Capítulo 80

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       A vida é curta demais para comer só uma fatia.

     Essa foi a frase que todos nós incorporamos para esse pequeno rodízio comemorativo.
      No final, Arthur amou cada sabor, fiquei preocupada com sua saúde já que fez uma mistura arriscada de doce com salgado e muito refrigerante.
     Mas deu pra ver sua alegria, seus comentários renderam boas risadas, principalmente do Saiph.
    
    Depois do meu sermão, o loiro passou a ser menos sarcástico com o pequeno, afinal, é só uma criança. Não é possível Arthur ser um Rei ditador, frio e cruel. Só esse pensamento já me faz rir.
      
     Esse foi um dos finais de tarde mais calmos que já desfrutei ao lado deles. Todo juntos. Por um momento, parei de comer e os observei.

     O jeito carinhoso do Rígel com o Arthur, explicando que deve tomar cuidado com azeitonas com caroço. Betel abrindo a lata de refrigerante, já que o garoto não conseguia.
     Até mesmo o Saiph, que gentilmente tirou uma fatia de pizza para o suposto Rei do Cruzeiro do Sul.

     Todos esses atos não passaram despercebidos pelos meus olhos, é perceptível que fizeram isso sem maldade nenhuma, mas garanto que significou muito para o pequeno.

     Quando tudo foi levado, ninguém aguentou sobremesa, nem mesmo eu. Ficamos sentados conversando, ouvi com atenção a história detalhada de como Rígel conheceu sua secretária. Que diferente da Vanessa, não se oferece pra ele. Um alivio.

    Antes de ir embora, coloquei outra música, um ritmo animado e dançante. A mesma que o Saiph colocou quando trouxe ele da primeira vez.
     Puxei Arthur e começamos a dançar de forma desengonçada e sem ritmo nenhum. Ignorei os olhares dos três homens no meu corpo, enquanto eu mexia minha bunda sedentária.

×

    - Acho que alguém aqui dormiu. - Betel avisa e viro minha cabeça para olhar o banco de trás. No meio dele e do Saiph, repousa um Arthur adormecido.

    - Acho que não vai caber um bolo dentro dele. - O loiro murmura e parecendo responder, Thur deita a cabeça em seu braço. - Ele vai babar em mim.

    - Não vai não. - Tranquilizo segurando a risada.

    - Olha só, começou a abrir a boca. - Betel provoca.

    - Acho melhor passar em casa, cortar um pedaço do bolo e colocar em um pote. Assim ele come de noite. - Rígel sugere parando no sinal vermelho. - O que acha, Ella?
  
    - Contanto que a tia dele não nos denuncie por tentativa de envenenamento. - O mais velho murmura, seu tom de voz é baixo, para não acordar o montinho de gente cansado.

    - Você vai ver quem eu vou envenenar. - Betel ameaça com o mesmo volume de voz.

    - Estou morrendo de medo do meu irmão, nossa, mal consigo me mexer pra correr.

    - Acho uma boa ideia, Rígel. - Concordo ignorando as provocações do cão e do gato no banco de trás.

      Assim que o carro para na frente de casa, desço e vou pegar tudo. Não vejo Teb pela sala ou cozinha, deve estar no canteiro de rosas ou andando pela vizinhança, tenho certeza que ele deve conhecer cada esquina de Dublin a essa altura.

      Abro o forno, talvez eu esperasse que fosse acontecer algum milagre; chegar em casa e ver essa fôrma cheia de um bolo fofinho e grande de chocolate.

     Mas a realidade é outra, a massa está bem escura dos lados, e tem uma cratera no meio, como se tivesse sido amassada. Fermento. De tudo esqueci do ingrediente que vai em menor quantidade comparado aos outros.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora