Capítulo 93

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       Estaria eu dentro do covil da cobra?

     Não duvido disso, assim como não acredito na redenção dessa mulher. Quero acreditar - do fundo do meu coração - que ela realmente mudou, mas tão rápido? Até a uva demora pra fermentar e virar vinho, quem dirá a Sheila, que nunca se dispôs a conversar comigo de verdade.

     Kennedy seria o verdadeiro anjo aqui, e fez um milagre?

     Uma casa grande, dois andares e muro alto de cimento puro, bem pintado, nem um pouco brega como pensei que seria. Sala espaçosa com sofás confortáveis e de cores neutras. O tapete parece feito com algum pelo de gato, de tão macio que é.
     Isso sem falar nos quadros na parede, mulheres de diferentes etnias com pinturas em seus corpos, fotos dignas de algum fotógrafo.

     Tudo nessa casa grita dinheiro e até arte, algo que a Sheila não tem.

    - Pode sentar, amiga. Fica a vontade. - Incentiva ao abrir espaço para que eu sente na poltrona.

    - Casa bonita.

    - Né?? Eu também acho, mas não é minha, um amigo me deixou ficar por um tempo.

    - E o Kennedy? - Olho ao redor mas não ouço nenhuma voz, e não estou nem um pouco interessada em saber da vida dela.

    - Já já ele chega.

    - Você disse que ele estava aqui, até pegou o celular com ele. - Lembro sem dar um passo.

    - Peguei? - Repete e solta um riso baixo. - Ele deve ter saído.

    - O que você tá armando Sheila? - Pergunto direta e cruzo os braços, sem abaixar a cabeça. - Chamou algumas amigas pra dar o troco?

    - Troco de quê? - Sua inocência seria perfeita, se não fosse o desgosto no rosto. Tão falsa quanto a dieta que sempre tento fazer todo começo de ano.
     O que posso fazer se no próximo dia já me empanturro com o que sobrou da ceia?

    - Talvez do que eu fiz na sua boca, deixou ela mais bonita, sabia? - Provoco sem remorso.

    - Cuidado com o que você fala.

    - Onde está o Kennedy, Sheila? - Reforço e dou um passo na sua direção. - É a última vez que vou perguntar, e eu quero uma resposta.

    - Ou o que? - Retruca e ri alto, colocando ambas as mãos na cintura. Há algumas semanas, talvez eu me sentisse intimidada? Não sou mais a mesma.

    - Ou você vai ganhar muito mais que um tapa.

    - Seu namoradinho não tá aqui pra me segurar não!

    - Melhor pra mim. - Mantenho a voz calma, não vou descer no nível dela. Já fiz isso aquele dia no Pub, aprendi a lição. Com gente assim, a melhor opção é não entrar nesse joguinho. - Assim eu posso quebrar sua cara sem impedimento. Vai dizer ou não?

    - Acha mesmo que ele tá aqui? Acha mesmo, - Para e solta um riso alto, batento palmas. Devo ter sangue italiano, não é possível, minha vontade é de voar no seu pescoço. - parabéns garota! Prêmio inocência!

    - O que-

    - Roubo, querida! - Ralha e pega o aparelho do bolso, balançando na minha frente antes de jogar no sofá. Capa do Harry Stiles, sim, é do Kenn. - Peguei o celular dele. Vocês acham que eu não observo vocês? Senha óbvia! Só Larry?? Parece um adolescente.

      O mais importante eu sei. Ele está bem.

    - Agora você me tem aqui, o que quer?

    - Não é o que eu quero. - Sua atitude muda. Como jogar truco com alguém que deixa óbvio estar com cartas boas. - É o que ele quer.

Cinturão de Órion (COMPLETO/REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora