Capítulo 18

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Rígel ON


        Se ela fosse o Sol e estivesse chorando, eu abraçaria mesmo que por alguns milésimos de segundos.
   
       Sol? Abraçar?

      O que essa mulher está fazendo comigo?

       Vê-la chorando, sentir suas lágrimas sob os meus dedos, e ter o desprazer de fitar olhos tão tristes...não consigo colocar em palavras o quão mal me fez.

       A vontade que tive — e ainda tenho ao abraçar seu corpo — é de acabar com toda sua dor.
       A imagem do seu rosto daquele jeito, me deixa a sensação cortante de querer apertá-la em meus braços e não soltar mais.
    
      Mas me contenho.

      Me afasto dessa verdadeira dama, antes que eu acabe sendo precipitado. Não quero que ela pense que estou me aproveitando do seu momento de tristeza. Eu nunca faria isso, mesmo se fosse outra mulher na minha frente, não importando a sensação. Não sou um animal sem controle.

       Beijo seus olhos molhados e encosto minha testa na sua, ignorando o lado incoerente do meu cérebro, que incita meus lábios a beijar outra parte do seu rosto.
        Agradeço por ser centrado, assim que Ella abre seus grandes olhos pretos, e me encara. O branco agora aparenta estar avermelhado, mesmo com a pouca luz.

      Ela é o perigo em pessoa, ao mesmo tempo que eu quero cuidar dela, quero beijar sua boca até ficar sem fôlego, não chamo isso de troca justa e sim de vontade insana.

       Respiro devagar e encaro seus olhos de volta, fico pensando no que se passa na cabeça dela agora. Quer se afastar de mim? Ou está melhor comigo ao seu lado?

      Entretanto, todas as perguntas que tenho são respondidas, mas não com palavras, costumo pensar que o corpo é um livro aberto. E o dela, de fato se assemelha a um dicionário.

      Sinto sua respiração acelerar aos poucos, não sou burro, na realidade me considero muito perceptivo, às vezes até demais.
       Me sinto honrado, por despertar o que ela está deixando óbvio.

       Me afasto e seguro sua mão, levando até os lábios.

    — Aceita uma carona na minha carruagem amarela, que não é minha? — Proponho sorridente me referindo ao táxi.

    — Aceito. — Noto seus lábios se puxando para o canto. Quase imperceptível.

       Não solto sua mão e ela parece não se incomodar, abro a porta deixando que entre primeiro e vou logo depois.

      Sento ao seu lado com nossas mãos entrelaçadas. Ella diz o endereço para o motorista e de forma tímida sua cabeça repousa no meu ombro. A sensação dos seus cachos macios roçando no meu pescoço não me irrita, ou causa incômodo, muito pelo contrário. 

       Não falamos tanto o caminho todo, mas me comunico com meu dedo fazendo carinho na sua mão, um gesto ritmado, sem pressa alguma.

    — Por que você estava ali? — Sua voz falha corta o silêncio confortável que se instalou no veículo. Olho pela janela vendo a paisagem passar rápido, sem esquecer o calor do seu corpo tão perto do meu. Impossível ignorar isso.

    — Fui embora, mas senti que precisava saber se ia ficar tudo bem depois da conversa, algo me disse que não iria.

    — Você acertou, mas não vai lhe atrapalhar? — Sua cabeça se inclina pra cima e no automático abaixo a minha. — É madrugada.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora