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– Esse macarrão é muito bom! 

– É, agora a senhora vai tomar um banho. 

– Argh, tá muito frio! – Anne levantou a sobrancelha. – Tá bom! Eu vou. Chata. 

– Obrigada, de nada. Quer ajuda?

– Uuh, quer ver o meu corpinho? É só falar. 

– Por Deus! Vai logo, garota. Já vi que não precisa de ajuda. 

Linn ficou quase boa enquanto estava no banho, ficou quase dez minutos embaixo do chuveiro antes de se dar conta de que não havia levado toalha. 

– ANNEEE – gritou, provavelmente assustando a outra. 

– Cacete! Que susto! 

– Eu esqueci a toalha. Pode pegar pra mim? – falou colocando metade do corpo para fora e cobrindo os seios com os braços. Anne tentou não olhar muito. Mas era uma cena linda de se ver. Linn encharcada, cobrindo metade dos seios e meio que dando um volume. – Obrigada. Eu juro que não costumo fazer isso. 

– Isso o que? 

– Ué, esquecer a toalha. 

– Ah, puf! Tudo bem. – falou voltando a realidade e indo para cama ou qualquer outro lugar que não fosse a porta do banheiro. Logo Linn saiu, enrolada na toalha e foi se vestir. Com Anne olhando fixamente para o celular. Em alguns minutos ela se deitou ao seu lado – Dormir, né? 

– Sim! Estou morta. Ainda bem que é sábado.

– Verdade, diazinho cansativo. Você quer ficar sozinha? Eu posso ir para o sofá. – Perguntou Anne e Linn revirou os olhos. 

– Claro que não. Fica aqui. – Falou ficando de frente para a outra. Encararam-se. 

– Fico. – Linn sorriu e pegou no sono. Anne a olhou um pouco, se perguntando o porquê de Linn ter ficado tão abalada. E o porquê dela ter se importado tanto. 

– Puta merda. Ai! – Linn nem abriu os olhos, só sentiu a dor. – Eu não deveria ter bebido tanto, cacete. 

– Aqui, toma isso. E põe isso na cabeça. – Linn levou um susto quando viu Anne parada ao lado da cama com remédio e uma bolsa de gelo. 

– Obrigada, faz tempo que você acordou? – sentiu sua cabeça explodir a cada segundo, mas não iria dar o braço a torcer e acabar ficando deitada o resto do dia com alguém lhe cuidando. Jamais. 

– Um tempinho, eu fiz café. Você quer? 

– Se eu quero o amor da minha vida? Claro. 

– Onde você vai? – Anne perguntou quando a viu tentar sair da cama quase de olhos fechados. 

– Pegar o meu café. Anne, eu não estou doente. Tá tudo bem. 

– Eu sei que não, mas eu já estou em pé, então fica aí. Pode ser? – Linn revirou os olhos e se arrependeu devido a dor. – Toma. Come essas torradas também.

– Sim, senhora. – Linn logo terminou e foi tomar um banho. Ficando um pouco melhor. 

– Que tal passar o dia nesse sofá, assistindo alguma série?

– Hmmmm, isso é quase um encontro. – Anne deu de ombros – definitivamente o meu ideal de encontro perfeito. Netflix e comida. 

Elas assistiram vários episódios de Orange Is The New Black. Anne nunca tinha ouvido falar, mas gostou muito. Linn se sentiu orgulhosa de si mesma por fazer a amiga gostar da sua série favorita. Pararam na segunda temporada para fazer brigadeiro. 

– Como assim você nunca provou brigadeiro, Anne? Que pecado!

– Nunca ouvi falar disso. Você sabe fazer? 

– Sei, mas não tenho aqui os ingredientes. Vamos ao mercado comigo? 

Foram ao mercadinho mais próximo do apartamento, à uns dois quarteirões. Linn disse os ingredientes a Anne e foram procurar e aproveitaram para comprar algumas coisas que faltavam. Faltava só o creme de leite quando ouviram alguém chamar o nome de Linn.

Anne revirou os olhos antes mesmo de se virar para a voz. Carly e sua voz rouca.

– Que coincidência! Tudo bem? – Falou dando um beijo na bochecha de Linn e um “Oi” para Anne. 

– É, tudo bem sim. Só uma leve ressaca. 

– Olha, eu tenho um remédio ótimo para curar ressaca. 

– Qual?

– É um suco que eu faço. Posso te mostrar, se você quiser. Eu vim só comprar umas coisas, mas tô voltando pra casa. Quer ir comigo? – Linn pensou bem antes de responder, notou como Anne fechou a cara ao ouvir o convite. 

– Não vai dar... eu já tenho planos com a Anne e a dor de cabeça está passando. Mas obrigada, fica para a próxima. 

– Certo, eu vou cobrar. – Linn sorriu e Carly foi para outro setor. 

– É, tudo bem se você quiser ir. – Anne não sabia porque tinha dito aquilo, mas relaxou quando ela negou com a cabeça.

– Não! Eu quero ficar contigo. – Linn notou como a frase saiu estranha – E além do mais, você tem que experimentar meu brigadeiro! Vamos?

Linn teve que impedir que Anne comesse todo o doce. Ela havia adorado e podia acabar passando mal por comer tanto.

– Então, e a Carly? – estavam conversando sobre coisas aleatórias fazia um tempo, já tinham cansado de assistir e estavam de estômago cheio.

– Ah, não sei. Ela é legal. 

– E porque você não demonstra nem um pingo de interesse?

– Não sei, sinceramente… acho que não estou afim de me envolver com ninguém. Só de pensar em conhecer alguém, me aproximar, me apaixonar, criar laços… não, obrigada. Acho que nem tenho psicológico para isso mais.

– Uou, então eu acho melhor você deixar isso claro para a Carly, ela parece ser bem insistente. E cara, você deve ter tido uns relacionamentos bem ruins, né? 

– Talvez… mas e você?

– Eu já namorei um cara, o Josh, ele era o único pretendente que o meu pai achava bom o suficiente.

– E o quão ruim foi essa experiência?

– Qual é, pessoas da igreja são legais! Que preconceito! – Linn a olhou, arqueando a sobrancelha como quem diz “ah, tá”. – Bom, algumas são. O Josh é legal, mas era entediante ficar com ele. Aí achei melhor terminarmos antes que meu pai quisesse nos casar.

– Entendi. E desde então você não se interessou por mais ninguém? – Anne negou com a cabeça, dando de ombros. 

– E acho que nem quero. Tenho mais que ajeitar minha vida. 

– Bem vinda ao clube. – ficaram em silêncio até Linn receber uma mensagem de um número desconhecido. – Eu vou matar o Mike. 

– O que foi? – Linn mostrou o celular e a mensagem dizia “eu estou por perto, podemos nos encontrar? Aliás, é a Carly. O Mike me deu seu número.” 

– Você vai? – Linn pensou um pouco.

– Talvez eu deva. É, para deixar claro que eu não quero. Talvez ela desencane logo. 

– É, melhor. Quer que eu vá com você? 

– Não, não precisa. Obrigada. 

– Tá bom, qualquer coisa manda mensagem. 

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