Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)

Capítulo 81

Bellatrix ON

     A tal conversa ainda não aconteceu.

    Cheguei, tomei um banho e coloquei meu pijama de panda. Não vi o Teb desde que cheguei, deve estar andando em algum canteiro de rosas por aí.

     Não sei o porquê, mas algo parece errado. Não um móvel fora do lugar ou um cheiro estranho, e sim comigo.
     Como se estivesse acontecendo alguma coisa, algo que fosse ruim, sufocante, mas não comigo. Não sei explicar, é confuso.
      Posso resumir com duas palavras, que tem o mesmo sentido juntas: Pressentimento ruim.

      Mas não é algo que vai acontecer, ou já aconteceu. E sim que está acontecendo.

     Desço as escadas e encontro a sala vazia. Solto um suspiro e sento no sofá, de frente pra televisão.

     Pego o controle e ligo em um canal de vídeo clipes musicais. Não quero ver o noticiário ou os programas de fofoca.

     Na tela aparece um grupo coreano, um deles - E bem lindo por sinal - parece gostar de fogo. Na verdade o clipe todo gira em torno disso.
     Solto um riso quando mostra todos eles dançando ao lado de um fogão.

    A coreografia é perfeita, dançando em uma sincronia doida, conseguem fisgar minha atenção até o final. Quando acaba,volto a realidade.

     Levanto e abro a bacia grande de bolo, corto um pedaço e coloco em um prato redondo e branco. Não passou despercebido o tamanho que o bolo está, parece que os três já comeram também.

      Volto pro sofá e me preparo pra isso.

      Não garanto que essa prova vai ser boa, afinal, faltou fermento. Mas sei o que vou encontrar ao lembrar de como foi feito. Um nome apenas.

     Betel.

      Como ele pode ser tão bom pra mim? Mesmo tendo me feito chorar, uma completa desilusão amorosa, ainda insisto em me iludir com situações boas ao seu lado. Sou trouxa?

      Pego a colher, enfio na massa e começo a levar até a boca.

       É doce, não muito ao ponto de ser enjoativo, ou pouco para ser considerado sem gosto. A massa parece grudar mais do que o normal no céu da boca, assim como me assusto com os pedaços. Até me lembrar da barra de chocolate.

     Continuo comendo até acabar. Não ficou ruim.

      Levo até o prato até a pia e lavo tudo.

    Onde diabos eles estão? Ouvi um som de chuveiro quando vinha pra sala, mas e os outros dois?

      Me jogo no sofá, deitando a cabeça em uma almofada. Na televisão agora passa um video do maravilhoso tenor Andrea Boccieli, quando cantou ao lado do seu filho Matteo. Uma música linda que mistura o inglês com italiano.

      Na tela aparecem fotos de quando o filho era pequeno, junto do seu pai.

     Em silêncio, Rígel aparece e levanta meus pés para se sentar na ponta do sofá. Apoiando minhas pernas em cima da sua.

    - O assunto que querem falar, tem a ver com Andrômeda?

      Minha pergunta complementa o solo de piano, antes que ouça sua resposta, já voltaram a cantar.

     - Não.

     - Tem haver com o Arthur ou a horta?

     - Na verdade não.