Capítulo 15

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       Nas minhas costas a porta fecha com força.

    — Cuidado. — Mesmo em um sussurro, reconheceria em qualquer lugar a voz dele. — Boa noite, Ella.

    — Cuidado com o quê Betel??

    — Calma, eu posso explicar.

    — Por que as luzes não acendem?? E por que diabos estamos falando baixo?? — Pergunto tudo rápido, no mesmo tom de voz que ele usou, tentando não me distrair com a sensação das suas mãos na minha cintura.

    — Bem, não acendem pois acho que eu dei algum curto nelas.

    — Você deu um...?!

    — Calma, se a gente falar muito alto ele vai ouvir, e eu ainda não sei como mandá-lo de volta.

    — Curto?!! — Repito um pouco alto, sentindo a mão dele na minha boca logo em seguida. Como vou ficar sem luz?! Sem internet?!

     — Não grita, Ella. — Suspira. — Depois eu cuido disso, vou arrumar as fiações, prometo. Se eu tirar a mão, você tenta não gritar? — Semicerro os olhos com sua audácia, mas deixo um aceno controlado com a cabeça. — Certo.

      Betel pega a vela da minha mão olhando a cera com atenção, pelo pouco que posso ver da luz que vem da janela, seus olhos passam preocupação. Mas com o quê??

    — Não tenho isqueiro comigo. — Aviso com a voz abafada nos seus dedos. Bem, vou tentar recapitular tudo até aqui, quem sabe assim eu não recupere um pouco da minha postura centrada.
     Trabalho, velhinho mal educado pegando fogo, ser puxada como uma criminosa, para o quarto de um dos motivos dos meus sonho mais...quentes.
    O que é bom, afinal, é julho.

    — Tudo bem, a luz da lua está forte hoje.

      Com uma mão, tiro a sua da minha boca e me aproximo dele.

       Segundo uma frase usada pelo meu amigo Kenn, e se o diabo de fato existir, e lá fosse fogo por toda parte, chamaria agora o Betel de rascunho do capeta.
      Seu cabelo antes banhado em gel, agora está arrepiado e o rosto parece sujo de carvão em muitas partes.

    — Rolou em alguma churrasqueira?

    — O que?

    — Betel, o que houve com você?

    — Foi... — Pigarreia, alongando ainda mais minha ansiedade. — na explosão.

    — Na...na explosão?!

    — Baixo, baixo! — Pede em um sussurro forte.

    — Que explosão?? — Repito no mesmo tom que ele, deixando a coerência de lado.

    — Não foi bem uma explosão...só um pequeno acidente técnico.

    — Técnico de quê?? Betel...você está...? — Meus olhos devem estar mais abertos que minha boca.

    — Estou...?

    — Você está?!

    — Estou o quê??

    — Fabricando drogas! Meu Deus, foi por isso aqueles equipamentos todos? O interesse pelas minhas ervinhas??

     — Ella—

    — São medicinais, Betel! — Pondero. — Claro que as ilícitas são de certa forma, mas as minhas não são alucinógenas!

    — Ella eu não estou—

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora