aproximou da porta. 

– Quem é? – As batidas pararam e ela ouviu uma voz conhecida. Abriu imediatamente a porta e Anne pulou em seus braços, lhe dando um beijo desesperado. 

Ela respondeu na mesma intensidade. Ela também estava desesperada de certo modo e sentiu falta daquele calor que emanava da mulher a sua frente. 

Anne foi a empurrando lentamente até a cama quando notou que ela estava apenas de toalha e com algumas gotas de água pelo corpo. Arrancou a toalha de seu corpo e começou a beijar o pescoço de Linn, que arrepiava e se entregava a cada toque em sua pele.

Como sentiram falta daquilo. 

Linn voltou a realidade, empurrando Anne para longe e lembrando de tudo que estava sentindo. Se vestiu rapidamente no banheiro. Sua calça moletom de sempre e uma blusa que dizia "Avada Kedavra, Bitch". 

– Eu achei que você não quisesse me ver. – Falou, tentando não carregar a voz de mágoa, mas falhou miseravelmente. 

– Eu vim aqui para te explicar o que está acontecendo na minha vida. Posso? – Linn cruzou os braços, mas assentiu, indo em direção ao sofá. – Primeiramente, eu quero pedir desculpas por ter sido uma completa babaca. Eu sei que de todas as pessoas no mundo, você é a última no qual eu deveria ser idiota. Eu espero que você me desculpe. 

– Vá direto ao ponto. – Pediu, séria. Anne não gostou do tom, mas sabia que merecia. 

– É meu pai. Eu estou meio que de castigo e eu estou só indo de casa pro trabalho e vice versa. – Linn automaticamente adotou um semblante preocupado. 

– Você tem vinte anos, Anne. Você trabalha. Não deveria ter que passar por isso mais. Quer dizer, nunca deveria ter passado. 

– Eu sei! Mas é que eu tenho medo de que ele faça alguma coisa com a minha mãe. 

– Sabe, eu entendo você. Mas não é justo se colocar em risco por alguém que sabe o que se passa dentro de casa e não move um músculo para manter a própria filha segura. Eu realmente não entendo como sua mãe prefere te ver assim do que feliz, que era como você tava. – Linn sentiu medo de Anne ter a achado egoísta, mas sabia que estava certa.

Nenhuma mãe colocaria a vida do filho em risco por homem. Pelo menos não deveria. Era assim que ela pensava. 

– Meu bem, eu sei o que você acha, e eu vou resolver isso, mas agora eu tenho que continuar assim. E eu não quero te magoar e nem te trazer pra esse furacão que é minha vida. Eu espero muito que você entenda. 

Linn respirou fundo. Anne pegou o celular de Linn e anotou seu novo número. 

– O que houve com seu celular mesmo?

– Ele quebrou, já estava velho mesmo. Esse aqui é bem melhor. – Linn assentiu e Anne teve que ir embora um tempo depois. – Ei, não se esquece que eu te amo e que qualquer coisa é para o seu bem, tá bom? 

– Não esquece você de que pode me contar tudo, sem medo nenhum. Eu te amo também. – beijaram-se e Anne foi embora. 

Não havia contado tudo, mas pelo menos tinha ganhado tempo de decidir o que fazer da vida naquele momento tão complicado. Primeiro, tinha que ter uma conversa muito séria com a mãe.

Isso seria difícil. 

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