— Rígel?
— Uhm? — Respondo distraído fazendo carinho no seu cabelo. Mesmo que tenham sido poucos segundos com ela aconchegada no meu colo, foi o suficiente para me fazer esquecer os sentimentos ruins. O seu calor, me contagia.
— Que cheiro é esse?
— Cheiro? — Repito me forçando a afastar o nariz dos seu cachos. Viro o rosto para o lado, na intenção de entender o que quer dizer.
— Parece...
— Queimado...? — Completo cheirando o ar. Aos poucos aumenta, mesmo sem fumaça, tenho certeza que algo está pegando fogo. Mas o que pode estar queimando? Eu não deixei nada...merda. — Saiph!
Dou um beijo na sua testa e nos levantamos, passo como um vulto pelo corredor, me culpando por ser tão irresponsável de deixá-lo na cozinha sozinho.
Pois Saiph é tão péssimo quanto o Betel, quando se trata de preparar algo aceitável, que não deixe alguém enclausurado no banheiro pedindo clemência. Exagero? Não quando você os conhece direito.Assim chego no andar de baixo, o cheiro, ou melhor, o fedor, é maior ainda. O pior é a cena.
Saiph está com uma vassoura de palha na mão, completamente em chamas. Ah, não.
— Mas o que...? — Ella para de andar quando vê a cena. Saiph balança a vassoura de um lado para o outro tentando apagar.
— Água, Saiph! — Aviso apressado tirando a panela do fogo, olho a situação do brigadeiro, acho que dá pra salvar um pouco. Mas como diabos ele queimou a porra da vassoura?!
— Isso não cabe na pia! — Justifica parando de balançar a vassoura, e me encara como se nada estivesse acontecendo. — Só deixar queimar até acabar a palha.
— Meu Deus! — Ella solta do outro lado do balcão com uma mão no coração. Sua reação é compreensível, mas o comportamento do meu irmão por mais previsível que seja quando se trata dele, é um completo desastre.
— Olá, Bellatrix, se sente melhor? — Parecendo esquecer que tem a porra de uma vassoura pegando fogo na sua mão, olha pra ela com um olhar fraco de preocupação.
— Saiph, a vassoura! — Ella aponta na direção dele. Sensata.
Vejo Ella pegando a garrafa de água, abrindo e jogando no fogo, mas não ajuda muito, pois acerta o rosto dele. Não desistindo, repete a ação até a garrafa de plástico ficar vazia, com grande parte da água, no rosto dele.
— Seus poderes, Saiph! — Aviso virando os olhos.
— Mas e o tal do: trunfo humano? — Questiona me olhando com uma sobrancelha levantada, mostrando seu sarcasmo no tom de voz.
— Usa logo, Saiph.
— Assumiu que precisamos dos poderes né, maninho? — Retruca despreocupado, me reforçando que deve ter pensado nisso desde o começo, porém, gosta de colocar em prática algumas provas. Ou seja, ao invés de conversar teorias e o que acredita ser o certo, Saiph lhe faz ver na marra.
A única certeza que tenho, é do fogo não ser proposital. Sim, meu irmão é capaz de coisas absurdas em uma cozinha. Ele e Betel são o tormento de qualquer cozinheiro, que se arrisque a tê-los como ajudantes.— Saiph! — Ella grita chamando a atenção dele.
— Já vou, já vou. Rígel, liga a torneira.
Ligo e vejo a água que antes descia reta, fazer uma curva e ir em direção as chamas na vassoura. Se assemelhando muito a uma cobra grande, as ondas de água passeiam por cada fio, quase como um cobertor, e no lugar das chamas vejo subir um pouco de fumaça.
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Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)
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