Capítulo 65

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       O barulho entrou no meu sonho, e quando o pequeno cachorro felpudo foi abrir a boca para latir, saiu um som alto de batida. Tentou de novo, e quanto mais fazia isso, mais o estrondo ficava mais evidente e real.

     Até que acordei. Mas o som continuou.

     Me estico na cama sentindo meu corpo se acordar, pego o celular na cabeceira, tomando cuidado pra não derrubar no chão. 10 horas.

     E mais batidas. Isso me lembra muito um martelo.

     Me espreguiço e sinto o Teb pular na minha barriga. Olho para o meu gato...o que é isso?

     Esse cheiro...

     Pego ele no colo e aproximo meu nariz, sinto o cheiro forte de...chocolate?

    — O que você comeu? — Pergunto colocando ele na cama. Até onde eu sei gatos não podem comer chocolate, ou podem? Espero que por ser um animal de outra dimensão ele tenha mais resistência.

     Coloco os pés no chão e continuo ouvindo as batidas, mas que porra é essa??

     Vou até o banheiro e escovo os dentes, e vejo meu reflexo. Agora sim me sinto descansada.

    Saio e desço as escadas. Não ouço nenhum sinal de alma viva. Olho a cozinha e nada, assim como a sala. Devem ter ido trabalhar.

    Dessa vez o som é de um...caminhão?? Olho pela janela da cozinha e vejo três homens uniformizados no meu quintal.
     Saio pela porta e vou me aproximando aos poucos, no meio deles encontro Betel, com uma prancheta nas mãos. Quando me vê, desce os olhos pelo meu corpo.

    — Bom dia, Ella. Dormiu bem? — Pergunta calmo quando paro na sua frente. — Espero que o barulho não tenha lhe acordado.

    — Mas acordou. — Ralho sentindo o sarcasmo na voz.

    — Seu humor pela manhã é tão belo. — Retruca sem se afetar.

    — Bom dia, Betel. Dormi bem, até ouvir um cachorro latindo marteladas, e você? — Reformulo minha resposta ao cruzar os braços.

    — Com licença...— Um dos homens uniformizados se aproxima parecendo um pouco exitante, já que deve ter ouvido nossa conversa. — falta só o telhado senhor, só essa área?

    — Que ótimo, sim Will, só essa. — Betel confirma animado para o homem, encaro esse diálogo com os olhos semicerrados. Sinto eles cansados ainda, já que acabei de acordar.

    — Sim, senhor. Senhorita. — O homem diz a última parte balançando a cabeça na minha direção, em um cumprimento polido. Retribuo o gesto, vendo ele se afastar.

    — Dormi muito bem, Ella. De noite eu pensei junto com o oxigenado... — Se ele e Saiph fizeram algo juntos, já sinto medo pelo resultado, devido ao bolo de ontem. — se ela não quer parar a construção, devemos respeitá-la, certo?

    — Certo... — Concordo um pouco exitante e surpresa por terem me entendido. Ainda mais juntos.

    — Então ele teve a ideia de contratar alguém para construir por você, mais precisamente uma empresa especializada, ou um marceneiro da região. — Dá de ombros.

    — Betel, eu quero constru—

    — Eu sei, então sugeri diferente. Sabia que você não iria gostar dessa decisão, fui coerente e sugeri outra.

    — Qual? — Em resposta à minha pergunta, ele sai do meu campo de visão, parando ao meu lado. O lugar que eu coloquei a lona cobrindo meu trabalho, está o mesmo, com exceção do telhado que está sendo colocado pelos homens de roupa azul. Já fincaram quatro grandes pedaços de madeira, agora usam escadas para cobrir com telhas...transparentes? — Um telhado?

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora