Capítulo 110

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Saiph ON

     O que é melhor depois de um dia comandando um bando de soldados novatos, do que ir à uma taberna cheirando a tabaco, suor e muito álcool, com mulheres aos montes dispostas a terem uma noite quente sem barreiras no sexo?
  
     Apostaria meu pai, se claro ainda estivesse vivo, que o antigo Saiph diria que não, não há nada melhor que isso, e quem discordar é um filho da mãe fraco. Mas enquanto houver a porra do amor circulando nesse universo devidamente fodido e esquecido pelos Deuses, as pessoas estão dispostas, com ou sem premeditação, a mudar de opinião.

       É exatamente isso que penso ao colocar o último prato lavado no escorredor. De uma espada banhada em sangue, agora firme em meus dedos tem um pano de prato com o desenho de uma galinha azul. Seria um daltônico o dono dessa arte? É algo conceitual.

       Seco a água das mãos nesse pedaço de pano questionável, tirando-o do meu ombro para jogar no meu irmão, - assim que o mesmo adentra a cozinha - que chega a ser mais irracional que essa galinha estranha e sorridente.

    - Lavou direito? - Pergunta sarcástico, começando a secar primeiro os talheres. Quem diabos começa por isso? É mais fácil pelos pratos, assim coloca o resto que for secando dentro deles, e por fim guarda tudo no armário. Economiza tempo e paciência.

    - Ficaria melhor se usasse sua língua. - Solto distraído a primeira coisa que me vem na cabeça. Quando encaro Betel é sempre assim, nunca mudou essa reação de ambas as partes, é impossível ver esse idiota e não querer provocá-lo. - O Rígel foi tomar banho?

    - Não, foi com a Ella ficar um pouco na varanda. Depois de comer faz mal entrar debaixo d'água. - Explica sem me olhar. - Aposto que ficaria, já que perto da sua língua, um esgoto é mais limpo.

     Demoro a associar suas palvras, tamanha a minha distração comigo mesmo, mas quando entendo solto um riso fraco.

    - Tirou as fotos?

    - Claro. - Afirma e posso ver sua bochecha se projetando ao sorrir. - Ella estava linda naquele vestido.

     - Bellatrix é maravilhosa de qualquer jeito, principalmente nua. - Comento e me apoio na bancada, fitando a janela em cima da pia. - Já mandou revelar?

    - Enviei por e-mail pra gráfica. - Ri. - Estevan estava quase cortando sua cabeça com os olhos.

    - Eu senti! Aquele homem é um bárbaro. - Ralho indignado. Onde já se viu o tio tratar assim o namorado da própria sobrinha??

       Mas nada tira a felicidade que estou sentindo.

      Comecei a preparar tudo desde que acordei e quase esganei aquele médico. Pois me veio uma estonteante fulgura na imaginação ao sair do quarto de hospital, no qual Bellatrix estava na UTI. Então me distrai arrumando aquela surpresa.

      Planejei cada detalhe, Betel me ajudou com as rosas, já que trabalha em uma rede de floriculturas. E Rígel...bom, Rígel foi o Rígel, exercendo um poder moral incomparável.
 
     No fim, Betel ficou responsável pelas fotos. As raposas surgiram, não raclamo da Rot, mas a branquela frígida se comparou à um maldito alarme de carro, assim que me aproximei com a Bellatrix. Não parou de gritar animada.

      Tanto Arthur quanto Rígel, ficaram rindo da situação. Tenho que admitir que os dois se parecem em pequenos e sutis detalhes, mas aquele pirralho nunca chegará aos pés dele.
    Admito que fiquei orgulhoso do seu ato em salvar Estevan, por esse motivo vou fazer o máximo que posso para conviver bem com o capetinha.

    Afinal, ele é o novo filho da minha namorada. Posso bancar o padrasto mal, ou o pai postiço que vive grudado, enchendo de mimos até no cu da criança, assim ganhando a confiança da mãe.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora