Capítulo 06

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Betel ON


        Eu não fazia a menor ideia de que fazer uma documentação tão simples, — ao menos do jeito que a Ella explicou — fosse ser tão demorada e complexa.
 
      Segundo minha doce companhia, fiquei aliviado por não precisar de um agendamento, tendo em vista que é um processo que requer tempo.

     Mas para poder me cadastrar no trabalho preciso disso, além claro de uma carteira de motorista e até mesmo em uma consulta médica, não que eu vá precisar dessa última tão cedo.

      A história inventada, é que nasci e cresci na rua, sem qualquer documento que comprove minha existência na terra. Minha digital foi a comprovação dessa história falsa, pois não existe um ser humano com ela em seu computador. Que admito ser um eletrônico muito inovador, nunca vi algo igual antes.

      De uma forma curiosa, me senti bem, quando após 3 horas, enfim conseguimos meu documento com foto.

      Sendo oficialmente um cidadão com nome e sobrenome, partimos para achar uma vaga de trabalho.

       Em menos de três dias, descobri que mesmo se Ella colocar um saco de lixo e sair nadando pelo esgoto vai parecer uma sereia.

       A mulher sabe ser linda.

       Com esse vestido azul rodado um pouco acima do joelho e apertado nos peitos valorizando ainda mais eles, ela parece uma princesa.

      Olho seu rosto de relance e vejo seus olhos determinados procurando no jornal alguma notícia, ela consegue ficar tão concentrada que no meio das suas sobrancelhas se forma uma pequena ruga.

        Tão linda.
 
       Me ajeito no banco de madeira, olhando em volta da praça antes de encarar meu próprio jornal, pois quero ser o mais útil possível. As letras e o idioma desse mundo são idênticos aos que precisei aprender, então não fica difícil.

      Porteiro, padeiro, limpeza, atendente, garçom. São tantas profissões.

       "Precisa-se de atendente para a floricultura central, favor comparecer para entrevista, não é necessária experiência, mas sim conhecimento sobre plantas e personalidade carismática para lidar com público."

      Leio o endereço, abrindo o pequeno mapa de bolso que comprou para mim, quando paramos na banca de revista. Trilho o caminho com a caneta, em busca do jeito mais rápido de chegar lá, sem precisar andar tanto.
     Ou podemos ir de ônibus! Claro, do mesmo jeito que chegamos até aqui! Automóveis incríveis esses.

    — Acho que encontrei algo. — Aviso chamando sua atenção, que estica a cabeça, lendo atentamente o anúncio e logo após solta um sorriso satisfeito.

    — Parece ótimo. Vamos lá?

    — Vamos. Ônibus??
   
    — Gostou deles, né?

    — Tão óbvio assim?

    — Tão claro quanto o dia. — Brinca e ajeita o jornal, o deixando em formato circular. — O ponto é aqui perto.

×

       As ruas são calmas, vejo poucos prédios, muitas casas enfeitadas e crianças indo até a escola. Pelo que me explicou, nem todas as ruas são calmas assim.

     Andar ao seu lado, nessa atmosfera tão tranquila faz com que eu me sinta em paz.

     Assim que saimos do ônibus, seguimos o resto do caminho a pé, com uma guia maravilhosa me expondo até mesmo fatos históricos dessa cidade tão calma e colorida.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora