Capítulo 16

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        Fico parada igual uma idiota com a mão em cima da cabeça do ser monstruosamente...fofo?

    — Betel, me diz que isso tudo é um jogo que você está fazendo comigo por favor. — Peço rindo de desespero. Impossível.

      Vejo o moreno passar a mão na cabeça mais uma vez e dizer o que eu não queria ouvir. Não mesmo.

    — Não Ella, não é.

    — Impossível.

    — Na verdade—
  
    — Não tem nenhuma chance de eu estar em uma alucinação?

    — Ella?

    — O que?

    — Eu não vendo ou uso drogas.

    — Tem certeza? — Insisto me agarrando a última esperança, na qual meu novo amigo é na realidade um fabricante de uma pílula ultra-forte. — Digo, nada contra, mas seus pulmões vão queimar e com o tempo—

    — Não, não. — Suspira. — Sem drogas, e isso é real.

    — Me belisca.

    — Como?

    — Isso. Com a dor vou acordar, se eu não acordar—

    — É a realidade. — Ri. — Boa lógica.

       Como se entendesse a pretensão por trás da aproximação do Betel, ouço novamente o rugido do animal medonho e fofo.

    — Calma, ele é meu amigo e não vai me machucar. — Acalmo passando a mão no seu focinho, vendo ele voltar a se animar. — Eu estou tranquilizando ele, Betel. E agora?

    — Não... — Suspira fixo o olhar em seu rosto, procurando algum sinal de brincadeira, mas ele está sério, muito sério. — Não sei. Mas está indo bem.

    — Pelo que você explicou, então o...o dono dele...morreu?

    — Sim.

    — Quem era?

    — Não tem como a gente saber. — Suspira, deixando nítido, que assim como eu, também está cansado. — E respondendo a uma pergunta que você não fez, mas provavelmente faça, a resposta é; não tem como mudar a escolha dele, ou mandá-lo de volta, a não ser que seja diferente para humanos.

    — E é?

    — Não sei, você é a primeira humana que consegue um auxiliar. — Afirma arrancando fora a esperança que eu nutri. — Preciso de um remédio pra dor.

    — Não tenho dúvidas, você voou alto, parecia uma galinha quando tenta dar uma de pombo.

    — Estou bem Ella, obrigado por perguntar. — Ironiza rindo.

    — Por nada. — Me viro para o animal, deixando um dedo levantado. — Não mate ninguém, ouviu bem? — Minha pose de durona se quebra em um sobressalto quando ouço seu uivo. — Certo, foi um sim.

    — Como sabe?

    — Ele é meu auxiliar. — Dou de ombros, exalando uma áurea de segurança mais falsa que os brincos de ouro em lojas virtuais. No fim, você fica sem seu dinheiro e recebe apenas um circulo de ferro. — Quer remédio? Se continuar esfregando sua testa assim vai alcançar o cérebro.

    — Dá última vez que olhei não vi nenhum no armário.

    — Comprei mais semana passada. — Me afasto do animal, tentando...ignorar sua presença. Beira o impossível, porém, não custa tentar.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora