Capítulo 59

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Saiph ON

        Quatro pessoas em uma sala confortável, um sofá — que mesmo sendo velho — aguentaria o tranco, assim espero. Mas planejo testar em breve. Isso claro, depois de convencer todos eles, e eu garanto que vou conseguir.
      Afinal, posso não gostar dela, mas seu corpo me atrai e muito.
 
      Diferente dos meus dois irmãozinhos, eu não estou e nem irei, me apaixonar por essa humana. Meu desejo por ela é carnal, bastante carnal. Ao olhar em seu corpo, me vem de encontro uma vontade grande de passar a mão, com calma, em cada curva sua.
      Sentir sua respiração ofegante, enquanto lhe aperto junto a mim. Tragar seu cheiro doce, mesclado com o suor perante tanto esforço de cavalgar no meu colo.

        Ao tentar afastar os pensamentos para me concentrar na conversa, — que por sinal se saiu mais cansativa do que eu pensava — algo impede que eu consiga a proeza de deixar para lá o corpo nu dessa mulher. Esse detalhe é seu perfume, que a cada respiração parece me embriagar.

       Me levanto e coloco as mãos no bolso da calça, encostando minhas costas na parede, ao lado da janela na sala.

    — Escolher, — Ouço ele pigarrear antes de voltar a responder. A sala está em total silêncio, mas por algum motivo, não parece que o Rígel vai dizer o que pretende realmente. Algo parece ter mudado. — Escolher se continuaremos a morar aqui, — Completa me fazendo encará-lo, sei que o Betel fez o mesmo. — com você.

    — Como assim, Rígel? — Bellatrix retruca de forma retórica, o divertimento óbvio na sua voz. — Claro que vão, a menos que não queiram mais—

    — Queremos! — Garante rápido parecendo um pouco ansioso. Para onde diabos foi a declaração de príncipe desse demônio?? — É que, bem, somos uma ameaça à sua segurança, se você se sentir melhor, contratamos seguranças e nos mudamos—

    — Não. — Interrompo e acabo dizendo junto com a Bellatrix. — O melhor para a segurança da Bellatrix, é estarmos ao seu lado. — Concluo sério cruzando os braços.
      Não sou louco para deixá-la sozinha, logo depois de ouvir aquela atendente maluca.

    Uma vadia envenenadora.

     Não sei se essa palavra existe ou não, mas em meu pensamento acabou de ser fincada. Se aquela mulher se aproximar da Bellatrix, nem que seja para respirar o mesmo ar, eu faço questão — pessoalmente — de fazer com que seja o último oxigênio, que irá exalar naqueles pulmões podres.

    — Rígel, vocês se tornaram pessoas importantes demais na minha vida, sendo humana ou não, eu vou fazer o que puder para ajudar vocês. E aproveitar ao máximo a companhia de cada um, por mais narcisista que seja. — Profere a última parte virando um pouco a cabeça para me encarar. O que é nítido um disparate, mas não me dá tempo de retrucar para me defender, pois ela continua a falar, voltando o rosto para encará-lo. — Eu vou ficar com vocês, e não quero nenhum dos três se afastando.

       Se em uma semana e alguns dias, essa mulher, de verdade me considerar tanto assim, já pode ser doadora de órgãos. Pois o coração é grande.

    — Eu sei que ama nossos corpos por inteiros, mas não precisa se sacrificar, Srta. Murphy. — Exponho minha opinião sincera e vejo um sorriso nascer no seu rosto, é inevitável mas acabo sorrindo junto. Maldição.
  
      Essa mulher, por incrível que pareça tem o poder, o grande poder, de me fazer querer sorrir quando vejo o seu sorriso. Me sinto um espelho, imitando seu ato de forma natural. No começo fiquei irritado comigo mesmo, mas depois percebi que não à motivos para tanto. Afinal, não faz mal sorrir.
    Pelo contrário, me faz muito bem.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora