Capítulo 58

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    — Qual?? — Questiona com um rosto triste ao me olhar, já Rígel parece entender o que vou falar.

       De tudo que contamos até agora, esse detalhe será sem sombra de dúvidas o mais inacreditável. Claro, que ter a capacidade de usar os elementos da natureza como defesa e ataque, era até alguns minutos atrás, inimaginável pra ela.
      Mas esse fato agora, pode mudar um pouco a forma como nos vê.
      Se bem que, se não mudou até agora, não acredito que vai ser esse pormenor uma grande catástrofe. Espero.
    
    — É tão ruim assim para que faça essa cara, Betel? — Brinca, mas logo seu sorriso desaparece gradativamente. — Pode falar, depois de tudo que ouvi já estou "anestesiada".

    — Eu não tenho a idade que eu disse.

    — Não tem 25?

    — Não.

    — Não tem problema, muitas pessoa mentem a idade por vaidade ou problemas pessoais, afinal, você nem são da Terra. — Defende gesticulando com as mãos. — Você tem 30, não é? Sempre pareceu mais velho.

    — Não tenho 30.

    — 40?
 
    — Mais.

    — 50?

    — Muito mais. — Saiph intervém rindo, atraindo a atenção dela.

    — Quantos anos você tem, Betel?

    — Tecnicamente, é quase 25, acrescente apenas um zero. — Sugiro sentindo peso em cada quantidade de casas numéricas.

    — Você...você tem...— Murmura colocando a mão sobre a boca. — Impossível.

    — Saiph não tem 27, tem 270...e Rígel, bem... — Deixo no ar ao encará-lo.

    — Eu não tenho 23 anos Ella, eu tenho—

    — 230...? — Supõe com o rosto em um nível de surpresa que nunca vi nela antes. De tudo o que nós contamos, isso parece ter sido o fato que mais a assustou e surpreendeu ao mesmo tempo. — Isso...mas... — Vejo um sorriso começar a aparecer em seus lábios, que desaparece quando vê nos nossos rostos, que não estamos brincando. — Meu Deus...

    — Saiph. — Chamo começando a ficar preocupado com Ella. — Dê mais água pra ela.

    — Não quer abanar um pouco do seu ar? — Retruca e tenho vontade de afundar sua cabeça na privada. Estou a um fio de fazer isso. — Bebe um pouco e respira devagar. — Aconselha ao entregar a garrafa nas mãos trêmulas dela, acredito que despejar tudo dessa forma, a tenha assustado.

    — Mais de... — Sussurra distante. — Vocês tem mais de um século. Vocês...eu só tenho duas décadas, e vocês... — Saiph aproxima a garrafa da boca dela, que encara o plástico como se fosse vindo de outro planeta antes de aceitar. Quando meu irmão disse: Bebe um pouco. Acredito que Bellatrix tenha usado de psicologia reversa.
      Meus olhos se abrem ao vê-la tomar 200 ml de água, em questão de um minuto no máximo.u

    — Não vou nem considerar uma provocação. — Saiph resmunga afastando a garrafa ao ficar vazia, e quando a vira de cabeça pra baixo, cai apenas uma gota. — Que sede, hein.

    — Eu... — Suspira, limpando a água que deslizou no queixo. — Desculpem, mas só vou...eu só vou conseguir...não sei. — Ri fraco, voltando a ficar séria. — Só vou ter noção disso tudo depois de acordar amanhã.

    — Acha que essa conversa é um sonho? — Questiono analisando com cuidado seu rosto, vendo apenas a mais pura confusão e distância. Mesmo ouvindo cada palavra e acenando, Ella está distante de entender o tanto que isso inclui.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora