Capítulo 88

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    - Vocês não sabem o que é culinária, o único que salva é o Rígel. - Estevan resmunga após comer um pouco da macarronada, feita por ele, Rígel e com a ajuda de Ella. - Nem você salva Bella, a carne seria transformada em água se você continuasse batendo.

    - Amaciando. - A sobrinha corrige pomposa.

     Após o encontro e a descoberta emocionada dos dois, eu e meus irmãos resolvemos deixar Ella a sós com o tio e as primas. Só após 1 hora, Rot veio bater na porta do meu quarto, chamando Rígel, pois segundo a Ella, ele é um cozinheiro de mão cheia. Não discordo.

     Por que meu quarto? Meus irmãos tem uma necessidade grande, chamada carência. Saiph se esticou na minha cama, como se fosse o dono, e começou a teclar naquele notebook, com o som ecoando no silêncio, aumentando minha vontade de atirá-lo pela janela, mas não disse quem.

    Já Rígel, se manteve preso no livro brasileiro, que segundo ele, foi recomendação da Ella. Dom casmurro.
     Sua presença nunca é um problema, pelo contrário, é uma benção, um anjo para me trazer luz em meio ao demônio intitulado Saiph Nieven, que quando não estava fazendo barulho. Se colocava a reclamar.

    Em certo ponto, cogitei se enforcá-lo seria um ato nobre ou um crime. Mas quando encarava o Buda - apelido dado por Ella para meu irmãozinho - minha paz era retomada. Afinal, ele ficaria triste sem o filha da mãe.

     Talvez eu realmente esteja um pouco estressado.

    - Betel? - Rígel chama, encaro seu rosto, por incrível que pareça, só percebi agora que acabei de comer. - Você ficou quieto desde que veio pra cozinha, tudo bem?

     - O silêncio é pela boca cheia de comida. - Blon murmura levantando outra garfada, sugando e melecando os cantos da boca. Por que quando é a Ella, minha vontade é de lamber? Vendo sua prima assim, me faz querer voltar a fitar meu prato vazio. - Comida muta nuca é demaix.

    - Coma primeiro, depois fale Blon. - Rot adverte.

    - Também percebi isso, desde que chegou da delegacia, não andou falando muito. - Ella comenta. Fito seus olhos, o cabelo preso em um rabo de cavalo, deixando alguns cachos sobre a testa. Seus lábios sem batom recebem uma cor natural devido ao molho, que logo some, assim que passa a língua. - Betel? - Chama novamente.

    - Tudo. - Passo uma mão no rosto. Levanto e pego o prato, rumando até a pia. - Tudo bem. Mas preciso conversar algo importante, comam primeiro. - Completo e lavo meu prato em silêncio.

    - Só falta a Blon, essa esfomeada. - Ouço Saiph provocar.

    - E você então? Hein? Repetiu mais que eu! - Rebate a loira com ar de orgulho. - Eu preciso comer por dois.

    - Por dois?? - Ella repete surpresa.

    - Este grávida e eu não estou sabendo? - Estevan questiona com o tom de voz paternal.

    - Prenha. - Saiph corrige. - Animais ficam prenhos. Não é raposa?

    - Vai se- Antes de completar, me viro e consigo notar o olhar de advertência do seu tio. - Vai se informar melhor. Eu como por minha raposa e eu. Preciso mantê-la forte.

      Sorrio com esse dialogo e saio da cozinha em silêncio, subo as escadas e entro no banheiro.

     Pego a escova, aperto o tubo azulado da pasta de dente e me concentro nisso. Escovar os dentes, encarando meu reflexo no espelho. É, talvez eu esteja um pouco velho e rabugento. A algumas semanas, quem levava esse título era o Saiph.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora