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Às seis horas da noite, Anne e Linn chegam na casa de Claire. Linn usava uma blusa preta de botão de mangas, dobradas até os cotovelos. Uma calça cintura alta que realçava suas curvas e um tênis igualmente preto. Por fora era uma mulher confiante de si, mas por dentro estava muito nervosa, suas mãos suavam. 

Anne estava radiante. Usava uma saia vermelha de botão e uma meia calça preta, uma bota média e uma blusa branca ombro a ombro.

– Olha, relaxa tá bom? Se ela falar alguma merda eu prometo interferir. 

Linn apenas assentiu, passou o caminho em silêncio. Anne estava mais nervosa que ela. 

Ao abrir a porta, um cheiro muito convidativo de comida veio da cozinha, indicando que estava quase pronto. 

– Mãe? Chegamos. – logo a mulher apareceu, com um sorriso amarelo, estava usando um vestido azul bem recatado, mas Linn via como Anne tinha a quem puxar sua beleza. 

– Boa noite! O jantar está quase pronto.

– O cheiro está ótimo. – elogiou, tentando parecer simpática. 

– Você vai adorar a comida da minha mãe! Qual a sobremesa?

– Creme de abacaxi. Venham, vamos para a sala, ainda vai demorar cerca de dez minutos para terminar de assar. Vocês querem uma água ou um suco? 

– Não, obrigada. 

– Eu vou lá pegar o suco. – Falou Anne, saindo da sala e as deixando sozinhas. 

Linn pensou em várias formas de matar Anne de uma forma dolorosa. 

– Então, Anne me falou que você trabalha com programação. 

– É, é um estágio muito bom. A empresa é muito boa. Eu consegui uma promoção, e começo assim que entrar na faculdade. 

– Qual a faculdade?

– Engenharia da computação. 

– Muito bom. Eu sempre falo para a Anne fazer uma graduação, mas quem disse que ela me escuta? – Anne havia chegado naquela hora e fez cara de ofendida. 

Tanto Claire quando Linn estavam se esforçando para deixar o clima agradável, e estavam conseguindo. 

– Eu também sempre falo! Como ela trabalha com administração, era para fazer essa faculdade, não é? Ia ficar mais preparada para quando viesse uma oportunidade de crescimento. – concordou Linn.

– Olhe, eu vou fazer, mas tudo no seu tempo, ok?  

– Sei… eu vou olhar o jantar, Anne me ajuda a arrumar a mesa filha. – chamou e foram para a cozinha. 

Linn aproveitou para voltar a respirar direito. Se levantou e observou algumas fotos que tinham espalhadas pela sala. A maioria de Anne pequena. 

– Eu tinha cinco anos nessa, havia acabado de arrancar o dente de leite desse dente e mostrava pra todo mundo. – relembrou Anne. Linn estava vendo sua foto com um sorriso enorme e sem um dente da frente. 

– Você era uma criança muito fofa. 

– Eu sei, agora, vamos? Eu já roubei um pedaço e está uma delícia. 

– Espera, eu estou indo bem? Isso está sendo um desastre, não é? – perguntou, dando uma leve surtada. Anne segurou seus ombros e a olhou nos olhos.

– Ei, respira. Você está indo muito bem. Você é maravilhosa.

Linn assentiu e foram para a mesa. 

A mesa estava posta, com um frango assado no centro da mesa. Parecia estar muito bom, a barriga de Linn roncou na hora. 

– Está com uma cara muito boa, senhora. 

– Espero que gostem, vamos, sentem-se. – falou Claire. 

Para a mulher era estranho estar tendo aquele momento, mas foi inevitável ser gentil com a moça. Ela estava sendo muito educada e gentil. 

Claire não admitiria, mas ela parecia ser cativante. Ela notou também que os olhos dela brilhavam quando falava ou olhava para sua filha. 

É impossível uma mãe achar ruim ver que outra pessoa ama tanto um filho. Com Claire não foi diferente, mesmo ela lutando contra. 

– Ela viu a minha foto sem dente, eu nem lembrava que ela ainda estava lá. – comentou Anne, quebrando o gelo. 

– Oh, esse dia foi engraçado. A Anne não queria arrancar o dente, quase tivemos que levá-la ao dentista. – relembrou Claire. 

– E como fizeram para tirar? – Linn perguntou enquanto saboreava a comida. Estava tudo uma delícia. 

– Nós, eu e o Tommy, o tio dela convencemos ela de amarrar um barbante no dente com o pretexto de que depois ela tomaria sorvete. Então, eu amarrei e segurei ela forte em meus braços e ele amarrou a outra ponta na porta e a fechou com força. Então o dente veio fundo. 

– Ah! Que fofa! – respondeu, rindo.

– A foto foi tirada quando ela estava tomando sorvete, morta de feliz! 

– E até hoje ela dá esse sorrisão quando come sorvete. – falou Linn, olhando para Anne que estava com a cara de boba olhando a interação delas. 

O jantar foi agradável, a mãe de Anne relaxou um pouco mais e ficou a fazer muitas perguntas para Linn. Sobre a família dela, a infância. E a morena respondera de forma confiante pois já estava se sentindo menos nervosa. 

Quando acabaram, Linn se ofereceu para ajudar Anne a lavar a louça, e Claire ficou de colocar a sobremesa. 

– Você viu? Não está sendo tão ruim. – falou Anne, convencida de que no fim ficaria tudo bem. 

– É, tem razão. Estou até assustada. – respondeu. – isso é estranho. Sabia que eu nunca conheci a mãe de quem eu estava namorando?

– Sou privilegiada, haha. Pronto, vamos comer a delícia que é o creme de abacaxi da dona Claire. – disse Anne, indo para a sala. 

Realmente era muito bom. Linn até comeria mais, mas não iria pedir. Anne havia ido na cozinha, deixando as duas novamente sozinhas. 

– Uma pergunta, Linn. 

– Pode falar.

– Você veio aqui para pedir permissão para ficar com a minha filha? – questionou, séria. 

– Olha senhora Parker, com todo respeito, não. Eu estou com a Anne e ambas somos adultas. Não creio que eu precise da sua permissão para isso. Eu vim porque eu amo a sua filha. Nós duas amamos ela, não é? Eu só quis dar uma chance e fazer com que ela seja feliz e a felicidade dela meio que depende da minha relação com a senhora, então estou tentando fazer com que isso dê certo. – respondeu, com as mãos suando horrores. Só queria que Anne entrasse na sala naquele momento, mas estava demorando. 

– Eu não posso prometer nada, mas isso pode dar certo. Eu não concordo, mas te respeito. Acho que podemos nos dar bem com o tempo, apenas não machuque minha filha. 

– Jamais vou magoar a Anne, senhora. – respondeu olhando em seus olhos, transmitindo sinceridade nas suas palavras. 

– Bom, está ficando tarde, eu acho melhor eu ir dormir. Foi um prazer, Linn. – Claire falou quando Anne voltou para a sala. 

– Boa noite senhora Parker, a comida estava ótima. O prazer foi meu. 

– Tchau, mãe. Boa noite! – Anne abraçou a mãe e elas foram embora. 

– Eu ouvi o que disseram. Obrigada por fazer isso dar certo, meu amor. 

– Eu amo você, meu bem. 

Estão gostando? Estamos no finalzinho, hein!!!

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