Nós

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Quando adentraram o antigo quarto de Linn, Anne sentiu como se estivesse conhecendo um outro lado da namorada. 

As paredes eram brancas, o que dava um contraste incrível com a moldura preta dos vários quadros espalhados pelo lugar. A maioria era de Harry Potter e séries que Linn gostava. 

Tinha uma cama de casal no canto, um espelho do lado, um guarda roupa obviamente preto e umas prateleiras com alguns livros. Linn só havia levado alguns livros para Londres. 

– É você? – perguntou ao ver uma foto de uma garotinha que parecia ter uns cinco anos. Linn assentiu. – que coisa mais fofa! Posso pegar essa foto pra mim? 

– Pode, agora vamos tomar um banho porque a dona Lucy não vai nos deixar descansar tão cedo. Principalmente a você. 

– Como assim? 

– Ela com certeza vai querer te conhecer. 

Dito e feito. Quando voltaram para a sala, a mãe de Linn fez questão de saber tudo sobre a vida de Anne. A escola, a família, o trabalho. 

– E como vocês se conheceram? 

– Eu fui a primeira cliente da Linn, depois nos reencontramos e bem… não desgrudamos mais. – omitiu algumas coisas mas sabia que ela tinha noção das coisas que aconteceram. 

Lucy e Anne se deram muito bem. Ambas gostavam muito de falar, então o assunto rendia. Linn estava só observando com uma cara de boba. 

– Bom, já que vocês vão ficar aí falando mal de mim, eu vou comer alguma coisa. 

– Querida, até esqueci! A conversa estava tão boa. Venha, Anne, o almoço está pronto já. – falou encaminhando a nora para o outro cômodo. – suas tias virão pela tarde, Linn. 

– Que tias? 

– Relaxa, é as que você gosta. – Linn sorriu e falou para Anne sobre suas tias, que eram as irmãs mais novas de sua mãe e tinham quase sua idade. 

A comida foi o prato preferido de Linn; feijoada. Mas havia estrogonofe, que foi algo que Anne amou. Comeram e conversaram pelas próximas horas até se sentiram exaustas e Linn pedir para darem um cochilo antes das suas tias chegarem. 

– Então, gostando da sogrinha? – perguntou Linn, se deitando no peito de Anne. 

– Muito! Ela é incrível. Obrigada por me trazer, meu bem. 

– Eu que agradeço por ter aceitado, eu acho que não estaria me sentindo em casa se você não estivesse aqui. – se beijaram e dormiram em pouco tempo. Fuso horário era algo complicado.

Linn tinha o sono leve, então acordou antes de Anne. Lhe deu um beijo na testa e saiu do quarto rumo às vozes vindas da sala. 

– Eu amo vocês, mas odeio acordar no grito! Falar alto é de família, é? – falou para ser notada entre as quatro mulheres que riam enquanto bebiam suas cervejas. Ainda era terça feira, mas pelo visto isso não importava. 

– Linn! Garotinha, como você demorou para visitar a ralé! – falou Amanda, indo abraçá-la seguida de Clara e Ana. 

– Nós sentimos saudades, você nunca ligava. Agora sente-se, conte como vai. Achei que viria acompanhada. 

– Eu vim, mas ela ainda está dormindo. Chegamos pela manhã, então ela está muito cansada, tadinha. Mas já, já ela desce. – respondeu, sorrindo. 

– E o trabalho, querida? Conte as novidades! Não, eu conto. – falou Lucy, com orgulho. – ela conseguiu um estágio em uma empresa de tecnologia, então o chefe dela ofereceu uma incrível promoção; gerenciar uma filial aqui no Brasil! 

– Que incrível, então você veio para ficar? 

– Estou aqui só de férias mesmo, eu não aceitei. Resolvi fazer faculdade lá para exercer um cargo melhor na minha área, mas eu continuo lá. Dá para sobreviver bem com o salário. Anne também trabalha, então dividimos as contas e vai tudo muito bem. 

– Isso é muito bom, querida. Estou doida para conhecê-la. 

Anne acordou e logo se juntou às mulheres na sala. Foi apresentada pela sogra e recebeu abraços calorosos das mulheres. 

Foram comer mais e ficaram a conversar sobre quais os lugares onde Linn deveria levar Anne. Linn iria adorar levá-la para conhecer os lugares que mais ia quando morava no Ceará. Na beira mar, parque do cocó, cinemas e outros no qual ela já havia planejado mentalmente.

Ao anoitecer, Ana, Clara e Amanda começavam a se preparar para irem embora. 

Ao abraçar Anne, Amanda a puxou para se afastarem das outras.

– Você me parece muito legal e realmente parece que ama a minha menina, então vou confiar que você sempre cuidará dela, a amará e respeitará sempre! Porque caso não o faça, eu vou caçar você. 

– Eu amo a Linn, não precisa se preocupar. Com nada. Vou me casar com essa mulher. – falou confiante. Esperava essas palavras de Lucy, não sabia que Linn era próxima da mulher a sua frente. Amanda era um pouco mais baixa que Anne, aparentava estar na casa dos trinta, tinha cabelos pretos mas dava para ver alguns fios brancos. A pele era parda e ela tinha muitos sinais pelo rosto. 

– Por falar em casamento, eu quero que fique com isso e que não diga a Linn que o tem. Ela sempre o admirou, mas eu falei que só daria quando conhecesse seu amor para a vida toda.

E bem… acho, e espero, que seja você. Faça bom uso. Agora, tchau. Foi um prazer conhecer você, Anne! – falou voltando para perto das outras. 

Anne abriu a mão e viu um lindo anel com uma pequena pedra verde. Era dourado e delicado. Anne guardou rapidamente quando a namorada chegou perto perguntando o que sua tia havia falado.

– Nada demais, só aquelas coisas que os pais falam para o namorado das filhas. Vamos entrar? 

Linn assentiu, achando estranho mas entraram e puderam enfim dormir por uma longa noite.