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A loira respirou fundo, para ela a noite tinha acabado ali, mas se permitiu ser puxada pela namorada que sorriu e lhe deu um beijo rápido e a levou para um quiosque de bebidas.

– Não sai daqui, ok? Vou chamar um uber. – falou e Anne assentiu. Ela se aproximou e pediu algo que Anne não ouviu, mas logo em seguida viu o rapaz lhe entregando quatro cervejas. – ela agradeceu e pagou, mas se virou e comprou também um pacote de batatinhas. – o carro já está perto, vamos.

Anne estava irritada, então ficou parada e quando Linn voltou ela permaneceu em silêncio. Foram em direção ao carro que já estava próximo. Entraram em silêncio até Anne perceber onde estavam indo. 

– Nosso parque? 

– Sim. É o nosso lugar e… bom, nossa última lembrança dele não foi a melhor não é? – logo Anne lembrou que a última vez que estivera ali fora na virada do ano, quando se despediu de Linn. 

Suspirou.

– É, você tem razão. Aqui é o melhor lugar do mundo para se estar. Principalmente se for com você. – falou quando chegaram. 

– Senta aqui, olha como a lua está linda. – se acomodaram no gramado, abraçadas. – cerveja?

– Ah sim, isso é novidade. Não era você que odiava cerveja?

– Era, mas as coisas mudam. Não é tão ruim assim depois de alguns goles. – falou tomando um gole. 

– Em que momento você passou a mudar tanto assim? 

– Anne… eu não quero mesmo falar sobre isso. – respondeu, desviando o olhar. 

– Linn, se você mudou, eu quero saber. Eu quero conhecer esse novo eu que você se tornou. 

Linn bufou. Sabia que Anne insistiria em saber dos momentos em que estavam separadas. 

– Quando você saiu de casa, eu bebi. Bebi muito. Desde o primeiro dia que você foi. Eu não te contava porque sabia que você ia brigar comigo e sei lá… eu bebia sozinha depois do expediente. Em casa. Era bom dormir e não sonhar com você. Porque todos os sonhos eram ruins, Anne e eu não tinha você do lado para agarrar. – Linn começou a falar, mas evitava o olhar marejado de Anne. – fui para algumas sociais do Mike, e sei lá, bebia o que eu via pela frente. Isso já foi quando já não estávamos mais juntas. 

Eu sinceramente não me lembro exatamente de detalhes, mas um dia eu saí para um barzinho com alguns colegas e acabei ficando com uma garota. 

– Você o que?!!! 

– Quer que eu continue?

– É óbvio! 

– Eu estava muito bêbada, tipo, eu não me lembro do que aconteceu exatamente. Eu não lembro o nome dela, mas ela um nome curto, lembro vagamente a aparência. Morena, alta… ela chegou em mim e foi muito gentil. Achei que ela ia pedir minha ajuda para ficar com algum cara que foi comigo, mas quando vi estávamos nos beijando. Eu e você não estávamos juntas, então eu não parei o beijo, mas também não passou disso. Depois eu só voltei a ficar em casa e beber sozinha, mesmo que fosse cerveja. 

– Linn, caralho, eu nem sei o que dizer. Porque não me contou que ficou com outra pessoa? 

– Eu não queria falar de como fiquei mal sem você. – ela sabia que iriam brigar, e não queria que aquele parque, que era o lugar onde sempre iam há muitos meses atrás, virasse um lugar com más lembranças.

– Ok, nós duas ficamos mal, mas eu pelo menos não fui atrás de afogar as mágoas com a primeira vagabunda que passasse.

– Você nem podia sair de casa. Olha, eu sei que foi errado, mas a gente tinha terminado. Você mesma falou que depois da virada não apareceria mais na minha vida. 

– Eu sei… 

– Eu sinto muito, de verdade, mas eu peço só que você se ponha no meu lugar. Você me deixou, não me deu explicações plausíveis para isso. Eu fiquei destruída. Eu me reconstrui sozinha e ainda estou nesse processo. Eu erro. Eu também que eu ficaria da mesma forma se fosse o contrário, mas por favor, não vamos deixar isso ser mais um problema entre nós. Por favor.

Ela chorava, porque via como Anne estava chateada, mas logo se recompôs e ficou esperando a mulher ao seu lado responder, mas esta apenas fez um carinho leve em sua mão.

– Vamos esquecer isso, ok? Está tudo bem. Eu entendo você, é que imaginar outra pessoa te tocado, Linn, me dá uma raiva. 

– Anne, mais ninguém vai me tocar porque, por Deus! Só tem você. É só você em minha vida e só vai ser você para o resto dela. 

– Eu te amo 

– Eu te amo tanto… – se abraçaram e ficaram quietas, observando o céu por longos minutos. – nós estamos bem, não é?

– Estamos. Mas você lembra onde foi que você ficou com essa menina?

– Lembro. Foi o Jack's club. 

– Ok, é só para eu me certificar que nunca iremos lá. – Linn riu e falou que nunca mais pisaria lá. – ótimo, agora me dá essa cerveja. E as batatas.

– Minhas batatas! 

– Você ficou com outra garota, perdeu o direito de comer essas batatas. 

– Ah, é mesmo? Me dá isso, garotinha ou…

– Ou…? – desafiou, sorrindo. Linn pulou em cima dela e começou a fazer cócegas. – f...filha da pu...ta! Para! Para! – falou entre as risadas, empurrando Linn com as pernas. Linn parou e pegou o pacote ainda fechado. Estava ofegante. 

– Obrigada! – recebeu como resposta o dedo do meio de Anne.

O clima ficou bem mais leve e elas iniciaram uma conversa sobre o futuro. Linn falou que estava de férias e que pretendia visitar a mãe. 

– Você bem que poderia ir comigo… minha mãe iria adorar te conhecer.

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